Crise 2007-2008, Mercados Financeiros

D-ECO: Shadow Banking

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“O que é o Shadow Banking?

De acordo com o Financial Stability Board (FSB) – órgão internacional que monitora o sistema financeiro global – “Shadow Banking” (SB) é definido como um sistema de intermediação de crédito que envolve atividades e entidades fora do sistema bancário tradicional, que realizam operações bancárias sem estarem sujeitas às mesmas regulações dos bancos comerciais, como um sistema bancário paralelo.

O termo foi utilizado pela primeira vez pelo economista e ex-diretor da PIMCO, Paul McCulley, no ano de 2007. O surgimento do SB é atribuído: tanto à relativa falta de canais de financiamento para pequenas e médias empresas – que passaram a buscar alternativas em intermediadoras de créditos não sujeitas às rigorosas regulamentações – quanto à busca por parte dos bancos comerciais por atividades com retornos mais elevados.

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legenda: “O surgimento do shadow banking”,

fonte: Google Imagens]

Se por um lado, essas entidades aumentam a eficiência do sistema financeiro –  complementando e concorrendo com o sistema bancário tradicional, ampliando a oferta de crédito e provendo fontes alternativas de investimentos – por outro lado, aumentam o risco sistêmico, uma vez que não estão sujeitas aos mecanismos de regulação e supervisão, como: normas específicas, operações de redesconto, seguros de depósitos e linhas de empréstimos com os bancos centrais.

Desse modo, tornam-se muito vulneráveis, tanto em relação a uma “corrida dos bancos”, quanto a desequilíbrios patrimoniais, deixando o mercado sujeito a crises como a de 07/08.

 

O Shadow Banking no Brasil

De acordo com o Relatório de Estabilidade Financeira, publicado em 2015 pelo Banco Central do Brasil, no caso brasileiro, fazem parte do sistema de SB, entidades como: fundos de investimentos, veículos estruturados ou estruturas de securitização (fundos de investimento em direitos creditórios (FIDC), certificados de recebíveis imobiliários (CRI), certificados de recebíveis do agronegócio (CRA)), fundos de investimento imobiliário (FII), intermediários de mercado e companhias financeiras.

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legenda: “Crescimento: Shadow Banking vs Sistema Bancário Tradicional”,

fonte: Relatório de Estabilidade 2015, BCB

 E em relação ao sistema norte-americano, ainda são somados: as agências quase públicas (Fannie Mae e Freddie Mac), os bancos regionais de crédito hipotecário (sem acesso às políticas de redesconto), as seguradoras e os fundos de pensão.

Veja na tabela a seguir a estimativa ampla da participação das entidades que compunham o sistema de SB brasileiro:

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legenda: “O tamanho do SB Brasileiro”,

fonte: Relatório de Estabilidade 2015, BCB

O Shadow Banking na Crise

No mercado americano, indivíduos estavam pegando empréstimos com instituições do sistema bancário paralelo, e dando seus imóveis como garantia; sendo assim, o valor dos empréstimos a receber no ativo do banco que emprestou o recurso, estava diretamente ligado ao valor dos imóveis-garantia.

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legenda: “Ativos baseados em hipotecas”

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legenda: “Total de ativos relacionados a hipotecas nos EUA, por tipo de instituição financeira”

Quando ocorreu o crash no mercado imobiliário, os bancos perceberam que os valores dos imóveis hipotecados estavam abaixo dos valores devidos às instituições financeiras, fato que levou muitos agentes à inadimplência.

Enquanto o valor dos ativos dos agentes do sistema bancário paralelo começou a reduzir, e seus passivos a aumentar (devido às taxas pós-fixadas nos empréstimos), houve redução do Patrimônio Líquido dessas entidades, tornando as suas obrigações insustentáveis e as instituições ilíquidas, devido à falta de acesso às linhas de crédito especial do banco central.

Devido ao pânico financeiro, o risco de seleção adversa e o risco moral aumentaram, reduzindo o nível de empréstimos que os bancos comerciais realizaram, e consequentemente, reduzindo o crescimento da atividade econômica.

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legenda: “Novas emissões de valores mobiliários garantidos por ativos, nos três meses anteriores”

Para prevenir crises como essa, foram criadas um conjunto de medidas pelo Fórum de Estabilidade Financeira em 2010, conhecidas como Acordo de Basiléia III, visando aumentar a solidez do sistema financeiro através de:

  • Aumento das reservas de capital dos bancos ponderadas pelo risco
  • Novas regras sobre o grau de alavancagem
  • Novos Sistemas de monitoramento e gestão de riscos
  • Novos instrumentos de governança corporativa” 

 

Referências

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-33002008000300002

http://www.bcb.gov.br/htms/estabilidade/2015_03/refC6P_1.pdf

https://www.febraban.org.br/7Rof7SWg6qmyvwJcFwF7I0aSDf9jyV/sitefebraban/Auditorio%202%2030.09%20%2011%2030%20%20Shadow%20Banking%20-%20Rodrigo%20Lara%20Pinto%20Coelho%20-%20ok%20site.pdf

http://www.bis.org/ifc/events/6ifcconf/jacksonmatilainen.pdf

http://www.imf.org/external/pubs/ft/fandd/2013/06/basics.htm

http://www.imf.org/external/pubs/ft/wp/2014/wp1410.pdf

http://www.fsb.org/wp-content/uploads/global-shadow-banking-monitoring-report-2015.pdf

https://www.pimco.com/insights/economic-and-market-commentary/global-central-bank-focus/the-shadow-banking-system-and-hyman-minskys-economic-journey

https://www.newyorkfed.org/medialibrary/media/research/epr/95v01n2/9507edwa.pdf

 

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42 comentários em “D-ECO: Shadow Banking”

  1. O sistema shadow banking americano tem como principal característica o fato de que as instituições desse sistema não estarem sujeitas ao mesmo sistema regulatório ao qual estão os bancos tradicionais americanos. Após a crise de 2008 houve uma retração desse gigantesco “sistema financeiro paralelo”, uma vez houve o desaparecimento dos cinco maiores bancos de investimento de Wall Street (Bear Sterns, Lehman Brothers, Merril Lynch, Goldman Sachs, Morgan Stanley), a falência de diversos bancos hipotecários, de fundos de investimentos, de hedge funds, e de private equities, ou seja, houve um enfraquecimento desse sistema.

    Fonte: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-33002008000300002

    1. Após as consequências da crise e as falências dos bancos citados pelo Wenderson (bancos que eram considerados “too big to fail” ou “grande demais para quebrar”) percebeu-se que era necessária uma melhoria na regulamentação bancária (inclusive o shadow banking) a fim de evitar novos colapsos no sistema financeiro. Tais melhorias então foram propostas na Lei Dodd-Frank, hoje ainda em processo de implementação.
      Ainda assim como citado no artigo “OS BANCOS TOO BIG TO FAIL NOS ESTADOS UNIDOS E A NOVA REGULAÇÃO: UMA CRÍTICA A PARTIR DE MINSKY” (o foco do artigo não é o shadow banking ainda assim acredito que é possível obter algum embasamento teórico a respeito da nova regulação) , apesar da gravidade da crise não houve uma nova regulação baseada numa perspectiva teórica radicalmente diferente da então vigente, que buscasse uma efetiva reestruturação do sistema, sendo que com o passar o tempo e a recuperação do desempenho das grandes holdings bancárias a pressão política para que houvesse uma reforma mais radical foi enfraquecendo.

      Fonte: https://www.anpec.org.br/encontro/2015/submissao/files_I/i7-b3dae5a8e944e152d675164d76ec427c.pdf

  2. O sistema Shadow Bank, é menos regulado porque ele não aceita depósitos bancários tradicionais e acaba atraindo agentes com maiores riscos de default. Instituições menos reguladas, como visto no capítulo 8 do Mishkin, podem contribuir para aumentar a seleção adversa o que em graus avançados diminuem o nível de atividade econômica.

    Na crise de 2007-08, uma má administração de inovação financeira fez com que essas pessoas com maiores riscos conseguissem ter acesso ao crédito hipotecário. Isso fez com que a demanda por imóveis subisse e por consequência seus preços. Os preços dos ativos começaram a se desviar muito do seu valor intrínseco gerando uma bolha nos preços das casas nos EUA. O resultado dessa bolha foi, em resumo, um aumento da seleção adversa e risco moral gerando uma queda severa da atividade economia norte-americana que acabou afetando o restante do mundo.

    Mesmo com a crise de 2007, o sistema Shadow Bank tem crescido significativamente. Sua atividade gira em torno da criação de empréstimos com garantias e acordos de recompra utilizados para empréstimos de curto prazo entre instituições não-bancárias e corretoras. O Federal Reserve Board propôs que instituições não-bancárias, como corretoras de valores, operem sob exigências similares às dos bancos, o que é completamente plausível pois esse sistema menos regulado aumenta o risco de uma nova crise.

  3. O Shadow Banking System inclui todos os agentes envolvidos em empréstimos alavancados que não têm (ou não tinham, pela norma vigente antes da eclosão da crise) acesso aos seguros de depósitos, às operações de redesconto, às linhas de empréstimo de última instância dos Bancos Centrais e tampouco estão sujeitos às normas prudenciais dos Acordos de Basiléia.
    A partir de 1988, a Bank of International Settlements (BIS), que atua como banco central dos bancos centrais de diversos países, devido a crescente globalização das finanças decidiu coordenar a uniformização de procedimentos de segurança, com isso, por meio de um acordo (Basileia 1) passou a exigir dos bacos um valor de capital mínimo sobre o volume de seus ativos como uma maneira de proteger os depositantes e evitar quebras. No entanto, argumentou-se não faria sentido exigências uniformes de capital para ativos de qualidade diferente. Em 2001, foi coordenado um novo acordo, o Basileia 2, que passou a levar em conta diferenças de risco de crédito, risco operacional e os preços de mercado.
    Porém a crise de 2008, trouxe incerteza sobre títulos classificados como praticamente sem risco e sobre a solidez dos bancos que de repente se viram na bancarrota. O pânico se generalizou, depositantes começaram a sacar seus recursos e os bancos deixaram de confiar uns nos outros. Logo se viu que a segurança bancária é refém do nível de liquidez nos mercados. Sendo necessária a definição de um novo conjunto de normas de segurança em 2010, (Basileia 3) que contém quatro pilares. A definição de capital exigido passa a ser mais rigorosa; a previsão da acumulação pelas instituições financeiras de reservas adicionais, denominadas capital de conservação e capital contracíclico; a instituição de dois índices de disponibilidades: um de curto prazo e outro de longo prazo; e a criação de um índice de alavancagem em relação ao capital principal da instituição. Tudo isso implica a necessidade de se manter uma carteira com alta qualidade de ativos líquidos, o que aumenta os custos de oportunidade e reduz os retornos dos bancos, outro efeito é a maior competição por depósitos e maior custo de captação de recursos. A principal consequência para o cliente do banco é uma possível redução da oferta de crédito, porque terão que reter capital de qualidade, então a tendência é de que os bancos se concentrem nos financiamentos de menor risco.
    http://economia.estadao.com.br/noticias/geral,entenda-basileia-1-2-e-3-imp-,1065224

  4. No relatório de estabilidade trazido pelo grupo, o Banco Central faz uma distinção entre “Shadow banking amplo”, que foram os dados expostos pelo grupo e o “shadow banking estrito” que corresponde a R$328 bilhões, cerca de 6,7% dos ativos do sistema bancário tradicional, pois o Banco Central diz que a abordagem mais ampla do conceito não permite que se avalie riscos que estão individualmente presente no balanço de tais fundos, dessa forma na categoria estrita restam apenas aqueles que estão envolvidos em transferência de risco de crédito, alavancagem e e transformações de maturidade e liquidez. E no Brasil, há apenas 0,6% dos ativos bancários aplicados no sistema shadow banking, fazendo com que o BCB considere o contágio direto irrelevante, embora haja a possibilidade de contágio indireto. A China, recentemente, desenhou um conjunto de regras para aplicar em seu sistema de shadow banking.
    Embora, esse sistema tenha piorado a crise de 2007/2008 é necessário vislumbrar que esse sistema é benéfico para a economia, pois ele promove linhas de crédito que alguns agentes não teriam acesso no sistema bancário tradicional, como fundos de hedge, oferecendo maior liquidez a economia. Assim, torna-se indispensável que se distingua precisamente o que realmente pode aumentar o risco sistêmico e as formas de contágio entre os sistemas, sejam diretas ou indiretas, devido a isso torna-se importante separar entre a classificação ampla e estrita. Devendo-se adotar medidas que mitiguem esses fatores de risco, seja regulação ou outras medidas. Mas não acabar com o sistema de shadow banking.

    1. Apesar de reformas feitas pelo Congresso Americano e de acordos de regulação, as instituições de shadow banking não estão sujeitas às mesmas regulações que as instituições bancárias normais. A maior alavancagem que essas instituições promovem aufere maiores retornos, porém também carrega maiores riscos. A avaliação é de que esses intermediários podem contribuir para o financiamento da economia real, mas também se tornar fonte de riscos sistêmicos quando sua interconexão com o sistema bancário tradicional é forte.

      Alguma tomada de risco dos bancos foi freada desde a crise de 2008, porém o aumento do sistema de shadow banking não. O FSB (Financial Stability Board) constatou que o setor cresceu para $75 trilhões no ano de 2013, um aumento de $5 trilhões relativamente ao ano posterior. Em termos absolutos, os países desenvolvidos têm a maior fatia do segmento, enquanto os mercados emergentes tiveram a maior taxa de crescimento. Como exemplo, em 2013 houve um aumento de 50% no sistema de shadow banking da Argentina.
      Gráfico:https://assets.bwbx.io/images/users/iqjWHBFdfxIU/iNwt91CyDjL4/v1/-1x-1.png
      Fonte:http://www.bloomberg.com/quicktake/shadow-banking

      Diego, pelo que eu entendi a abordagem mais ampla captura também intermediários não bancários que podem trazer riscos para o sistema e a estrita dá mais peso para as instituições de shadow banking de fato? Me corrija se tiver entendido melhor!

  5. O Shadow Banking System pode ser definido de forma mais ampla de acordo com Jeffers e Plihon como sendo um sistema de funding paralelo, portanto fora do sistema bancário tradicional, incluindo todos os agentes envolvidos em empréstimos alavancados que não tem acesso a seguros de depósitos ou a operações de redescontos de bancos centrais. Segundo os autores Prates e Farhi na obra O sétimo estágio de desenvolvimento do sistema bancário eles concluem que na virada do milênio chegamos a um novo tipo de sistema financeiro no qual os bancos tradicionais estariam entrelaçados ao sistema of the balance sheet de securitização de crédito, utilizado para alavancar os resultados das operações e também para retirar o risco de seus balanços transferindo-os para os famosos SIV (Special Investment Vehicles). Tais veículos são patrocinados pelos próprios bancos, incentivando grandes investidores institucionais, como fundos de investimentos, compradores dos novos produtos “exóticos”: uma combinação de créditos de procedência duvidosa tornando-os em ativos estruturados, combinados com derivativos financeiros, os quais eram divididos por qualidade de crédito, e o que em tese, poderia reduzir o risco de inadimplência de toda a estrutura. Foi então que surgiram das mentes criativas dos banqueiros os CDO’s (Collateralized Debt Obligations) que foi tratado em um quadro específico do capítulo 9 do Mishkin, onde ele alertou da complexidade envolvida em tal instrumento e da dificuldade do investidor identificar com clareza do que de fato se tratava o que segundo ele em última instância elevaria a assimetria de informações, ou seja, aumentaria a seleção adversa e o risco moral. E a pergunta importante agora a ser respondida é quem são os compradores destes produtos financeiros e agora que o Shadow Banking entra em cena! Basicamente temos fundos de investimento com alavancagem superior a 25%, concessão de crédito com funding de curto prazo, corretoras e distribuidoras de títulos e valores mobiliários não ligadas a conglomerados bancários e intermediação de crédito baseada em securitização e funding de entidades financeiras. Estes mercados alcançaram valores de 137 trilhões de dólares, ou seja, representa em torno de 40% dos ativos globais além de terem triplicado de tamanho desde o ano de 2002. Outro ponto importante constatado é que a China é o país onde os bancos na sombra mais crescem nos últimos anos de tal forma que as estimativas afirmam que a participação da China na atividade financeira não regulada global cresceu mais de seis vezes desde o ano de 2007 e o país já responde por 4% deste mercado mundial.

    Fonte:
    http://terracoeconomico.com.br/shadow-banking-system-o-lado-negro-do-mercado-parte-i

  6. O post está bem relacionado com o capitulo 9 do livro que estamos estudando. A crise de 2007-2008 é um ótimo exemplo de um mercado sem um controle mais intenso, que foi a crise do subprime. Até que parte isso pode ajudar e prejudicar o país que é a questão real. No final das contas é bem observado pelo post, que a consequência da crise foi uma recessão da economia. As demissões decorrentes da crise geraram reações desesperadas na França. Em março de 2009, em três oportunidades trabalhadores franceses fizeram reféns devido a demissões: dia 13, funcionários da Sony detiveram o presidente da empresa no país por uma noite, forçando o pagamento de indenizações maiores pelas demissões; no dia 25, o diretor de operação da 3M foi detido por um dia, sendo libertado após aceitar oferecer melhores condições aos 110 empregados demitidos; e no dia 31, os funcionários da Caterpillar fizeram quatro diretores da empresa reféns, após o anúncio do plano de cortar 733 empregos na unidade. Podemos ver de como uma crise afetou todo o mundo, cada país em sua proporção.
    https://pt.wikipedia.org/wiki/Grande_Recess%C3%A3o

  7. A crise financeira iniciada nos EUA, em meados de 2007, em decorrência da elevação da inadimplência e da desvalorização dos imóveis e dos ativos financeiros associados às hipotecas de alto risco (subprime), tem renovado os questionamentos sobre a arquitetura do sistema financeiro americano e internacional, seus potenciais riscos sistêmicos e seus mecanismos de supervisão e regulação. Numa crise de crédito clássica, a somatória dos prejuízos potenciais (correspondente aos empréstimos concedidos com baixo nível de garantias) já seria conhecida. A atual configuração dos sistemas financeiros, os derivativos de crédito e os produtos estruturados lastreados em diferentes operações de crédito replicaram e multiplicaram tais prejuízos por um fator desconhecido e redistribuíram, globalmente, os riscos deles decorrentes para uma grande variedade de instituições financeiras. Isso constituiu um fator crucial da desconfiança dos agentes, potente combustível da crise, e da persistente restrição da liquidez interbancária, apesar das contínuas e volumosas injeções de recursos pelas autoridades monetárias.
    O desenrolar da crise pôs em questão a sobrevivência de muitas instituições financeiras e colocou em xeque esta arquitetura financeira bem como os princípios básicos do sistema de regulação e supervisão bancária e financeira. Os bancos universais buscaram diversas formas de retirar os riscos de crédito de seus balanços com o objetivo de ampliar suas operações sem ter de reservar os coeficientes de capital requeridos pelos Acordos de Basiléia (8% dos ativos ponderados pelos riscos). Mas, somente puderam fazê-lo porque outros agentes se dispuseram a assumir a contraparte dessas operações, ou seja, assumir esses riscos contra um retorno que, à época, parecia elevado.
    Esses agentes formaram o chamado global shadow banking system (“sistema bancário global na sombra” ou paralelo). Um conjunto de instituições que funcionava como banco, sem sê-lo, captando recursos no curto prazo, operando altamente alavancadas e investindo em ativos de longo prazo e ilíquidos. Mas, diferentemente dos bancos, eram
    displicentemente reguladas e supervisionadas, sem reservas de capital, sem acesso aos seguros de depósitos, às operações de redesconto e às linhas de empréstimos de última instância dos bancos centrais.

    Clique para acessar o mfarhi17.pdf

  8. Quando o assunto é Shadow Banking, me surge dois questionamentos principais:

    i) Por mais que o governo tente regular o mercado financeiro, sempre haverá inovações e mudanças nas formas que os agentes se comportam e isso implicará que tentativas de regular sempre serão frustradas em um certo sentido e momento? Acho essa pergunta pertinente pois às vezes podem haver outras maneiras de evitar problemas decorrentes do shadow banking, por exemplo.
    ii) O grupo chegou a ler em algum lugar qual a relação entre banking e shadow banking, ou seja, se há uma circulação de fundos entre esses dois sistemas? Lembro de ter ligo em algum lugar a respeito, mas não consegui achar novamente.

  9. Um fato interessante sobre o sistema de shadow banking é seu crescimento e o papel que ele tem desempenhado na economia chinesa. Logo após a crise financeira de 2008, a China adotou uma política monetária expansionista, contudo ela foi seguida por uma política contracionista durante o período de 2010 a 2013, segundo alguns economistas o desenvolvimento de um sistema de shadow banking foi um dos principais responsáveis por estabilizar o crescimento chinês, evitando uma desaceleração ainda maior do que a que já vinha acontecendo. Em entrevista recente para a revista “Isto é” o economista brasileiro Otaviano Canuto demonstra concordar com a tese de que o shandow banking foi importante para evitar uma queda do crescimento chinês. Contudo aponta que tal sistema também deixa um legado preocupante uma vez que há excesso de capacidade ociosa em alguns setores da economia chinesa.
    http://voxeu.org/article/causes-and-consequences-china-s-shadow-banking
    http://www.istoedinheiro.com.br/noticias/entrevistas/20160301/hora-economias-avancadas-ajudarem-emergentes/347055

  10. Um fato interessante sobre o sistema de shadow banking é seu crescimento e o papel que ele tem desempenhado na economia chinesa. Logo após a crise financeira de 2008, a China adotou uma política monetária expansionista, contudo ela foi seguida por uma política contracionista durante o período de 2010 a 2013, segundo alguns economistas o desenvolvimento de um sistema de shadow banking foi um dos principais responsáveis por estabilizar o crescimento chinês, evitando uma desaceleração ainda maior do que a que já vinha acontecendo. Em entrevista recente para a revista “Isto é” o economista brasileiro Otaviano Canuto demonstra concordar com a tese de que o shandow banking foi importante para evitar uma queda do crescimento chinês. Contudo aponta que tal sistema também deixa um legado preocupante uma vez que há excesso de capacidade ociosa em alguns setores da economia chinesa.
    https://goo.gl/XAhtPk
    https://goo.gl/2Ur3r5

  11. Um fato interessante sobre o sistema de shadow banking é seu crescimento e o papel que ele tem desempenhado na economia chinesa. Logo após a crise financeira de 2008, a China adotou uma política monetária expansionista, contudo ela foi seguida por uma política contracionista durante o período de 2010 a 2013, segundo alguns economistas o desenvolvimento de um sistema de shadow banking foi um dos principais responsáveis por estabilizar o crescimento chinês, evitando uma desaceleração ainda maior do que a que já vinha acontecendo. Em entrevista recente para a revista “Isto é” o economista brasileiro Otaviano Canuto demonstra concordar com a tese de que o shandow banking foi importante para evitar uma queda do crescimento chinês. Contudo aponta que tal sistema também deixa um legado preocupante uma vez que há excesso de capacidade ociosa em alguns setores da economia chinesa.

  12. Lendo sobre o Shadow Banking no Brasil encontrei um artigo bem interessante que apresenta dados demonstrando que o percentual de atividades ligadas a Shadow Banking ainda é muito baixo no Brasil, o que certamente reduz o risco de crises em razão desse novo sistema. E mais ainda, defende que, no Brasil, diferentemente de outros países onde são realizadas operações em Shadow Banking, a regulação é muito maior. Apesar de diferente, ou menos “rígida” que a regulação para operações no sistema bancário tradicional, ela é mais forte do que em outros países, e o Banco Central Brasileiro vem acompanhando de perto a evolução de suas atividades no intuito de controlar e conhecer os riscos. Atualmente o maior risco apontado pelo BCB a respeito do Shadow Banking brasileiro é o de liquidez, por isso a regulação trabalha tentando evitar corridas bancárias, conforme divulgado em Relatório de Estabilidade Financeira.

    http://terracoeconomico.com.br/shadow-banking-system-o-surgimento-em-terras-brasileiras-parte-ii

    1. Seguindo na linha da presença do Shadow Banking no Brasil como o comentário da Bianca, algo que achei interessante sobre a minimização dos riscos para esse tipo de sistema no país, é que, a maior preocupação do BCB é com o risco sistêmico — ou seja, com as conexões que essas entidades tem como sistema bancário, já que muitos fundos são controladas por bancos, mas o fator em contrapartida a isso e que aumenta a confiança, é que o risco desses fundos é baixo, pois cerca de 60% dos ativos que carregam são títulos públicos. Esse fato reforça ainda mais o melhor funcionamento do Shadow Banking no Brasil do que nos outros países, apesar de ainda ser uma parcela muito pequena aqui (aproximadamente 2% do total).

      http://www.abbc.org.br/noticiasview.asp?idNoticia=7054

  13. O sistema de shadow banking contempla “o conjunto de entidades com atuação assemelhada aos bancos, mas que não são instituições financeiras”. Este sistema faz concorrência aos bancos comerciais e outros agentes do mercado financeiro, sendo que no Brasil, por conta da alta concentração bancária, estes acabam por desempenhar um papel importante em nossa economia, dado que nosso sistema financeiro é uma realidade muito cara para nossa economia.
    Neste cenário, o “shadow” banking” é pró-competição, sendo que por meio dele há diversificação da captação de recursos garantindo mesmo aos pequenos provedores, recursos para desenvolver suas atividades e competir com os grandes bancos do varejo, porém, temos também, que “o “shadow banking” pode incentivar a ocorrência de crises sistêmicas – como foi o caso dos “Collateralized Debt Obligations” (ou CDOs) na crise do subprime americano ou dos “Structured Investment Vehicles” (ou SIVs), que esconderiam a real exposição dos bancos chineses a certos devedores.”
    Sendo assim, podemos inferir que o sistema de “shadow banking” pode ser um ótimo instrumento para a descentralização do sistema financeiro, constituindo uma alternativa pró-competição para um setor tão concentrado, porém, é importante evitar que o “shadow banking” se desenvolva sem qualquer regulamentação e à margem da política econômica, de forma a reduzir o risco default deste sistema.

    Fonte:
    http://www.valor.com.br/financas/4251304/sistema-financeiro-mantem-baixo-risco-e-elevada-solvencia-avalia-bc
    http://www.valor.com.br/opiniao/4102626/shadow-banking-so-precisa-de-igualdade-para-competir

  14. Este “occasional paper” bem recente (06/16) do Banco Central Europeu traz uma abordagem muito didática sobre o papel e os riscos envolvendo fundos de investimento (citados como os mais importantes players no “Shadow Banking” pelo trabalho do gripo). Principalmente no Tópico 4, onde são discutidas as vulnerabilidades deste tipo de intermediário financeiro, que através dos seus mecanismos de transformação de liquidez está exposto a um certo “run risk” assim como instituições depositárias estariam. O Box 3 demonstra que os mecanismos que levam à está exposição são parecidos com os das instituições depositárias: i) financiamentos por “débitos exigíveis” ou patrimônio, (ii) custos de liquidação de ativos e (iii) inabilidade em precificar as cotas do fundo de maneira eficiente, criando vantagens aos “first-movers”.

    Link do paper: https://www.ecb.europa.eu/pub/pdf/scpops/ecbop174.en.pdf

  15. Com medo da vulnerabilidade que o Shadow Banking pode levar à economia, regulador chinês deve apertar fiscalização.
    Com o objetivo de diminuir os riscos do Shadow Banking, a China vem desenhando novas regras para apertar sua supervisão sobre produtos e serviços de gestão patrimonial oferecidos por instituições no país.
    Como medidas para se proteger o Shadow Banking, novas regras devem fazer com que os bancos chineses criem reservas, com base em seus lucros trimestrais, para cobrir possíveis riscos relacionados a estes produtos e estes também serão impedidos de usar capital proveniente da venda desses serviços para investir em ações no mercado interno ou em seus próprios ativos de crédito.

    http://www.em.com.br/app/noticia/economia/2016/07/27/internas_economia,788117/regulador-chines-deve-apertar-fiscalizacao-sobre-servicos-de-gestao-pa.shtml

  16. Achei muito interessante o post dos colegas, principalmente os dados do Brasil e EUA. Ainda nessa linha, acredito ser interessante analisar o caso da China, a segunda maior economia mundial. A pergunta que permeia esse tema é se a economia Chinesa continuará crescendo como anteriormente ou se irá sofrer consequências em relação a todo o dinheiro emprestado nos últimos anos. Acredito que a resposta resida na forma que a China lidará com a situação da dívida e a maior preocupação sobre isso é o crescimento acelerado e elevado de seu sistema de shadow banking. Após a crise de 2008, com a redução de investimentos diretos financeiros, os shadows bankings cresceram para desempenhar um papel que o governo não poderia cumprir na economia chinesa, fornecendo empréstimos a novas fontes de demanda. Algumas fontes indicam que os shadows bankings correspondem a 60% dos financiamentos na China, ultrapassando a marca de 7 trilhões em 2014.

    No entanto, diferentemente de outras economias, o governo chinês reconhece esse aumento de risco sistemático e procura um a maior monitorização e regulação do sistema. Além disso, durante 2013 e 2014, com a deterioração do setor imobiliário chinês, o governo tomou uma postura ativa, garantindo fundos para absorver eventuais perdas, afrouxando a política monetária para incentivar os gastos e as políticas de compra de imóveis foram aliviadas, diminuindo assim a importância dos shadows bankings chineses. Contudo, embora a sua natureza tenha mudado a partir da segunda metade de 2014, eles ainda permeiam a economia chinesa até hoje. O certo é que essa é uma área que requer bastante atenção, pois pode se tornar o céu ou o inferno na economia chinesa.

    Caso queiram entender mais a evolução dos shadows banikings chineses, deixo o seguinte link: http://thediplomat.com/2015/11/the-rise-and-fall-of-shadow-banking-in-china/

  17. Sobre esse tópico eu queria trazer a reflexão dos aspectos apresentados pelo Mishkin quando ele elenca os fatores determinantes de uma crise e sobre suas respectivas fases. O primeiro fator nesse caso e talvez o que foi o mecanismo para contaminar todo o mercado financeiro, é a questão da “engenharia” financeira que possibilitou o desenvolvimento de mecanismos os quais as instituições não conheciam todos os potenciais riscos, mas essa “reengenharia” só foi possibilitada por um segundo fator que é a desregulamentação de parte do sistema financeiro, que corresponde aos Shadow banks, que apresentam uma maior facilidade de captação de recursos e essa maior facilidade se deve a menor quantidade de mecanismos de controle que estes bancos estão submetido e aos frágeis controles que submetem aos seus tomadores, assim aumentando a assimetria informacional nos agentes. Todos esses fatores alinhados com uma excessiva confiança na expectativa de alta do mercado( pois os EUA passavam por um período de aceleração econômica surpreendente, pós crise de 2001), culminaram num estrondosa bolha especulativa que sucumbiria. E por fim isso também nos leva a pensar sobre a Hipótese de Mercados Eficientes, pois ela com base na Teoria das Expectativas Racionais diz que os ativos refletem toda informação disponível e que elimina as oportunidades de lucro anormais existentes, então porquê os preços não revelaram essa bolha antes que ela tomasse as proporções que tomou ? É verdade que a HME diz que nem todos os agentes são bem informados, mas daí todos serem mal informados é bem diferente, fica a reflexão. Um campo de estudo que vem buscando estudar o excesso de confiança dos agentes é o campo de Finanças Comportamentais que busca com base em ciências como Sociologia e Psicologia ajudar a entender esses impactos no mundo financeiro.

    Dica: Quem quiser aprender mais sobre a crise de 2009 de uma forma relaxante eu recomendo que assista o filme a Grande Aposta de 2015/2016, ele é muito elucidativo e bem didático e traz alguns insights bem interessantes.

  18. Segundo Ferraz(2013), o shadow banking nasceu da demanda insatisfeita de títulos e dívidas de curto prazo ao disponibilizar aos investidores títulos substitutos àqueles emitidos pelo tesouro norte-americano. As instituições participantes do Shadow Banking agem como intermediários entre os bancos e os investidores institucionais.
    Por não poderem captar recursos por meio de depósitos, as instituições do shadow bank emitiam títulos de dívida de curto prazo para os investidores institucionais, bancos e fundos mútuos. Com tais recursos, os participantes do Shadow Bank compravam títulos emitidos por bancos que possuíam rentabilidade atrelada ao crédito que havia sido concedido, desta forma, tais participantes entravam no mercado de crédito obtendo recursos para financiar hipotecas de longo prazo.
    A falta de fiscalização levou estas companhias à uma exposição de risco insustentável que culminou com a quebra de tais empresas na crise de 2007/2008.
    Fonte: http://www.ie.ufrj.br/images/pos-graducao/ppge/FernandoFerraz.pdf

  19. A crise do subprime em 2007/2008, que foi agravada pelo sistema de Shadow Banking, mostra claramente a necessidade de regulação nos mercados financeiros. Não é possível que em pleno século XXI se acredite que ter um sistema totalmente livre de regulamentações e supervisões possa trazer algo benéfico para a capacidade que os mercados financeiros possuem de canalizar recursos de superavitários para deficitários, elevando a eficiência da economia.
    Há outras maneiras de se promover o aumento da liquidez da economia sem que pra isso seja necessário a criação de um sistema livre da tutela regulatória. O próprio grupo já listou algumas maneiras ao fim do post, medidas que foram propostas no importantíssimo Acordo de Basileia III. O aumento das reservas de capital dos bancos ponderadas pelo risco, por exemplo, é um modo de se assegurar a liquidez do Sistema Financeiro em situações de pânico bancário.
    Outro ponto que gostaria de ressaltar é que os mesmos instrumentos oferecidos pelo sistema Shadow Banking podem ser oferecidos também pelo sistema bancário tradicional. Por que não? Por que criar um sistema bancário paralelo, que eleva o risco sistêmico do SFN? É totalmente possível criar mecanismos que incentivem os bancos tradicionais a se atentarem mais a pequenas e médias empresas e a oferecer instrumentos alternativos de financiamento.
    O que não dá mais é para se viver num mundo de conto de fadas em que se acredita que um sistema bancário paralelo completamente livre de supervisão possa ser benéfico para a economia só porque ele oferece serviços que o sistema bancário tradicional poderia muito bem oferecer. Ou se faz com que os bancos pertencentes ao Shadow Banking sejam regulados, e aí pra mim seria o equivalente a trazer estes bancos ao sistema bancário tradicional, ou se põe um fim nisso.

  20. Procurando sobre as causas para aumento ou diminução de shadow banking encontrei o “working paper” linkado abaixo, nele é usado análise empírica para demonstrar as variáveis que levam ao sistema de shadow banking no curto e no longo prazo. No longo prazo a parcela de shadow banking no mercado possui uma relação negativa com custos de informação que captam variações nos custos de transação, e relação positiva com os requisitos de reserva e capital que impõe uma desvantagem a bancos que estimulam o crescimento de fundos mútuos de mercado de moeda e outras alternativas aos depósitos bancários. A parcela de shadow banking também se mostrou afetada pela introdução de inovações. No curto prazo, a parcela de fundos de shadow banking no mercado variou de forma negativa de acordo com prêmios de liquidez, que refletiam expectativas de melhora na economia, e se elevou com mudanças regulatórias de curto prazo que favorecia sistema não bancário com relação a sistema bancário.
    É mostrado 2 implicações dessas causas: evidências indicam a alta vulnerabilidade de choques de liquidez e um caráter pró cíclico elevado do sistema shadow banking; processo de regulação financeira nos EUA ajudou a nivelar a regulação entre bancos comerciais e shadow banking, limitando a arbitrgem regulatória (situação onde companhias tiram vantagens de regras regulatórias para melhorar seus lucros) enquanto apertou a regulação financeira.

    Fonte: https://www.dallasfed.org/assets/documents/research/papers/2014/wp1401.pdf

  21. É visível que a atuação do Shadow Banking foi uma das principais causas da Crise Financeira de 2008, falta de regulamentação, conflitos de interesse, entre tantas outras causas. Estava com dificuldade acerca do tema e recebi recomendações de alguns veteranos sobre o filme A Grande Aposta (está disponível no netflix), de forma sucinta o filme conta a história real de um investidor que descobre o grau de risco do mercado mobiliário dos EUA e “aposta” contra a “maré”, durante o filme há diversas explicações com exemplos sobre o funcionamento do mercado como um todo. Recomendo pois ajudou sobre minhas duvidas

    Outro ponto que encontrei em uma reportagem da BBC e achei relevante, é o fato da maior regulação sobre a política de remuneração no sistema bancário do Reino Unido, determinando o máximo do tamanho dos bônus e a forma de pagamento, se for em dinheiro, ações e entre outros. Outras formas de regulação foram impostas no sistema bancário do Reino Unido, como impostos, autoridades financeiras, entre outros…

    http://www.bbc.com/news/business-20811289

  22. Bancos tradicionais não possuem capital infinito. A limitação na quantidade de crédito que estas instituições podem ofertar é a origem para o chamado “Shadow Banking”. O ganho dos bancos via empréstimos estava limitado ao acesso a capital e ao tamanho de seu balancete. Para elevar esse ganho, os bancos passaram a agrupar empréstimos e vender estes pacote para outros investidores via processos de securitização¹. Uma instituição financeira emprestava o máximo possível para financiamento de casas, carros e consumos gerais e então trabalhava com bancos de investimento para securitizar² esses ativos. As “securities” eram vendidas para fundos de pensão, hedge funds, fundos mútuos e outros. Os instrumentos podiam tomar várias formas: asset-backed securities (ABS), collateralized debt obligations (CDO), mortgage-backed securities (MBS) and collateralized loan obligations (CLO). Eram através desses instrumentos que as pessoas tinham acesso mais fácil ao crédito e as instituições financeiras lucravam com empréstimos arriscados.

    http://www.investopedia.com/articles/economics/10/shadow-banking-system.asp

    ¹ http://www.investopedia.com/articles/economics/10/shadow-banking-system.asp
    ² http://www.investopedia.com/terms/s/securitize.asp

  23. Jairo Saddi, colunista do Valor, traz um texto de opinião no qual expõe um panorama geral do que é o shadow banking. Muito embora “duvidoso” quando fala sobre a origem desse sistema (o autor inclusive foi questionado em comentário de leitor), ao apontar que surgiu pós crise de 2008, acredito ser uma boa leitura para entendimento do tema.
    Vamos lá: Saddi considera esse sistema como um híbrido entre mercados bancários e de capitais, e que tem função econômica principal de substituir o serviço de intermediação financeira. Resumidamente, aponta que seu funcionamento se dá a partir do “uso de ativos de longo prazo na conversão de instrumentos de dívidas de curto prazo, embalados e constituídos por instituições não financeiras e não bancárias”, e, por se tratar de um ambiente não regulado, têm o nome de “shadow”, ou seja, “sombra”, “negócios feitos em partes obscuras.
    Apesar de potencializados os riscos, Saddi aponta que a ausência do ônus regulatório faz com que esses intermediadores ocupem espaço no mercado antes disputado pelos bancos. Aumenta assim a concorrência, e torna o sistema mais eficiente (ainda segundo Saddi).
    FONTE: http://www.valor.com.br/opiniao/4325082/shadow-banking

    – Reforçando o caráter mais “informal” e didático deste canal, trago dois vídeos muito bons, um mais ilustrativo (link 1), e outro mais informativo (link 2), que ajudam a entender como shadow banking funciona e sua importância na economia:
    — link 1:https://www.youtube.com/watch?v=cZPaxmlNu2U
    — link 2: https://www.youtube.com/watch?v=hxxMIeO-cs0

  24. Achei interessante o fato do Shadow Banking aumentar a eficiência do sistema financeiro, complementando e concorrendo com o sistema bancário tradicional , nunca tinha pensando por esse lado, por sempre estar relacionando tal sistema com a crise de 2007/2008.
    Mas, apesar dessa “promoção de eficiência” o Shadow Baking ainda continua nas “sombras”. A ainda falta de regulação continua preocupando economistas como Larry Summers (economista de Harvard), o qual afirma que já passou da hora do “shadow banking” sair das sombras.
    Esse artigo da revista Forbes discute bem essa noção de “prós” e “contras” do shadow Banking e sua relação com as crises passadas.
    http://www.forbes.com/sites/robertlenzner/2014/06/30/the-unregulated-shadow-banking-system-triggered-the-2008-financial-crisis/#74226de46d42

  25. O Shadow Banking System pode ser entendido como um sistema de financiamento paralelo, que desvia do sistema bancário tradicional, que inclui todos os agentes envolvidos em empréstimos alavancados que não possuem acesso aos seguros de depósitos ou às operações de redesconto dos bancos centrais.
    A arquitetura financeira disposta em meados de 2007 levava a questionamentos sobre os potenciais riscos sistêmicos e a fragilidade dos seus mecanismos de regulamentação. Em consequência, tal arquitetura transformou uma crise de crédito clássica em uma crise financeira/bancária de severas proporções.
    Diante da dimensão das perdas e da intervenção estatal necessária na tentativa de restabelecer a confiança, torna-se necessário a necessidade de maior regulamentação dos sistema financeiro e diminuição de sistemas de financiamento paralelos. A quebra das instituições insolventes foram promovendo uma desalavancagem e um novo enquadramento das instituições sob a regulamentação e supervisão do Federal Reserve System e dos outros bancos centrais. Temos que, a crise nos mostrou a obsolescência das estruturas de supervisão descentralizadas.

  26. O complementando o texto elaborado pelos colegas, a Associação Brasileira de Bancos (ABBC), faz apresenta uma definição pais específica dado o sistema bancário brasileiro para Shadow Banking. Definindo tal termo como operação de intermediação de créditos feita por instituições não bancárias. Além disso, ainda afirma que no Brasil, o risco dessas operações ainda é menor do que na maioria do outros países é praticada, o que tem justificado seu significativo crescimento. (http://www.abbc.org.br/noticiasview.asp?idNoticia=7054)

    Já em seu Relatório de Estabilidade Financeira de março de 2015, o Banco Central do Brasil, afirma que diferente de outros países, o Shadow Banking no Brasil, é composto basicamente por entidades que são supervisionadas e reguladas pelo BCB e CVM. Ainda em seu relatório, o BCB afirma que tais regulações mitigam os riscos potenciais do Shadow Banking, e que esses riscos que ainda persistem não são relevantes para o sistema financeiro tradicional brasileiro.
    Transcrevendo o trecho de tal documento o mesmo conclui: “[…]~Por isso, prossegue o aprimoramento dos processos de monitoramento do shadow banking, em especial no que se refere à avaliação de riscos e ao contágio para o restante do sistema financeiro. Desta forma, as autoridades reguladoras vêm atuando para minimizar o risco sistêmico do shadow banking, sem prejudicar eventuais benefícios do setor para a economia doméstica e para o bom funcionamento do SFN.”
    (http://www.bcb.gov.br/htms/estabilidade/2015_03/refC6P_1.pdf)

  27. A respeito da prática de Shadow Banking, é possível questionar se os benefícios propiciados por intermediários financeiros fora do sistema bancário tradicional são maiores que os custos que representam devido à sua vulnerabilidade que por vezes sujeita o mercado a crises. Em outras palavras, a não sujeição às regulamentações que envolvem o sistema tradicional é benéfica à medida que o complementam, porém resulta em insegurança para o sistema como um todo, o que pode agravar situações de crise.

    Dessa maneira, podemos pensar em maneiras pelas quais os benefícios desse sistema paralelo sejam maximizados e os riscos que ele apresenta sejam reduzidos, de tal forma que seu auxílio como complemento ao mercado financeiro tradicional seja maximizado. Imagino, em um primeiro momento, que tal mecanismo pudesse ser desenvolvido por meio de um maior vínculo com os bancos centrais, de forma que o risco potencial dessas instituições, principalmente em cenários de crise, seja diminuído.

    A dúvida que permanece é relacionada aos efeitos da regulação: até que ponto ela não impediria tais instituições paralelas de funcionarem como complemento ao sistema principal? Ou seja, até que ponto tais instituições necessitam ser menos regulamentadas para continuarem exercendo seu papel?

  28. No texto foi mencionado a questão dos efeitos potenciais negativos do shadow banking e as vulnerabilidades que expõe o mercado a crises como a de 2007/08. Em um dos artigos citado pelo texto, os autores discorreram sobre papel desses agentes no episódio. Esses agentes funcionavam como bancos, apesar de não serem, captando recursos no curto prazo, operando altamente alavancados e investindo em ativos de longo prazo e ilíquidos. Como não dispunham de mecanismos como o acesso aos seguros de depósito, operações de redesconto e as linhas de empréstimo de ultima instancia dos bancos centrais, eles estavam vulneráveis a uma corrida dos investidores e a desequilíbrios patrimoniais.
    Além de mencionar o papel de agentes como fundos de investimento e hedge funds, também é levantado a importância das agências de classificação de risco para o shadow banking. Essas agencias auxiliavam as instituições financeiras na montagem dos “pacotes de crédito” que lastreavam os títulos securitizados para garantir uma boa classificação, fazendo com que esses títulos pudessem ser precificados e negociados como títulos de baixo risco.
    Para que pudessem assumir riscos e rendimentos no mercado de crédito, instituições financeiras do shadow banking utilizaram do mecanismo de swaps, que retiravam riscos dos balanços dos bancos através dos derivativos de crédito e davam as instituições financeiras do shadow banking uma nova forma para que obtivessem esse resultado.
    http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0101-33002008000300002&script=sci_arttext&tlng=pt

  29. O Shadow Banking é recente nas economias emergentes e tende a crescer. No Brasil, o risco é menor do que em outros países, pois compreende basicamente entidades que são reguladas e supervisionadas pelo BCB e pela CVM.

    A China é o país onde o Shadow Banking mais crescem nos últimos anos. A atividade cresceu muito na China, principalmente por conta do excesso de regulamentação.

    Eu comprei um livro quando entrei na graduação do Krugman falando da crise de 2008. Em resumo, Krugman critica a falta de regulamentação do sistema financeiro, que na verdade a crise não foi um problema com instituições desregulamentadas, mas instituições que, na verdade, nunca foram regulamentadas. Krugman defende a tese que se tivesse socorrido os bancos, a crise não ia passar de recessão. Destaco um trecho interessante do livro: “…qualquer coisa que faça o que os bancos fazem, qualquer coisa que precise ser socorrida nas crises da mesma maneira que os bancos, deve ser regulada como os bancos”.

    http://www.abbc.org.br/noticiasview.asp?idNoticia=7054
    http://krugman.blogs.nytimes.com/2012/03/05/economics-in-the-crisis/

  30. No texto, o grupo apresentou como os Shadow Banking foi um dos principais agente da Crise Financeira de 2008.
    Durante minha leitura surgiu o questionamento de como esse sistema influenciou na chegada da crise no Brasil, a partir de algumas leituras, encontrei que “a diferença entre a estrutura bancária norte-americana e brasileira é, talvez, o fato que determina o surgimento da crise lá e da sua pequena reverberação aqui” e, a diferença principal entre a estrutura bancária norte americana e brasileira se dá na regulação do mercado financeiro, que no Brasil é muito mais. Na exposição do texto que li, o autor mostra que o sistema regulador colaborou muito para o desempenho do país no em 2008 e ainda segundo minha leitura, essa grande regulação pode ser responsável pela menor presença de Shadow Bankings no Brasil, o que por sua vez, reduz o risco financeiro e ameniza a crise.

    Segue o texto que li: http://terracoeconomico.com.br/shadow-banking-system-o-surgimento-em-terras-brasileiras-parte-ii

  31. Muito interessante o post dessa semana. Ele mostra como o sistema de shadow banking, devido a sua falta de regulação, pode-se envolver em atividades demasiadamente arriscadas que venham a provocar pânicos bancários que, por sua vez, se refletem em crises econômicas (como a de 2007/2008).

    De fato, tal explicação é muito sofisticada, uma vez que se baseia em conceitos “micro” de falhas de mercado (assimetria de informação) que acabam causando problemas “macro” (recessões).

    No entanto, acho que vale notar que alguns autores liberais que estão fora (ou na beirada) do mainstream criticam essa visão do Mishkin, pois acham que o comportamento de “exuberância irracional” dos agentes financeiros, incluindo aqueles dentro do shadow banking antes da crise de 2007/2008, por exemplo, são na verdade respostas racionais a políticas de crédito expansivas fomentadas pelo próprio governo.

    A respeito disso, sugiro o artigo linkado abaixo do professor Peter Boettke, no qual ele critica a visão popular a respeito da crise (novo keynesiana focada em falhas de mercado) e defende a sua visão liberal, que ele chama de perspectiva de processo de mercado.

    Clique para acessar o WP0922_What_Happened_to_Efficient_Markets.pdf

  32. Me parece que muitas das operações que são classificadas como shadow banking surgem como um resultado de excessiva regulamentação e controle estatal sobre os fluxos de capital. E por isso o sistema de shadow banking surgem como uma alternativa que ajuda a preencher o gap que as instituições bancárias tradicionais não conseguem preencher. Então eu não sei em que medida o sistema é ruim.
    Acho que o exemplo da China ajuda a ilustrar bem meu ponto. Lá as instituições financeiras tem uma série de restrições a respeito de para quem elas devem emprestar dinheiro e a quais taxas. Isso formentou um sistema de shadow banking que ajuda a canalizar os recursos de agentes superavitários para agentes deficitários longe dos olhos vigilantes do Estado.
    E tem outra coisa que eu não entendi muito bem. As agências Freddie Mac e Fannie Mae contam como parte do sistema de shadow banking? Porque são praticamente agências estatais. Então seria de se esperar que elas seguissem regulamentações, muito embora exista uma série de interpretações que atribuem uma significativa parcela de culpa a essas instituições pela crise do subprime

  33. Shadow Banking é uma espécie de resposta a uma demanda de serviços financeiros não suprida pelos meios tradicionais existentes. Os pontos levantados pelo artigo são claros quanto a sua problemática: enquanto por um lado ele se mostra como sendo uma opção ao sistema tradicional, por outro ele apresenta um risco a quem se utiliza dele justamente porque não há regulação que possa proteger aquele que utiliza e, na prática, temos uma ausência de garantia sobre o recebimento de volta de quaisquer valores envolvidos no caso de uma “corrida aos bancos”. Alguns economistas chegam atualmente a afirmar que este “sistema a parte” poderá causar grandes danos caso tenha algumas perdas relativas; porém, com o mundo hoje tendo taxas de juros ao redor de zero, pelo menos no quesito “custo do dinheiro” temos que não necessariamente isso possa se configurar como verdade, uma vez que os “meios oficiais/padrões” estão com um custo bastante baixo e, se o shadow banking assim não sinaliza ser um problema tão grande, por outro lado o crédito barato e altamente difundido, caso precise encarecer e sair da proximidade dos 0%, terá um impacto considerável sobre a economia.

  34. Impossível não ler esse texto sobre Shadow Banking sem se lembrar do documentário Inside Job, que retrata com extrema precisão a crise americana do subprime, ocorrida em 2008.
    Tenho um certo carinho especial pelo documentário. Lembro que foi ele que reforçou minha vontade de prestar economia no vestibular muito tempo atrás, quando ainda tinha que rever o longa várias vezes para conseguir entender pelo menos alguma coisa rs.

    O enredo que mantém o filme em conjunto é em sua essência um conto de moralidade. A seqüência de abertura na Islândia define bem essa característica, mas o principal do filme coloca este mesmo quadro de forma muito maior durante a crise financeira EUA. Neste caso, a história é sobre a expansão (predatória) do subprime, em que empréstimos subavaliados alimentaram uma bolha imobiliária especulativa que inevitavelmente entrou em colapso em 2008.

    Fala-se no filme sobre alavancagem dos bancos, e cerca de apostas laterais credit-default swap (CDS) no subprime que se multiplicaram as perdas e muito mais. Entretanto, os mecanismos para a amplificação de uma crise do subprime em uma crise financeira mundial são deixadas inexploradas. Nós ouvimos nada sobre a exposição dos bancos europeus nada sobre o papel do Fed em colocar um piso sob a crise, nada sobre a demanda global de reservas em dólares e nada sobre o sistema de Shadow Banking que surgiu para atender a essa demanda.

    Foi a partir desta transferência de riscos pelos bancos para terceiros que ocorreu o “milagre” multiplicação dos títulos proteção contra risco de crédito. Nos casos em que esses riscos foram transferidos dos balanços dos bancos para outras instituições financeiras por meio de títulos securitizados e produtos estruturados, esses ativos foram “reempacotados” e deram origem a outros ativos que, por sua vez, foram vendidos a outras instituições. Enquanto estas operações se restringiram às transações no mercado à vista, eram os riscos originais que iam sendo trocados de mãos. Mas, ao serem acoplados aos derivativos de crédito, esses ativos deram origem a “ativos sintéticos”, isto é, ativos que replicavam os riscos e retornos dos ativos originais, sem que fosse necessário possuí-los.

    A introdução e forte expansão nos mercados de balcão dos derivativos de crédito, isto é, a transformação de partes constitutivas dos ativos bancários em ativos negociáveis fez com que o sistema bancário e o global shadow banking system se juntassem de maneira muito intensa.
    Com isso, o papel complexo desempenhado por esse conjunto de instituições e pelos instrumentos financeiros negociados nos mercados de balcão multiplicaram os riscos e tornaram sua distribuição desconhecida. Entraria muito bem a essência de moralidade do enredo de Inside Job.

    fonte: http://www.economist.com/news/leaders/21601826-shadow-banks-helped-cause-financial-crisis-better-regulated-they-could-help-avert-next

    http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-33002008000300002

    Documentário – Inside Job (2010) – Charles H. Ferguson.

  35. O Shadow Banking é recente nas economias emergentes e tende a crescer. No Brasil, o risco é menor do que em outros países, pois compreende basicamente entidades que são reguladas e supervisionadas pelo BCB e pela CVM.

    Eu li um livro do Krugman falando da crise de 2008 e resumindo um pouco, Krugman critica a falta de regulamentação do sistema financeiro, que na verdade a crise não foi um problema com instituições desregulamentadas, mas instituições que ,na verdade, nunca foram regulamentadas. Krugman diz que uma solução para a crise era de socorrer os bancos quebrados, que assim, a crise poderia ser uma mera recessão. Destaco um trecho do livro que resume a ideia do Krugman sobre a regulamentação: “…qualquer coisa que faça o que os bancos fazem, qualquer coisa que precise ser socorrida nas crises da mesma maneira que os bancos, deve ser regulada como os bancos”.

    http://www.abbc.org.br/noticiasview.asp?idNoticia=7054
    A Crise de 2008 e a Economia da Depressão – Paul Krugman

  36. De acordo com o FMI, o shadow banking tem um crescimento em investimentos maior que o crescimento em ativos negociados por intermédio de instituições financeiras REGULADAS, países como China aumenta em torno de 20% a cada ano no ambiente de shadow banking, no Brasil os ativos deste ramo cresceram de 25% para 50% do PIB, de 2002 a 2013.
    Acontece que um fluxo financeiro desta magnitude representa riscos a estabilidade financeira mundial, com impactos maiores que a crise de 2008, portanto, qualquer movimento brusco neste mercado pode causar severos impactos na economia mundial.
    Portanto, as autoridades monetárias devem monitorar com atenção este mercado, a fim de evitar novas crises financeiras, já que não pode evitar o shadow banking, por ser algo natural e legitimo.

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