Câmbio, Mercados Financeiros, Política Monetária

H-ECO: Volatilidade nas taxas de câmbio no Brasil e na américa latina: teoria e prática

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A teoria

Sabemos que a taxa de câmbio nominal no curto prazo responde à paridade de juros descoberta, sendo esta uma consequência da livre mobilidade de capitais no qual os agentes podem alocar seus recursos entre os diversos ativos internacionais e os ativos domésticos. Para alocar os recursos em algum ativo estrangeiro, é necessário fazer a conversão de moeda doméstica para a estrangeira em questão; esta demanda por moeda estrangeira vai ser satisfeita por uma oferta de moeda estrangeira, sendo formado neste mercado o preço da moeda externa em relação à interna. Ou seja, na alocação de recursos entre ativos domésticos e estrangeiros, os agentes alterarão suas demandas relativas por moedas interna e externa, e isso fatalmente alterará a taxa de câmbio vigente (sendo, portanto, um determinante para sua volatilidade), tudo isso em um regime de câmbio flexível, é claro.

A relação de paridade de juros abaixo foi retirada a partir do livro de Macroeconomia de Blanchard (2011); it é a taxa de juros doméstica; it* é a taxa de juros externa. A taxa de câmbio está definida em termos da moeda estrangeira.

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A prática

No Brasil, em 1994, com a implementação do Plano Real foi preciso ter o câmbio como âncora nominal da nova moeda. Em teoria isso seria um regime de cambio fixo; na prática foi um crawling-peg com pequenas desvalorizações . O Banco Central brasileiro enfrentou expectativas de desvalorização nas crises do México (1994), da Ásia (1997), da Rússia (1998) e no Brasil (1999), sendo que um pouco após esta última mudou-se o regime para um câmbio flutuante. Os momentos de crise são bem flagrados no movimento ascendente do câmbio brasileiro observado no gráfico abaixo a partir de 1994.

A crise da Argentina tem uma forte relação com a inflação durante a década de 90, período em que o país passa a adotar o currency board como regime cambial na tentativa de conter a inflação. Isto explica a estabilidade da taxa de câmbio neste país até 2001, já que neste regime a oferta de moeda doméstica é determinada pela disponibilidade de moeda estrangeira, sendo ambas trocadas a uma taxa fixa.      

Cunha & Gala (2006) relatam que a partir da crise da Ásia em 1997 houve uma significativa queda na oferta de financiamento externo para  economias emergentes, afetando a economia chilena à medida que os países asiáticos respondiam por um terço das exportações e o preço do cobre sofreu forte queda. A grande saída de capitais para países desenvolvidos, que se iniciou em 1997, intensificou-se em 1998 e 1999 com a crise na Rússia e no Brasil. O efeito sobre o regime de bandas cambiais foi a depreciação da taxa nominal, conforme se observa no gráfico abaixo.

A crise do México ocorre em 1994 com uma desvalorização do peso mediante instabilidade política, afetando o câmbio em outros países na América Latina, entre eles o Brasil, no denominado ‘’efeito Tequila’’, tal como relatado por Mishkin. Percebe-se um movimento ascendente do câmbio mexicano a partir de 1994 no gráfico abaixo.

Assim, vê-se como a taxa de câmbio nominal nos países emergentes são muito suscetíveis a crises externas, sendo este um aspecto em comum nestes países. Um exemplo recente é a crise financeira de 2007/2008, no qual houve fuga de capitais no período mais acentuado da crise, refletindo em um aumento da taxa de câmbio (medido em termos da moeda doméstica) devido à queda da demanda por ativos domésticos. No gráfico abaixo vê-se claramente o aumento do câmbio em todos os países em 2008.

 

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Referências

BLANCHARD, Olivier. Macroeconomia. 5ª edição. São Paulo: Ed. Pearson, 2011

http://eesp.fgv.br/sites/eesp.fgv.br/files/310.pdf (Cunha & Gala, 2006)

MISHKIN, Frederic. The Economics of Money, Banking and Financial Markets. 10th edition. Boston: AddisonWesley, 2009.”

 

46 comentários em “H-ECO: Volatilidade nas taxas de câmbio no Brasil e na américa latina: teoria e prática”

  1. Algumas considerações sobre nosso trabalho:

    1) O melhor seria ter pego dados sobre taxas de câmbio nominal diários para todos os países, ou pelo menos dados mensais, pois nestes casos a volatilidade ficaria mais evidente. Entretanto, em nenhum local (FMI, Banco Mundial, BIS…) encontramos esses dados para todos os períodos colocados (seja para periodicidade diária ou mensal, sempre havia grandes ”buracos” nos bancos de dados) o que prejudicava a construção dos gráficos. Consideramos melhor então pegar dados anuais, os quais, apesar de talvez não refletirem bem a volatilidade do câmbio, pelo menos serviram para elucidar bem o que estava acontecendo na prática;

    2) Esquecemos de mencionar algo importante no post: tais dados sobre taxas de câmbio são MÉDIAS anuais, e não dados de fim de período. Como já dito pela professora em sala de aula, as médias para determinado período refletem mais fielmente o comportamento da variável naquele intervalo de tempo, relativamente aos dados de fim de período;

    3) Ao final do texto saiu um ”Assim, vê-se como a taxa de câmbio nominal nos países emergentes são muito suscetíveis a crises externas (…)”. A taxa de câmbio nominal ”é”, e não ”são”… =P sorry!

    1. Arthur, tudo bem?

      Gostaria e fazer uma pergunta ao grupo e, se possível, saber se vocês leram algo a respeito ou tem algum embasamento teórico que possa sanar minha dúvida. Meu questionamento é: a volatilidade do câmbio pode se tornar um dificultador de investimentos produtivos em países subdesenvolvidos?

      Essa questão me parece fazer sentido na medida em que investidores estrangeiros dificilmente saberiam converter lucros dos investimentos em reais para dólar no longo prazo. O valor do dólar tem flutuado entre R$2 e R$4 na maior parte do tempo nos últimos anos, o que com que os lucros líquidos do investidor, em Dólar, flutue demasiadamente. O câmbio fixo seria uma saída para tal problema?

      1. Olá Felipe, tudo bem, e você?

        Não lemos nada sobre este aspecto. Mas creio que faça sentido o que está falando. A incerteza e, portanto, o risco são uns dos determinantes que fundamentam a decisão dos investidores. Deste modo, com a volatilidade da taxa de câmbio, que se pode observar de maneira mais acentuada nos países subdesenvolvidos (por inúmeros motivos, dentre eles, como citado no post, o fato de o valor de suas moedas domésticas serem mais suscetíveis a crises externas), há um maior risco para o investidor estrangeiro que queira investir produtivamente no Brasil, por exemplo. Isso pode gerar um desincentivo ao investimento externo.

        O câmbio fixo pode ser sim uma solução para isso, ao meu ver. No entanto, tal regime tem sérias desvantagens, dentre elas a perca da autonomia da política monetária e o fato de fazer com que o país seja mais suscetível a crises cambiais, quando os investidores esperam que haja uma desvalorização cambial (que é benéfica para os interesses internos). Ou seja, é uma questão de trade-off: câmbio flexível tem a desvantagem da grande volatilidade; câmbio fixo as desvantagens acima citadas.

        Se quiser saber mais sobre as crises cambiais sob regime de câmbio fixo, sugiro que leia o capítulo 21 do Blanchard, lá ele explica direitinho tudo isso.

        Abraços

  2. Achei interessante o tema abordado num estudo apresentado no encontro da Anpec em 2013, que é a analise da relação entre a volatilidade da taxa real de câmbio e a diversificação da pauta de exportação no Brasil.
    A pesquisa define como diversificação da pauta de exportação “o número de produtos exportados pelo Brasil para cada um dos 53 parceiros comerciais considerados no estudo, no período compreendido entre 1999 a 2009”.
    Os resultados obtidos indicam que “a volatilidade da taxa real de câmbio causa uma redução na diversificação da pauta de exportação brasileira”, ou seja,o número de produtos exportados é negativamente relacionada à volatilidade da taxa real de câmbio.
    A pesquisa analisa as relações entre as variáveis através de três modelos. No primeiro modelo abordado (PPML-Pooled) percebe-se que um aumento de 1% na volatilidade na taxa de câmbio causa uma redução de 0,186% na diversificação da pauta de exportação, enquanto nos outro dois (PPML-Efeitos Aleatórios e PPML-Efeitos Fixos) percebe-se um impacto um pouco menor, onde uma variação positiva de 1% na volatilidade da taxa de câmbio gera uma redução de 0,045% na variável dependente.

    Fontes: https://www.anpec.org.br/encontro/2013/files_I/i7-c0c9c3334594b36ba6c9ccb8d7e1251a.pdf

  3. Visto que em países em desenvolvimento o câmbio volátil pode influenciar o processo de crescimento. Segundo o site pesquisado, as evidências sugerem que a volatilidade do câmbio afeta negativamente a taxa de crescimento do PIB per capita trimestral e do PIB trimestral. E as evidências empíricas sugerem que, particularmente para os países emergentes, é de fundamental importância a manutenção de uma taxa de câmbio real que mantenha a competitividade externa. Da mesma forma, os resultados sugerem que os formuladores de política econômica devem estar atentos à volatilidade da taxa de câmbio, tendo em vista seus efeitos negativos sobre o crescimento.

    Clique para acessar o FIN1850.pdf

    http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-31572011000400002

  4. Um fato interessante sobre o câmbio na América do Sul foi na Argentina em dezembro de 2015, onde o novo governo decidiu acabar com as restrições cambiais que eram impostas pelo governo da ex-presidente Cristina Kirchner, o que fez com quem o peso argentino perdesse entre 30% e 45% de seu valor frente à moeda dos Estados Unidos em poucos dias. Dessa forma, o ministro Prat-Gay decidiu por retomar a adoção de câmbio flutuante após 4 anos de regime oficial “com o objetivo de normalizar a economia”. Segundo especialistas, essa desvalorização deveria tornar as exportações competitivas e atrair mais investimentos estrangeiros para a Argentina.

    Em matéria da Revista Exame “Macri antecipa que haverá taxa de câmbio “única” para dólar” é possível entender um pouco da política adotada pela ex- presidente Cristina Kirchner, onde desde 2011, diante da impossibilidade de financiar nos mercados internacionais, o governo argentino intensificou a adoção de medidas para restringir o acesso a moeda norte americana, com o objetivo de evitar a sangria das reservas de divisas do Banco Central, utilizadas para pagar a elevada dívida pública argentina. O denominado “cepo ao dólar”, que procurou proteger o peso argentino da desvalorização, incluiu limitações às importações e à compra de divisas pela população e novas taxas sobre o uso de cartões de crédito no exterior, entre outras. Entretanto, estas medidas provocaram o florescimento de um mercado cambial paralelo , no qual o valor do dólar chegou a estar 72% acima do câmbio oficial.

    Caso alguém se interessar, pode conferir um gráfico com a cotação do Peso Argentino (ARS)/Dólar Americano (USD) gráfico dos últimos 720 dias no link: http://pt.exchangerates.org.uk/historico/ARS-USD.html#graphiques , onde é possível analisar os efeitos da intervenção do governo no câmbio.

    Fontes:
    http://g1.globo.com/economia/noticia/2015/12/dolar-dispara-na-argentina-apos-fim-de-restricoes-cambiais.html
    http://exame.abril.com.br/economia/noticias/macri-antecipa-que-havera-taxa-de-cambio-unico-para-dolar

  5. De acordo com o Mishkin, a abordagem moderna sobre volatilidade sugere que no mercado cambial como em qualquer outro mercado de ativos, as expectativas sobre o futuro são importantes, portanto quaisquer alterações de expectativas em variáveis como nível de preços, barreiras comerciais, inflação, produtividade, demanda por importação e exportação, oferta de moeda afetam o retorno esperado dos títulos domésticos e desse modo a taxa de câmbio, fazendo com que ela apresente alta volatilidade.
    No entanto, a maioria dos países emergentes tem medo da sua taxa de câmbio flutuar muito para cima (depreciação) pelo receio do efeito sobre a taxa de inflação. As autoridades monetárias desses países têm medo da volatilidade da taxa de câmbio em decorrência dos problemas estruturais como a maior volatilidade dos fluxos de capitais; a menor dimensão dos mercados de câmbio e financeiro; o descasamento de moedas, associado ao acúmulo de passivos externos e internos, denominados em moeda estrangeira; o coeficiente de repasse elevado das variações cambiais aos preços básicos; e a menor capacidade de ajuste da taxa de câmbio nominal por causa da menor diversificação de exportação de mercadorias. Assim, no regime de câmbio fixo o investidor não se preocupa com o risco de a taxa de câmbio variar, mas há uma forte dependência de reservas em dólares, enquanto o regime de câmbio flutuante, pode gerar fortes variações na taxa de câmbio (volatilidade).

    Clique para acessar o RegimeCambialUFRS.pdf

  6. Um fato interessante sobre o mercado cambial é que ele pode apresentar algumas “anomalias” que tornam a paridade descoberta da taxa de juros, da forma como apresentada pelo grupo, enviesada. A paridade descoberta da taxa de juros implica que o diferencial das taxas de juros é uma estimação para mudanças futuras na taxa de câmbio, considerando expectativas racionais, a estimativa das mudanças futuras da taxa de câmbio feitas a partir da paridade descoberta da taxa de juros devem ser não enviesadas. Empiricamente muitas vezes a hipótese de não viés é rejeitada, havendo duas principais explicações para o fato: a existência de prêmios de risco no mercado cambial e o erro de expectativas em relação ao câmbio (Peso Problem).
    Quando assume-se que os agentes do mercado de câmbio são avessos ao risco e que o risco no mercado cambial não é totalmente diversificável, o diferencial das taxas de juros não pode mais ser considerada uma forma de estimar a mudança esperada nas taxas de câmbio futuras. O diferencial das taxas de juros passa ser a expectativa de mudança no câmbio mais um prêmio de risco. Se o dólar for considerado mais arriscado que outra moeda, as taxas de juros americanas devem ser maiores, mesmo se a taxa de câmbio esperada não mudar.
    Outra forma de explicar o viés é a ocorrência de erros de expectativa. Nesse caso, assume-se que o prêmio de risco é constante ou não correlacionado com o desconto esperado. A existência de erros de previsão não necessariamente implica que o mercado não era eficiente ou que havia oportunidade de arbitragem inexploradas.Se os investidores encontram-se em um período de aprendizagem sobre flutuações do câmbio ou outras mudanças de regime, a expectativa de apreciação ou depreciação será afetada pela aprendizagem.Uma persistente apreciação do dólar entre 1980 e 1985 pode ser explicada pelo processo de aprendizagem sobre uma mudança não observada sobre a oferta de moeda nos Estados Unidos. A existência de erros sistemáticos de expectativas em relação ao câmbio em função do processo de aprendizagem sobre uma mudança não observada dos fundamentos econômicos é conhecida como “Problema do Peso” e não viola a hipótese de racionalidade.
    Fonte:
    FROOT, Kenneth A.; THALER, Richard H. Anomalies: foreign exchange. The Journal of Economic Perspectives, v. 4, n. 3, p. 179-192, 1990.

  7. Sobre a questão das taxa de câmbio nominal nos países emergentes ser altamente impactado por crises internacionais é um processo que se deve a forte dependência desses países com o comércio exterior, dado que a maioria dos países emergentes são grandes exportadores de commodities e logo qualquer crise internacional que afete o câmbio afetará esses países e também por outro motivo é o fluxo de capitais no mundo, pois quando há indícios de crises os investidores retiram seus investimentos de países com menor estabilidade, no caso dos emergentes, o que resulta numa enorme “fuga” de capitais, o que gera um desequilíbrio na balança de pagamentos. Lembrando que no caso dos países emergentes que apresentam câmbio flutuante, em épocas de crises há ainda o problema especulativo dos agentes para lucrar com a depreciação da moeda nacional o que intensifica ainda mais esse processo de volatilidade das taxas de câmbio.
    Uma perspectiva a sere ressaltada é que em sob o regime de metas de inflação o Banco Central por priorizar o controle da inflação, pode apenas utilizar sua política monetária para esse fim esquecendo das outras variáveis macroeconômicas como a taxa de câmbio.
    Um importante fato, quando se discute a volatilidade da taxa de juros é saber separar qual perspectiva está sendo utilizada, pois uma ponto é analisar a perspectiva sob a questão da chamada margem intensiva(volume monetário) e outra é analisar pela ótica da margem extensiva(número de produtos), pois como apontado no artigo de Carmo e Bittencourt sob a perspectiva da margem extensiva o impacto dessa volatilidade da taxa de juros faz com que empresa menos competitivas saiam do mercado internacional, diminuindo assim o número de produtos no mercado internacional e impactando na competitividade dos mercados.

    Fontes:
    CARMO, Alex Sander Souza do; BITTENCOURT, Maurício Vaz Lobo. O efeito da volatilidade da taxa de câmbio sobre o comércio internacional: uma investigação empírica sob a ótica da margem extensiva. Estudos Econômicos (São Paulo), v. 44, n. 4, p. 815-845, 2014.

    MISHKIN, Frederic S. The economics of money, banking, and financial markets. Pearson education, 2007.

  8. Quando se faz uma análise sobre a volatilidade cambial, encontra-se muitos pontos negativos, como os inúmeros citados nos comentários acima, creio que o mais importante é o aumento da incerteza associada ao futuro prejudicando a formação das expectativas, seja devido a fatores externos ou internos, no Brasil, um exemplo claro desse fato é a eleição do ex-presidente Lula para seu primeiro mandato, quando fazemos um cálculo grosseiro para a volatilidade cambial, como um desvio-padrão móvel, conseguimos perceber nitidamente o estresse que o mercado tinha à época, fazendo com que a taxa de câmbio se tornasse extremamente volátil, assim a incerteza originava-se tanto do cenário político como do câmbio. Dessa forma, a questão torna-se sobre como o Banco Central deveria operar para lidar com esse problema da volatilidade, sabemos, do modelo Mundell-Fleming, que intervenções diretamente no câmbio spot fazem que a política monetária perda eficácia. No caso brasileiro, o BCB vem utilizando nos últimos tempos de derivativos, mais especificamente os swaps cambiais, embora já tenha utilizado títulos atrelados ao dólar, intervenções diretas, dentre outras. Há alguns estudos que tentam comprovar os efeitos das intervenções sobre a volatilidade cambial, no entanto são muito ambíguos, alguns autores afirmam que as intervenções conseguiram cumprir seu propósito, outros pesquisadores já argumentam o oposto, afirmando que o BCB não conseguiu minimizar a volatilidade do câmbio. Assim, ainda resta conclusões mais contundentes sobre a ação do Banco Central.

  9. O colapso do acordo de Bretton Woods durante a década de 1970 gerou uma transformação gradual fazendo com que muitos países abandonassem o regime de câmbio fixo, passando a adotar o regime de câmbio flutuante. Isso gerou uma elevação na volatilidade da taxa de câmbio e muitos estudos tentam relacionar os efeitos da volatilidade cambial no crescimento econômico dos países. Os trabalhos que argumentam a favor de regimes cambiais flexíveis, partem da
    premissa de que a economia adquire uma maior capacidade de se ajustar aos choques econômicos. Contrapondo-se a essa premissa, temos pesquisas que afirmam que taxas de câmbio fixas conferem maior credibilidade institucional, o
    que implica em baixas taxas de inflação, menores custos de transação para o comércio internacional e os fluxos de capitais, gerando desse modo maiores níveis de crescimento econômico. Desse modo, as pesquisas sugerem que a volatilidade cambial influencia o crescimento econômico, sugerindo que os instrumentos de política monetária constituem importantes ferramentas para suavizar os choques ocorridos na economia dos países. No entanto, existe um grupo de estudos que defendem que o efeito da volatilidade cambial no crescimento econômico é negativo, dado à incerteza induzida pelo comportamento volátil do câmbio. As pesquisas sobre este tema, tem investigado o efeito das oscilações do câmbio no crescimento em diversos países. Verifica-se que a taxa de câmbio é aproximadamente três
    vezes mais volátil em países em desenvolvimento como o México, Chile e a África do Sul do que em países desenvolvidos como os Estados Unidos, França e a Itália sugerindo que estudos em países em desenvolvimento mostram-se mais relevantes, dado a magnitude da volatilidade nesses. Algumas pesquisas demonstram tanto teoricamente como empiricamente que volatilidade mais acentuada da taxa de câmbio em países em desenvolvimento pode advir do nível de desenvolvimento financeiro. Assim, oscilações cambiais fortes em países em desenvolvimento podem impactar negativamente no crescimento econômico, dado que diversas empresas, nacionais e internacionais, podem adiar suas decisões de investimento em tais países devido a alta volatilidade do câmbio. Já em países desenvolvidos, a volatilidade da taxa de câmbio praticamente não afeta o crescimento econômico, pois as empresas e bancos em mercados financeiros mais desenvolvidos possuem instrumentos para se protegerem contra as oscilações no câmbio.
    O administrador de empresas, diante da possibilidade do câmbio mais volátil impactar no processo de crescimento econômico nacional, adquire assim mais uma informação de extrema relevância que o possibilita definir com maior sintonia a estratégia para sua empresa, visto que pode definir o momento em que vai direcionar sua produção para o
    mercado, interno ou externo, fazer novos investimentos, dentre outras estratégias empresariais.

    Fonte:

    Clique para acessar o FIN1850.pdf

    1. Como iniciado pelo Guilherme que comentou sobre o colapso do Sistema de Bretton Woods no início da década de 70, gostaria de discorrer a respeito de diferentes visões das causas desse colapso e ao mesmo tempo procurar dar ênfase ao tema das taxas de câmbio.

      No entendimento de Barry Einchengreen, um dos mais renomados economistas sobre o assunto e ex-onselheiro do FMI, a sobrevida do Sistema de Bretton Woods decorreu de uma cooperação internacional que envolvia governos e BCs, especialmente mediante o oferecimento de suporte internacional coordenado às moedas fundamentais. Este sistema de cooperação (de certo modo externo ao acordo) acabou cumprindo o papel de mecanismo de ajuste do Sistema. Ela permitiu a estruturação de uma rede capaz de sustentar os acordos, que impediu o fim precoce da convertibilidade.
      Um exemplo que li sobre foi em 1961, quando o preço do dólar fora dos Estados Unidos tinha superado US$ 35 a onça troy de ouro e os países europeus, mediante a criação do “Gold Pool”, comprometeram-se a não converter seus dólares em ouro e, ademais, a vender ouro de suas reservas, de modo a sustentar a convertibilidade.
      Dessa forma, essa rede de acordos então existente explicaria porque o abalo da rede de sustentação da cooperação internacional coincidiu com o colapso do Sistema de Bretton Woods.

      Segundo ele, três eram as condições necessárias para a sobrevivência de um sistema monetário internacional: 1) certo grau de liberdade para a realização de mudanças na taxa de câmbio, de sorte a viabilizar ajustes de preços relativos indispensáveis; 2) regras monetárias ótimas, que mediante a construção de reputação pela autoridade monetária sejam capazes de atribuir credibilidade às decisões de política econômica, não afetando os níveis de taxa de câmbio desejados pelo Banco Central; e 3) capacidade de conter pressões de mercado, de modo a não comprometer a credibilidade da autoridade monetária. Na prática, BW só possuía a terceira em sua forma mais ampla.

      Deste modo, Eichengreen atribui o colapso do Sistema à inobservância das condições necessárias (citadas acima) para a sobrevivência de um sistema monetário internacional. Isto é, a priorização de objetivos econômicos domésticos frente o de seus pares, violando assim a rede de acordos e cooperação existente.

      Já Robert Triffin atribui o colapso do Sistema de Bretton Woods aos efeitos da expansão do dólar no mercado internacional, que se por um lado permitia o crescimento do comércio global, por outro abalava o regime de convertibilidade. Ele argumentou que, uma vez que o volume de comércio aumentava com o tempo, qualquer sistema de taxas fixas de câmbio necessitava de um aumento do dinheiro internacionalmente aceito, com a finalidade de financiar o comércio e investimentos crescentes. É o chamado Dilema de Triffin. O único caminho para colocar esses dólares nas mãos do restante do mundo era o déficit na balança de pagamentos norte-americana.

      Franklin Serrano, por sua vez, contesta a tese de Triffin, alegando que esta supõe nula velocidade de circulação do ouro. Para Serrano, os fluxos brutos internacionais de capitais faziam com que a velocidade de circulação do ouro pudesse crescer sem limites. Ou seja, como os empréstimos americanos de longo prazo retornavam aos Estados Unidos sob a forma de empréstimos de curto prazo, não ocorria alteração do volume de reservas em ouro e a velocidade de circulação do ouro superava a unidade.

      Com efeito, o Sistema de Bretton Woods não teria entrado em colapso por conta dos problemas relacionados ao paradoxo de Triffin, mas sim pela necessidade de realinhamento cambial do dólar diante da necessidade de recomposição da competitividade da economia americana, abalada por conta do avanço das economias européias e da economia japonesa. Como a simples desvalorização do dólar poderia gerar uma fuga para o ouro, colocando em risco a sua condição do dólar de moeda internacional e, ao cabo, impondo a restrição de balanço de pagamentos à economia americana, esta opção era refutada pelo governo americano.

      Fontes:

      EICHENGREEN, B.
      A globalização do capital: uma história do sistema monetário internacional. São Paulo: Editora 34, 2000.

      SERRANO, F. Do ouro imóvel ao dólar flexível. Economia e Sociedade, Campinas, v.11, n.2, p.237-53, jul./dez. 2002.

      Iniciação Científica própria

  10. A elevada instabilidade relacionada ao câmbio tem sido uma característica marcante da economia brasileira nos últimos anos. Em muitos trabalhos analisados tem sido mostrado a volatilidade cambial pode afetar negativamente variáveis reais como investimento, exportações e crescimento.
    Alguns estudos têm apresentado resultados que visam contribuir para o entendimento das causas da variabilidade cambial. Divereux & Engel (2002) mostram que tanto no caso da taxa nominal como da taxa real de câmbio a volatilidade pode ser derivada de certa rigidez das variáveis macroeconômicas a choques cambiais.
    Outra possível causa da volatilidade da taxa real efetiva seria o grau de abertura comercial. Evidências desse efeito são apresentadas por Hou (2002), que justifica tal relação argumentando que quanto menor a abertura comercial, maior o impacto de choques macroeconômicos sobre os movimentos da taxa de câmbio real efetiva.
    Em síntese, os aspectos que aparecem com frequência na literatura como sendo potenciais causadores da volatilidade cambial são: rigidez de preços, baixo nível de desenvolvimento dos mercados financeiros domésticos (no que se refere à capacidade de absorver choques macroeconômicos) e grau de abertura comercial.

    No Brasil, o regime de metas para inflação tem como principal instrumento as operações de mercado aberto, e a variável utilizada frequentemente para analisar os movimentos da política monetária é a taxa SELIC. Dessa forma, a investigação sobre a relação entre volatilidade da taxa de câmbio real efetiva e da taxa de juros é, para o caso brasileiro, um desenvolvimento empírico que se insere na lógica da NOEM, no que se refere aos impactos da política monetária sobre a dinâmica da taxa de câmbio real.

    http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-80502013000300006

      1. De acordo com o artigo que a Marcelle deixou como fonte, NOEM é a sigla para New open-economy macroeconomics. Que seriam modelos que apresentam soluções explícitas para a variância da taxa de câmbio, enfatizando também a relação entre câmbio e a política monetária. Ainda de acordo com Cerqueira (2013), autor do artigo fonte, essa abordagem teria sido apresentada por Obstfeld & Rogoff (1995) e Obstfeld (2000), através de modelos de equilíbrio geral com microfundamentos e rigidez de preços e salários. Eles contemplariam, além disso, imperfeições de mercado como: incompletude de mercados, concorrência monopolística, assimetria de informação etc. Ou seja, a NOEM tem buscaria reavaliar os resultados convencionais sobre os canais de transmissão dos choques cambiais e monetários.

  11. A volatilidade cambial pode ocorrer devido a problemas de credibilidade no governo ou na autoridade monetária. Nos países emergentes é mais comum ver a dolarização das dividas e uma limitação da habilidade dos bancos centrais agirem como efetivos emprestadores de última instância. Esses são alguns fatores que contribuem para o aumento medo que o câmbio tenha grandes picos de flutuação.

    De uma forma geral, a taxa de câmbio e seus impactos sobre a competitividade externa dos países são elementos integrantes de uma estratégia de desenvolvimento econômico. Pois a valorização cambial esta associada à uma piora nas contas externas, quando aprofundada se traduz numa crise no balanço de pagamentos em decorrência da piora dos indicadores externos de endividamento. Há, portanto, uma “armadilha” no processo de crescimento associada à valorização cambial e a deterioração das condições de competitividade externa.

    O efeito da volatilidade cambial sobre as decisões de investimento é outro canal de que pode afetar a economia. Uma taxa de câmbio volátil pode aumentar o grau de incerteza com relação ao futuro, fazendo com que as empresas decidam postergar a decisão de investimento e as pessoas retenham mais moeda. Isso contribui para a queda do investimento na economia.

    Clique para acessar o 200807210954510-.pdf

  12. Sobre o tema: achei um paper publicado no 38ª Encontro da ANPAD, em 2014, que trata sobre o “Efeito da Volatilidade da Taxa de Câmbio no Crescimento Econômico Brasileiro”.
    Ele usa medidas de Volatilidade Cambial Real (VCR) e Volatilidade Cambial Nominal (VCN) com a intenção de encontrar variações da taxa de câmbio real ou nominal que possam explicar a taxa de crescimento do PIB per capita trimestral e do PIB trimestral.
    A conclusão faz sentido, uma vez que o estudo evidencia que “a volatilidade do câmbio afeta negativamente a taxa de crescimento do PIB per capita trimestral e do PIB trimestral no Brasil”.
    Essa conclusão faz sentido, pois um ambiente de muita volatilidade traz consigo muito riscos, fazendo com que os agentes cujo espírito animal não seja tão “feroz” deixem de investir e fomentar o crescimento econômico. Como o mercado de capitais brasileiro não é tão desenvolvido, os agentes não encontram instrumentos financeiros suficientemente baratos para hedgear suas operações, e se protegerem da alta volatilidade a um baixo custo.
    Outra informação interessante obtida com esse estudo, foi de que “quando os efeitos são verificados ao longo de um período de 4 trimestres, a média móvel carrega os efeitos de um trimestre para os outros trimestres, permanecendo este impacto por mais tempo e ocasionando este efeito negativo da volatilidade da taxa de câmbio sobre o crescimento econômico”.
    Pelo que entendi, essa parte diz respeito ao processo de reformulação das expectativas dos agentes; se os dados permanecem mostrando um cenário de incerteza por um longo período (4 tri), essa informação de um “ambiente instável” vai se enraizando no subconsciente dos agentes, fazendo com que os efeitos negativos desse cenário sobre o PIB perdurem por um tempo maior do que o tempo de duração dos períodos de alta volatilidade relativa da taxa de câmbio.

    Fonte:

    Clique para acessar o FIN1850.pdf

  13. Se a taxa real de câmbio aumenta, os produtos estrangeiros se tornam mais caros em relação aos domésticos: cada unidade de produção interna compra agora menos unidades de produção externa. Os consumidores estrangeiros responderão a essa mudança de preços demandando mais de nossas exportações. Assim, essa resposta dos estrangeiros aumentará EX e tenderá a melhorar as transações correntes do país doméstico. No entanto, os efeitos da taxa de câmbio sobre as relações econômicas internacionais vão além desse simples impacto, de modo que sua volatilidade pode impactar o comércio no sentido de reduzi-lo e impedrir seu crescimento.
    No curto prazo pode-se destacar a elevação das demandas por protecionismo e a redução dos incentivos por parte dos agentes em formalizar contratos que dependam da previsibilidade da taxa de câmbio.
    Já no longo prazo, a volatilidade tende a dificultar a reestruturação produtiva em favor do comércio e movimento internacional de fatores, ela reduz o horizonte de decisões do agente, tornando as relações menos atrativas.
    Sendo assim, há argumentos que afirmam que a volatilidade cambial conspira contra a globalização produtiva.

    Fonte: http://www.usp.br/prolam/marcio.pdf

  14. De certo modo mesmo volatilidade observada na prática, se fossem coletados dados sobre taxas de câmbio nominal diários, para os países latino americanos no câmbio não demonstra exatamente uma violação das hipóteses para que seja válida a condição de paridade de juros, sendo estas hipóteses a livre mobilidade de capitais e substituição perfeita entre ativos monetários quanto ao risco e liquidez. O risco de instabilidade devido às crises monetárias ao qual os países estão sujeitos poderia ser incorporado à paridade do seguinte modo:

    Paridade sem levar em conta o risco : Et = Eet+1 / (1+ if – id)
    Paridade com risco incorporado : Et = Eet+1 / (1+if – id + &)

    Onde “&” seria um termo que incorpora à expectativa dos agentes a incerteza quanto à instabilidade, de modo que um aumento na expectativa de instabilidade (risco) no país doméstico levaria a uma desvalorização na moeda doméstica. Porém a medida de risco seria muito sútil e extremamente volátil, o que explicaria uma parte da volatilidade incerta da taxa de câmbio, principalmente nos países emergentes com instituições mais “fracas” quanto à defesa da estabilidade nos seus mercados.
    Esse modelo nos foi apresentado na disciplina de Estudo dos Problemas Econômicos Atuais, pelo Prof. Bobik Braga, de uma forma mais sucinta (já que este não é o foco da disciplina).
    Essa formulação é condizente com a relação de paridade de juros que temos estudado?

  15. O artigo realiza, no caso brasileiro, uma análise ex-post da situação cambial – o que não é um equívoco, mas poderia ser um pouco mais amplificado em termos. Eis a situação: quando a mudança da moeda, parte da ideia de agregar valor a ela (e manter esse valor, afastando o fantasma da hiperinflação) adveio da transição através da Unidade Real de Valor (ou simplesmente URV) e outra parte veio da manutenção deste poder de compra internacional através de uma âncora cambial – o que, após todo o período, comprovou-se não ser a melhor ideia do mundo mas a mais executável àquela época. Esvaziaram-se as reservas cambiais brasileiras (também devido às crises da Rússia e do México), mas, mesmo sendo um exercício complexo de “tentar reescrever a história”, é complicado imaginar se o Real teria sobrevivido a tantas questões se não tivesse passado por um período ancorado.
    Quanto ao fato do câmbio nos países emergentes ser suscetível, deve ser ressaltado que isso se deve a, dentre outros fatores, o fato de sua preponderância quando dos investimentos externos especulativos – realidade que tem mudado ultimamente, mas ainda continua ativa – e também de sua dependência sempre notável de expectativas externas. Quanto a este último ponto, a China tem mudado sua realidade e a Índia também, mas Rússia segue dependente do gás vendido a Europa e o Brasil de sua força agroexportadora primária. Parece ser uma questão distante, mas o fator desenvolvimento faz diferença ao longo do tempo – e, como observado, câmbio não é uma questão de vontade política/econômica, mas de fluxo de capitais (e de quanto deste capital é volátil e quanto “vem para ficar” em investimentos produtivos).
    Em breve iremos experimentar uma nova rodada de mudanças em nosso país no quesito câmbio, haja vista que está próxima – ou ao menos é bastante anunciada – uma abertura ao capital externo em vias produtivas em parcerias de infra-estrutura. Garantindo condições interessantes para quem investe e retorno em bem-estar para quem vier a se beneficiar dos serviços (o que reforçará o anseio de continuidade destas parcerias), podemos, ao longo do tempo, aumentar a razão de capital produtivo e reduzir a de capital especulativo em terras brasileiras.

  16. Pesquisando sobre o assunto, encontrei dois artigos interessantes sobre a volatilidade da taxa de câmbio. No primeiro, os autores analisam a eficácia das intervenções do Bacen sobre a volatilidade da taxa de câmbio. No período analisado, entre janeiro de 1999 e dezembro de 2006, o Banco Central do Brasil utilizou diversos instrumentos de intervenção no mercado cambial. Ele utilizou instrumentos tradicionais como compra e venda de moeda estrangeira no mercado à vista e taxa de juros doméstica (SELIC). Ao mesmo tempo, utilizou outros instrumentos não tradicionais, que são derivativos da taxa de câmbio nominal, como títulos públicos indexados ao dólar e swaps cambiais. Os resultados encontrados pelos autores, sugerem que a política de intervenção do câmbio foi eficaz a partir da crise cambial do primeiro semestre de 1999, pois o BC implementou um conjunto de políticas macroeconômicas consistentes que permitiram que as intervenções no mercado cambial sinalizassem melhor para o mercado sua futura política monetária.

    No segundo artigo, o autor investiga a relação entre a taxa de juros e a volatilidade da taxa de câmbio no Brasil. Segundo o autor, os aspectos que aparecem com frequência na literatura como sendo potenciais causadores da volatilidade cambial são: rigidez de preços, baixo nível de desenvolvimento dos mercados financeiros domésticos (no que se refere à capacidade de absorver choques macroeconômicos) e grau de abertura comercial. Como foi visto, esses aspectos podem interagir e afetar simultaneamente a variabilidade cambial. Ressalta-se que esses fatores, além de impactarem diretamente, tenderiam a amplificar os eventuais efeitos da política monetária sobre a volatilidade da taxa de câmbio real.
    No artigo, o autor conclui que não é possível afirmar que a volatilidade da taxa de câmbio real efetiva e a taxa de juros (nominal ou real) sejam independentes, houve evidência de que a variância da taxa de câmbio real efetiva é afetada pelos choques defasados na média e na variância da taxa de juros.

    Clique para acessar o v65n1a05.pdf

    Clique para acessar o a06v17n3.pdf

  17. Sabendo que a paridade da taxa de juros descrita na equação do post representa uma condição de equilíbrio para o mercado de câmbio, é interessante a exploração dos efeitos que a volatilidade nas taxas de câmbio em países da América Latina têm sobre suas respectivas taxas de crescimento econômico e, consequentemente, sobre a vida de seus cidadãos. O post do grupo, portanto, reforça as conexões existentes entre as variáveis descritas acima com ilustrações gráficas dos efeitos discutidos e, dessa forma, estimula a busca por mais informação sobre o tema.

    Nesse sentido, o seguinte artigo apresenta teorias e evidências para economias em desenvolvimento e emergentes a partir da discussão da relevância da volatilidade cambial nesse contexto: https://www.researchgate.net/profile/Eliane_Araujo2/publication/227368009_Volatilidade_Cambial_e_Crescimento_Econmico_Teorias_e_Evidncias_para_Economias_em_Desenvolvimento_e_Emergentes_(1980_e_2007)/links/00463519e877d74f60000000.pdf

    Nesse artigo, a autora explora os meios pelos quais a volatilidade cambial influencia o crescimento de economias, em especial, economias em desenvolvimento e emergentes. Segundo à mesma, dentre os principais meios, podem-se destacar os investimentos, os fluxos comerciais e o mercado de capital.

    O trabalho se desenvolve a partir da análise de dados em painel acerca de noventa países emergentes e em desenvolvimento, cobrindo um período de aproximadamente três décadas. A conclusão demonstra os efeitos negativos que a volatilidade cambial tem sobre o crescimento dessas economias e sugere que as políticas devem ser voltadas a contribuir para uma maior estabilidade cambial.

  18. Em pesquisa na web, pude encontrar um trabalho científico em que, mesmo não tratando especificamente do caso de países emergentes da América Latina, realiza uma análise da relação entre volatilidade cambial e crescimento econômico comparando países em desenvolvimento e países emergentes. Por julgar relevante para o temo, trago as conclusões apresentadas no mesmo.
    Após regressões econométricas e análise e painel dinâmico, os autores autores discutiram que a abertura da economia aos fluxos de capitais amplifica a volatilidade das taxas de câmbio nos países emergentes e em desenvolvimento, que fica à mercê de entrada e saída de capitais do país. Afirmaram ainda que essa maior volatilidade de capital é prejudicial aos projetos de investimento, aos fluxos de comércio e estabilidade econômica. Apontou-se que a solução desses problemas passa pela administração da taxa de câmbio e blindagem da conta de capital e financeira.
    Na parte empírica, os dados e o modelo utilizado indicaram um impacto negativo e altamente significante da volatilidade cambial sobre o crescimento econômico, confirmando a predição teórica de que a instabilidade cambial tem efeitos negativos para a economia real.

    Clique para acessar o 39.pdf

  19. Para as taxas de câmbio no Curto Prazo, temos que são determinadas diante do valor dos depósitos nacionais (denominados em moeda nacional) em relação aos depósitos estrangeiros (denominados em moeda estrangeira), sendo a taxa de câmbio de curto prazo determinada pela abordagem do mercado de ativos, embasada na teoria do portfólio.
    Para analisar o mercado de ativos, buscamos compreender a oferta e demanda de tais, para assim melhor determinar a taxa de câmbio.
    A curva de oferta de ativos domésticos é tomada como um valor fixo em relação à taxa de câmbio, pois tomamos como fixo os ativos oferecidos em moeda doméstica e a quantidade de títulos e ações.
    Já para curva de demanda para ativos domésticos, o mais importante é analisar a quantidade de ativos demandados em relação ao seu retorno esperado. A curva se plota de maneira negativa, pois diante de taxas de câmbios mais baixas, mais ativos serão demandados diante da expectativa de alta e, com a alta, um maior retorno.
    Dado o equilíbrio, um excesso de oferta de ativos, mais pessoas querem vender ativos em dólar e há uma desvalorização. Similarmente, se a taxa de câmbio é menor que a de equilíbrio, há excesso de demanda, acarretando em uma alta cambial.

  20. Buscando a estabilidade monetário o Governo implanta o Plano Real , a partir de meados de 1994, baseando-se em um regime explícito e flexível de bandas cambiais. Este regime de bandas de flutuação representa uma tentativa de introduzir certa flexibilidade na taxa de câmbio nominal a fim de responder a mudanças nas condições externas e internas do país e manter o mercado informado do valor nominal , a taxa central da banda, de maneira a estabilizar as expectativas.
    A combinação de taxa flutuante com juros elevados, utilizada para fixar as bandas cambiais, conduziu, contudo, a uma apreciação do câmbio, deteriorando a balança comercial. Além disto, a política de juros elevados levou a um aumento da dívida interna, que com a crise financeira asiática e russa, no final de 97 e 98, respectivamente, afetou a confiabilidade dos investidores externos, ocasionando, então, a PERDA de reservas da ordem de US$40 bilhões.
    Com intuito de tentar conter a perda de reservas, em 13 de janeiro de 1999, o Banco Central ampliou a banda cambial e aumentou suas intervenções nos mercados pronto e futuro.
    Contudo, o ajuste inicial – aumento da banda – mostrou-se pequeno e as novas elevações nas taxas de juros foram ineficientes. Como a fuga de capital continuou em ritmo acelerado, o Banco Central, deixou que o Real passasse a flutuar livremente. Houve uma forte desvalorização do Real, que de R$1,21/US$ alcançou uma média de R$1,52/US$ em janeiro, R$1,91/US$ em fevereiro e R$1,90/US$ em março.
    Em suma, o regime cambial brasileiro, tradicionalmente de taxas fixas e restrição cambial, com minidesvalorizações cambiais, seguindo o enfoque de paridade do poder de compra, após uma rápida incursão no regime de taxas flutuantes com crescente conversibilidade no início dos anos 1990, deslocou-se para o regime de taxa de câmbio fixa e alta conversibilidade, com a predominância do enfoque das metas reais. A partir de 1994, com a implantação do regime de Bandas Cambiais mudou-se para o enfoque de âncora cambial (enfoque pelo qual uma vez fixado a taxa de câmbio as outras variáveis macroeconômicas nominais se ajustam, não afetando portanto as variáveis reais), visando a estabilização dos preços, e finalmente, com a crise financeira, o câmbio foi liberado para flutuar sem a intervenção do governo.
    Os regimes de flutuação suja concedem aos países emergentes graus de liberdade significativos na gestão da política cambial. No âmbito desses regimes, esses países podem optar por distintos formatos institucionais, objetivos e metas, bem como pela adoção das técnicas de administração dos fluxos de capitais que ampliam os graus de liberdade da política cambial (atenuando os conflitos com a política monetária) e a eficácia da intervenção, em momentos de excesso e escassez de divisas.

  21. Encontrei um artigo legal que relaciona a volatilidade de cambio com crescimento econômico, fazendo comparações entre países desenvolvidos e em desenvolvimento.

    A consideração que o autor chega empiricamente é que para os países emergentes, tanto a depreciação relativa com relação ao equilíbrio de longo prazo quanto a volatilidade da taxa de câmbio real apresentaram-se relevantes para o crescimento econômico. A escolha do regime cambial também se apresentou estatisticamente significativa e de certa forma determinante para o crescimento. No entanto o autor ainda aponta que a depreciação relativa foi a variável mais importante para o crescimento. A volatilidade cambial e a escolha do regime de câmbio, respectivamente, foram menos relevantes. Estes resultados corroboram a visão de que a depreciação da taxa de câmbio real se constituiu numa peça importante do modelo de crescimento do tipo export led¹ seguido por um amplo conjunto de economias emergentes.

    1 – O modelo export-led consiste num modelo em que o crescimento é impulsionado pelo aumento do coeficiente de exportações, de tal forma que a economia emergente possa, a médio e longo-prazo, alcançar os níveis de abertura comercial observados nos países desenvolvidos.

    Artigo : Taxa de câmbio real e crescimento econômico: uma comparação entre economias emergentes e desenvolvidas
    Autores: Marcos RochaI; Marcelo CuradoII; Daniel DamianiIII

  22. Hoje, caros leitores, trago para discussão um estudo de, Eliane Araújo (Araújo, 2010) que, apesar de um pouco defasado (utiliza dados em painel de 90 países, entre 1980 e 2007), vem somar com o tema descrito até aqui. Nele, investiga-se a relação entre crescimento econômico e volatilidade cambial em países emergentes e em desenvolvimento (caso do Brasil).
    Como base teórica, apresenta-se que a literatura empírica, até aquele momento, não tem posição conclusiva sobre a relação entre volatilidade cambial e crescimento econômico, quando utiliza-se no estudo os regimes de câmbio (essa investigação torna-se problemática à medida que existem grandes diferenças na classificação dos regimes cambiais), Com isso, utiliza como canais de influência os investimentos, fluxos de comércio, choques assimétricos e mercado de capitais para desenvolver a análise empírica.
    Enfim, o modelo mostrou um “impacto negativo e altamente significante da volatilidade cambial sobre o crescimento econômico”, ou seja, a economia real sofre efeitos negativos em cenário de instabilidade cambial. Conclui-se o texto sinalizando a importância de taxas de câmbio estáveis para economias em crescimento.

    FONTE: http://www.anpec.org.br/revista/vol12/vol12n2p187_213.pdf

  23. A determinação de curto prazo do câmbio se dá na perspectiva financeira a partir da decisão de alocação de portfólio que impacta no movimento do câmbio de curto prazo, e que será sintetizado na Paridade de Juros a Descoberto a partir da Teoria do Portfolio. Já no longo prazo o movimento do câmbio é afetado por aspectos reais do comércio como competitividade, comportamento da renda e principalmente nível de preços relativos dos países, esse último, é impactado por demanda do bem doméstico, demanda do bem estrangeiro, ocorrência de barreiras comerciais ou diferencial de produtividade. A conexão entre o curto prazo e o longo é realizada através das expectativas racionais dos agentes sobre o que vai acontecer com o câmbio no longo prazo, sendo que essas expectativas afetam suas decisões de curto prazo. Essa conexão e a volatilidade, que é observada no mundo real e principalmente no Brasil, são as questões que o modelo IS-LM-BP não consegue explicar bem, porque nele temos efeitos de curto e longo prazo misturados na compreensão do que ocorre com o câmbio. Por isso temos essa abordagem moderna do movimento do câmbio no curto prazo a partir da Teoria do Portfolio e da Paridade de Juros a Descoberto, e no longo prazo a partir da Paridade do Poder de Compra.

    A volatilidade do câmbio no quadro recente, segundo o texto linkado abaixo, onde foram usados dados do IPEA, possui um fator causal externo que é a incerteza do FED envolvendo um possível aumento da taxa de juros americana, e um fator doméstico, que seriam as recessões nos anos de 2015 e 2016, além do baixo crescimento esperado para os anos 2017 e 2018.

    http://econforreal.blogspot.com.br/2015/10/impactos-da-volatilidade-da-taxa-de.html

  24. Em relação às intervenções Banco Central do Brasil no mercado cambial durante a crise do Subprime em 2008, vale ressaltar que as reservas internacionais tiveram papel importante na reação do Brasil à crise. Historicamente, os choques internacionais geravam uma perda de confiança no país, depreciação cambial e elevação da dívida pública, uma vez que o país era devedor líquido em dólar, que gerava mais perda de confiança e alimentava ciclo vicioso.

    Nesta crise, com o volume de reservas muito superior ao passivo cambial do governo, a apreciação cambial gerou uma diminuição da relação dívida/PIB o que cortou o ciclo vicioso e facilitou a saída da crise. A gama de medidas disponíveis para o Banco Central do Brasil durante esse período é resultado da política de acumulação de reservas adotada pelo país, principalmente a partir de 2006. Tal volume de reservas permitiu que o Brasil pudesse atuar no mercado de câmbio de diversas formas. Além disto, o volume de reservas foi fundamental para a sinalização de medidas de política monetária para acalmar os investidores.

    Entre as ferramentas de atuação do Banco Central no mercado de câmbio para atenuar a crise internacional encontram-se as intervenções no mercado à vista, os swaps cambiais, bem como leilões de venda com compromisso de recompra e operações de empréstimos em moedas estrangeiras.

    fonte:

    Clique para acessar o 2010_PabloJoseCamposCarvalho.pdf

  25. As implicações do Prêmio de risco na formação das taxas de câmbio de equilíbrio, na eficácia das políticas de esterilização e na determinação das taxas de investimento dos agentes é discutida por Garcia e Olivares(2001). No artigo analisado, os autores, utilizando-se dos modelos de Fama e o filtro de Kalman, chegaram à conclusão de que a única forma de reduzir os juros reais da economia brasileira é por meio de reformas que objetivem a diminuição dos riscos macroeconômicos. Desta forma, a melhora das expectativas de longo prazo da economia terão efeitos benéficos para o crescimento econômico.
    Fonte: http://www.scielo.br/pdf/rbe/v55n2/a01v55n2.pdf

  26. Como apontado no post dos nossos colegas, a taxa de câmbio nominal nos países emergentes é muito suscetível à crises externas. Acho uma importante contribuição ao debate procurar analisar o cenário atual. Podemos notar que a recuperação econômica dos Estados Unidos, juntamente com a desaceleração da China e a queda do preço das matérias primas, são fatores que provocaram uma maior volatilidade das moedas da América Latina em relação ao dólar durante o último ano, principalmente em países nos quais as intervenções do BC são menos frequentes. Um exemplo oposto seria o caso do Peru, no qual as taxas de câmbio apresentam maior estabilidade, devido a maior intervenção do BC. No caso do México, recentemente, em fevereiro, houve uma modificação de política que desativaram o mecanismo de intervenção.

    Sobre o caso do Peru, encontrei um texto que compara o seu desempenho nos últimos anos com o restante da América Latina, caso tenham interesse, segue o link https://www.bloomberg.com.br/2015/10/07/intervencoes-do-banco-central-peruano-escora-elasticidade-das-moedas-da-america-latina/

  27. A recuperação e a retomada do crescimento da economia Brasileira, deve ser baseada em uma taxa de câmbio, competitiva, estável e sustentável, sendo que o desequilíbrio macroeconômico que o Brasil enfrenta desde o início dos anos 1990 vem de uma sobreapreciação cambial, um movimento que desestimula os investimentos, desindustrializa gradualmente o país e acaba por elevar os salários reais e demais custos domésticos, reduzindo a competitividade do país e o ânimo dos empresários.
    Desta forma, tanto para o Brasil, quanto para os países da América Latina e outros países em desenvolvimento, a taxa de câmbio é o preço macroeconômico mais importante, uma vez que somos financeiramente vulneráveis aos ataques especulativos, ao endividamento excessivo e as sudden stops. Este ponto é claramente observável quando analisamos as volatilidades durante certos momentos históricos, explicando assim, porque as instituições financeiras têm tanto interesse em acompanhar suas flutuações e estudar a sua trajetória.

    Fontes:
    http://www.valor.com.br/opiniao/2787272/sustentabilidade-da-taxa-de-cambio
    http://www.valor.com.br/opiniao/4459750/reformas-e-taxa-de-cambio

  28. Krugman criou dois modelos de crise cambial, no modelo canonico de crise cambial, segundo Krugman, em uma economia com perfeita mobilidade de capital, a crise é resultado de uma inconsistencia basica entre politicas domésticas, usualmente devido a emissão de papel moeda para financiar déficits fiscais, aliada da tentativa da manutenção de uma politica de cambio fixo.
    Tal emissão de moeda acarreta em inflação, produzindo assim, uma redução progressiva e gradual das reservas externas, no momento em que o preço sombra passa a ser maior que o valor da taxa de cambio (Fixado pelo governo), os especuladores iniciam o processo de ataque de estoque de reservas cambiais.
    Ou seja, a crise se origina no desequilibrio do setor publico, que lança moeda para cobrir um déficit fiscal, que leva a um ataque especulativo e consequente fuga de capital, revelando a inconsistencia na politica cambial do governo, precipitando assim, a crise no balanço de pagamento e desvalorização cambial.

  29. Em uma abordagem interessante sobre a volatilidade das taxas de câmbio e juros em países periféricos, Pedro Rossi relata que em regimes de câmbio flutuante com livre mobilidade de capitais, os países da periferia têm autonomia de política monetária restrita, já os países do centro têm autonomia total.
    O elemento responsável por essa distinção está na conversão da moeda, de forma que, ao contrário dos países periféricos, os países com moedas conversíveis usufruem autonomia da política monetária associada à liberdade de capitais. De acordo com ele, a grande volatilidade da taxa de câmbio gera conseqüências econômicas negativas para essas economias periféricas.
    Os países com padrão de desempenho financeiro de baixa qualidade têm a opção de usar a taxa de juros como um instrumento para afetar a volatilidade e o patamar da taxa de câmbio. Entretanto, a própria volatilidade da taxa de juros, por se tratar de um preço central para a economia, também pode produzir efeitos econômicos negativos.

    http://www.revistaoikos.org/seer/index.php/oikos/article/download/197/131

  30. A conta de capital parece ser a chave para entendermos a alta volatilidade em curto prazo do câmbio em países emergentes. Em momentos de crises, como aqueles salientados pelos gráficos apresentados, a fuga de capital gerou impacto negativo na taxa de câmbio, desvalorizando a moeda doméstica dos países emergentes.
    Como explicado pelo Mishkin em curto prazo a taxa de câmbio é o preço de um ativo, no caso moeda estrangeiro. E embora os efeitos de longo prazo (nível relativo de preços, barreiras tarifárias, preferência por bens domésticos e produtividade) tenham participação na determinação do cambio é principalmente na demanda e oferta de moeda estrangeira que verificamos a determinação do câmbio.
    A relação baixo crescimento econômico com volatilidade do câmbio me parece ter alguma endogeneidade. O baixo nível de desenvolvimento dos mercados financeiros, a pouca abertura comercial e a inflação (cujo câmbio tem forte impacto), talvez expliquem em termos tanto baixo crescimento quanto alta volatilidade do câmbio.

  31. A determinação de curto prazo do câmbio se dá na perspectiva financeira a partir da decisão de alocação de portfólio que impacta no movimento do câmbio de curto prazo, e que será sintetizado na Paridade de Juros a Descoberto a partir da Teoria do Portfolio. Já no longo prazo o movimento do câmbio é afetado por aspectos reais do comércio como competitividade, comportamento da renda e principalmente nível de preços relativos dos países, esse último, é impactado por demanda do bem doméstico, demanda do bem estrangeiro, ocorrência de barreiras comerciais ou diferencial de produtividade. A conexão entre o curto prazo e o longo é realizada através das expectativas racionais dos agentes sobre o que vai acontecer com o câmbio no longo prazo, e essas expectativas vão afetar suas decisões de curto prazo. Essa conexão e a volatilidade, que é observada no mundo real e principalmente no Brasil são as questões que o modelo IS-LM-BP não consegue explicar bem, porque nele temos efeitos de curto e longo prazo misturados na compreensão do que ocorre com o câmbio. Por isso temos essa abordagem moderna do movimento do câmbio no curto prazo a partir da Teoria do Portfolio e da Paridade de Juros a Descoberto, e no longo prazo a partir da Paridade do Poder de Compra.

    A volatilidade do câmbio no quadro recente, segundo o texto linkado abaixo, onde foram usados dados do IPEA, possui um fator causal externo que é a incerteza do FED envolvendo um possível aumento da taxa de juros americana, e um fator doméstico, que seriam as recessões nos anos de 2015 e 2016, além do baixo crescimento esperado para os anos 2017 e 2018.

    http://econforreal.blogspot.com.br/2015/10/impactos-da-volatilidade-da-taxa-de.html

  32. A determinação de curto prazo do câmbio se dá na perspectiva financeira a partir da decisão de alocação de portfólio que impacta no movimento do câmbio de curto prazo, e que será sintetizado na Paridade de Juros a Descoberto a partir da Teoria do Portfolio. Já no longo prazo o movimento do câmbio é afetado por aspectos reais do comércio como competitividade, comportamento da renda e principalmente nível de preços relativos dos países, esse último, é impactado por demanda do bem doméstico, demanda do bem estrangeiro, ocorrência de barreiras comerciais ou diferencial de produtividade. A conexão entre o curto prazo e o longo é realizada através das expectativas racionais dos agentes sobre o que vai acontecer com o câmbio no longo prazo, e essas expectativas vão afetar suas decisões no curto prazo. Essa conexão e a volatilidade, que é observada no mundo real e principalmente no Brasil são as questões que o modelo IS-LM-BP não consegue explicar bem, porque nele temos efeitos de curto e longo prazo misturados na compreensão do que ocorre com o câmbio. Por isso temos essa abordagem moderna do movimento do câmbio no curto prazo a partir da Teoria do Portfolio e da Paridade de Juros a Descoberto, e no longo prazo a partir da Paridade do Poder de Compra.

    A volatilidade do câmbio no quadro recente, segundo o texto linkado abaixo, onde foram usados dados do IPEA, possui um fator causal externo que é a incerteza do FED envolvendo um possível aumento da taxa de juros americana, e um fator doméstico, que seriam as recessões nos anos de 2015 e 2016, além do baixo crescimento esperado para os anos 2017 e 2018.

    http://econforreal.blogspot.com.br/2015/10/impactos-da-volatilidade-da-taxa-de.html

  33. Aplicando os conhecimentos adquiridos no Mishkin ao cenário econômico brasilero atual, podemos chegar à conclusões sobre o porque das altas desvalorizações do câmbio atuais. Procurei um desses sites que permitem selecionar um intervalo de tempo desejado e em seguida geram um gráfico das taxas de câmbio nesse período, e é observável as elevadas taxas de câmbio no início do governo Lula, em grande parte devido às expectativas negativas à sua eleição. Com o tempo, tais expectativas se direcionaram mais no sentido de apreciar a moeda nacional, também estimuladas por taxas de crescimento do PIB favoráveis e inflação dentro da meta, com uma depreciação na crise de 2008 (como o grupo explicou, devido à fuga de capitais). E, por fim, a partir de meados de 2012 o real vem sofrendo constante depreciação. Acredito que tal desvalorização deve ser devido às elevadas taxas de inflação. Apesar de estarmos longe de apresentarmos as preocupantes hiperinflações como no passado, o fato de termos escapado da meta afetou (e, na minha opinião, muito) as expectativas de inflação futuras, que, como vimos pelo Mishkin, leva à uma depreciação do câmbio atual. Além da inflação, é claro, a baixa performance de nossa produtividade foi um fator a mais para tamanha desvalorização da nossa moeda.

  34. A paridade de juros a descoberto é o melhor modelo que temos para compreender as variações no câmbio no curto prazo, por enfatizar os efeitos que as variações nas expectativas de valorização (desvalorizações) do câmbio (cotado em moeda doméstica) produzem nas entradas (saídas) de capital no país.
    Em situações de instabilidade econômica, decorrentes, por exemplo, de uma crise política, o câmbio tende a variar muito, em virtude da maior incerteza que os agentes enfrentam no processo decisório de alocação de seus portfólios.
    Recentemente, o Brasil tem enfrentando uma grande instabilidade cambial, que pode ser atribuída em grande parte às tensões políticas pelas quais o país tem passado.
    O artigo cujo link eu disponibilizo abaixo comenta brevemente um estudo da correspondente cambial BeeCambio, que procura relacionar a trajetória recente do câmbio com as diversas posturas adotadas pelo Banco Central, bem como com as sucessivas etapas do processo de Impeachment da ex-presidente Dilma. Apesar de superficial, os argumentos apresentados parecem ser convincentes.
    O que meus colegas acham?
    Abraços,
    Guilherme
    Link do artigo: http://brazilmodal.com.br/2015/jornalmultimodal/pesquisa-revela-o-que-aconteceu-com-a-taxa-de-cambio-no-governo-dilma/

  35. O mercado de câmbio apresenta (possibilidade de) algumas anormalidades que tornam a paridade descoberta da taxa de juros. Ou seja, enviesada. Isso significa que o diferencial é um estimador para futuras mudanças do câmbio a partir da paridade descoberta da taxa de juros devem ser não enviesadas.

    Na maioria dos países emergentes, onde nós nos incluímos, a taxa é suscetível a crises externas. Na crise de 2008 do Brasil, com um índice muito superior do volume de reservas em relação ao passivo cambial do governo, essa apreciação gerou uma diminuição da relação dívida/PIB, um facilitador pra crise terminar um pouco antes para a economia brasileira. As medidas do BACEN foram feitas baseadas no que ocorreu no passado, ou seja, o acúmulo de reservas. Ter reservas nos possibilita atuar de diversas maneiras no mercado de câmbio, além de ser um tranquilizante para os stakeholders.

  36. Muito bom o trabalho, mas algo que acho interessante, é apesar do Brasil adotar um regime de câmbio flexível, em muitos momentos o BCB atua controlando a volatilidade cambial, pesquisei sobre os principais fatores que afetam a volatilidade do câmbio no Brasil nos ultimos anos, eis que encontro um BLOG como este, formado por grupo de pesquisa em Política Monetária no IBMEC-MG (olha que ideia boa professora), e algo que eu notei bastante interessante em um dos posts,´é a questão que mesmo ações mais transparentes, atuações mais pontuais, o câmbio ainda apresenta bastante volatilidade, e o BCB não consegue controlar através de suas políticas.

    Sobre volatilidade do câmbio Brasileiro nos últimos tempos, (corrijam-me se eu estiver errado) percebemos que as principais altas do Dólar, e por consequência uma desvalorização do Real, se deve pela elevação da taxa de juros do FED, após a retomada da economia, algo que é pouco comentado pelo senso comum, quando estamos abordando tal assunto, e acabamos focando somente nas políticas feitas pelo governo Brasileiro, no caso a Dilma rsrs, esquecendo todo o contexto mundial, que é tão importante quanto.

    O BLOG que eu descobri está nesse link: https://nepom.wordpress.com/2014/04/24/de-1999-a-2014-o-que-houve-com-o-cambio-brasileiro/

  37. A estimação da volatilidade é essencial na precificação de ativos. Em 1982 Engle introduziu o autoregressive conditional heteroskedasticity (ARCH), um modelo de estrutura simples de fácil estimação mas bastante informativo. Quatro anos depois, Bollerslev elaborou o GARCH, uma versão generalizada do modelo de Engle. Até hoje, o GARCH é o método mais popular de estimação da volatilidade de uma série temporal, sua estrutura simples e facilmente estimada garante os investidores que as informações estejam disponível rápida e facilmente. Entretanto, as previsões com a estrutura clássica do garch possuem problemas. Em períodos voláteis, as previsões são mais altas do que deveriam. O motivo para esse erro pode ser devido a persistência de choques individuais nas previsões. Essa persistência pode ter origem em mudanças estruturais do processo de variância.

    Para solucionar o problema de mudança na estrutura da variância, Hamilton (1989) introduziu o Markov regime-switching model. Esse modelo permite que a estrutura da variância mude de acordo com uma cadeia de Markov. No contexto brasileiro, essa estrutura poderia ser aplicada nas taxas de câmbio recentes que passaram sofrer variações grandes devido, também, a crise política. Klaassen (2001) adicionou ao GARCH uma estrutura de troca de regime, criando o chamado regime-switching GARCH. Esse modelo corrige o problema de mudança de estrutura da variÂncia que afeta estimações de um Garch padrão. Porém, trata-se de um modelo bem mais complexo e difícil de ser estimado.

    As taxas de câmbio estão sujeitas ao comportamento do Banco Central, choques externos que afetem esse comportamento (uma crise política, por exemplo) dificultam a estimação da volatilidade dessas taxas. O garch é o método mais popular de estimação, mas estudos empiricos demonstram sua sensibilidade a essa mudança na estrutura da variância. Apesar de existirem alternativas que buscam corrigir esse problema, a complexidade e dificuldade na estimação destes modelos desestimulam a implementação.

    1. Klaassen, Franc. “Improving GARCH volatility forecasts with regime-switching GARCH.” Advances in Markov-Switching Models. Physica-Verlag HD, 2002. 223-254.

  38. É interessante notar os impactos da política econômica do presidente Macri da Argentina. Depois que o mesmo assumiu a taxa de câmbio explodiu, pois o mesmo tirou os controles que vinham sendo empregados para manter a taxa baixa. Uma característica do país durante os governos anteriores era a presença de um mercado paralelo de cambio com valores muito maiores do que os das casas de câmbio. Uma das apostas do governo argentino é conseguir 20 bilhões de dólares em investimento externo. Pela teoria da paridade de juros pode-se esperar uma vinda desses investimentos, pois os juros foram elevados pelo BC argentino para conter a alta da inflação.

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