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O Cenário da Desigualdade, Pobreza e Desemprego no Brasil

 

Autores: Grupo 12 – REC2201-Macroeconomia 2017

 

A desigualdade no Brasil decorre de nosso contexto histórico. Tanta disparidade vem principalmente das políticas fiscais injustas, dos baixos salários e da dificuldade da população em acessar os serviços básicos oferecidos pelo Estado, como a educação. Esta desigualdade traz consequências negativas para a economia, como o aumento da violência, do desemprego e da pobreza.

Para discutirmos tal tema, precisamos realizar uma retrospectiva histórica e analisar a política econômica  adotada por cada governo, para que vejamos o impacto no mercado e na vida dos agentes. Partindo do Plano Collor, implantado em 1991/92 e baseado inteiramente em uma política monetária rigorosa e em restrições fiscais, vemos que a adoção de tais medidas gerou uma contração da demanda, afetando negativamente a capacidade das empresas de impor margens de lucro e o poder de barganha dos trabalhadores. Consequentemente, houve um aumento no desemprego. Com isso, as experiências de política econômica caminharam para o insucesso e os preços continuaram se elevando, aumentando a instabilidade.

A essa realidade, seguiu-se o Plano Real. O Governo, planejando a curto prazo, buscou um trade-off entre inflação e desemprego. Pela curva de Phillips, dada a rigidez dos preços e salários da economia, apesar de os agentes serem possuidores de expectativas racionais, faz-se necessário um período para ajustar as expectativas. Com isso, o governo consegue diminuir a inflação e aumentar o desemprego. Entretanto, a longo prazo, a nova estabilidade econômica permite a implementação e sofisticação de programas sociais.

Isto pôde ser observado a partir de 2003, no primeiro governo Lula, que foi marcado por atitudes mais conservadoras como a elevação da taxa de desemprego a patamares de 13% ao ano. Devido ao desaquecimento da economia,  houve, já no segundo mandato, uma flexibilização das políticas adotadas, levando ao crescimento da economia e, consequentemente, à queda do desemprego, da pobreza e da desigualdade social, além da ascensão dos programas sociais.

Chegamos então ao governo Dilma, que mudou políticas econômicas (congelando preços e abaixando taxas de juros), gerando em seus últimos anos um aumento da taxa de desemprego, da desigualdade social e da taxa de pobreza.

Depois de todo esse percurso, chegamos à conjuntura atual, onde o pais corre o risco de retroceder nos avanços dos períodos anteriores, chegando a um desemprego de 13, 7% no primeiro trimestre de 2017, algo nunca visto nos últimos 25 anos. Dada a crise política que assola Brasil, acentua-se crise econômica que vem de 2008. Visto que antes a informalidade era maior, os demandantes de trabalho repassavam as perdas na produção e vendas oferecendo salários mais baixos, enquanto atualmente, num regime de trabalho mais formal, a demissão é a saída encontrada.

Este cenário acentua a pobreza, pois quem sofre os impactos são as camadas sociais mais baixas, ou seja, quem possui menos acesso a recursos acaba sendo mais prejudicado, e aqueles que já tinham pouco passam a ter menos ainda. Isso fez com que  o Brasil caísse 19 posições no ranking do Índice de Gini, tornando-se o décimo país mais desigual do mundo.

 

Fontes :

https://roselisilva.files.wordpress.com/2017/06/7c196-giniindex-grafico1.png

http://www.ipea.gov.br/agencia/images/stories/PDFs/TDs/td_0468.pdf

http://g1.globo.com/economia/noticia/desemprego-fica-em-137-no-1-trimestre-de-2017.ghtml

https://brasilfatosedados.files.wordpress.com/2010/09/1-5gc12.png?w=640&h=304

http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2017/06/1890238-destruicao-de-emprego-na-atual-recessao-e-a-mais-forte-em-25-anos.shtml

http://alertasocial.com.br/?p=1704

https://oglobo.globo.com/economia/com-crise-desigualdade-no-pais-aumenta-pela-primeira-vez-em-22-anos-21061992

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27 comentários em “O Cenário da Desigualdade, Pobreza e Desemprego no Brasil”

  1. A grande quantidade de mão-de-obra desqualificada contribui para a maior oscilação do desemprego, principalmente em épocas de crise. Esse tipo de mão-de-obra, que é oferecida exatamente pelas classes menos favorecidas, está sujeita a esse transtorno justamente pela carência de educação. Sem qualificação, esses trabalhadores – principalmente os ligados diretamente ao processo produtivo – são facilmente substituídos, e com um custo relativamente baixo de treinamento. Ou seja, facilmente dispensáveis quando há oscilação do produto. Essa realidade, que tem raízes no problema da educação, contribui ainda mais para a desigualdade em nosso país.

    1. A questão da educação é de fato um agravante na desigualdade em nosso país, ainda mais em épocas de retrocesso na economia já que o poder de negociação dos trabalhadores diminui, afetando os salários e tornando alta a possibilidade de substituição dos menos qualificados.
      Essa desigualdade tem diminuído ao longo dos anos, principalmente após a instauração de políticas que estimulam o acesso a educação, como os programas adotados pelo governo Lula e Dilma. Dados apontam que o nível de instrução cresceu de 2007 para 2014, sendo que o grupo de pessoas com pelo menos 11 anos de estudo, na população de 25 anos ou mais de idade, passou de 33,6% para 42,5%. O nível de instrução feminino manteve-se mais elevado que o masculino. Em 2014, no contingente de 25 anos ou mais de idade, a parcela com pelo menos 11 anos de estudo representava 40,3%, para os homens e 44,5%, para as mulheres. Entretanto, a desigualdade ainda se faz presente e é algo a ser trabalhado.
      O investimento em capital humano é importante, pois uma economia com trabalhadores qualificados vai ser mais produtiva. Isso pode acarretar em um possível crescimento econômico – se relacionado também ao progresso tecnológico.

      1. “Visto que antes a informalidade era maior, os demandantes de trabalho repassavam as perdas na produção e vendas oferecendo salários mais baixos, enquanto atualmente, num regime de trabalho mais formal, a demissão é a saída encontrada.”

        Esse trecho é bem informativo acerca do atual panorama do mercado de trabalho no Brasil. Ao lado de uma crescente taxa de desemprego, mais acentuada entre os trabalhadores com menores qualificação, e que por isso tem menor poder de barganha frente ao empregado, como citado pela Lara e Maria Renata, vemos também uma mudança na configuração do mercado de trabalho. De acordo com dados da PNAD contínua, divulgados pelo IBGE, ao lado de um aumento da taxa de desemprego em 14,7% (em relação ao trimestre anterior), vemos também uma tendência de migração para o mercado informal. Enquanto os empregos com carteira assinada caíram -3,5% em relação ao primeiro trimestre de 2016, houve um aumento de 4,7% nos empregos sem carteira assinada. Observa-se também uma queda nos salários reais, visto que o salário nominal normalmente recebido pelos trabalhadores permanece praticamente no mesmo patamar do primeiro trimestre de 2014, ou seja, está sendo “comido” pela inflação do período.

        ftp://ftp.ibge.gov.br/Trabalho_e_Rendimento/Pesquisa_Nacional_por_Amostra_de_Domicilios_continua/Trimestral/Comentarios_Sinteticos/pnadc_201701_trimestre_comentarios_sinteticos_Brasil.pdf

      2. Infelizmente, o problema da educação é o maior que existe no Brasil. Por um lado, os trabalhadores ficam vulneráveis a flutuações econômicas por não possuírem qualificação e poderem ser substituídos sem muitos custos de treinamento. Por outro lado, a demanda por técnicos e mão-de-obra especializada é bem alta e não é atendida pelo mercado de trabalho, o que também prejudica as empresas que poderiam se desenvolver mais. Apesar de o nível educacional no Brasil ter aumentado muito nos últimos anos, como apontado pela Maria Renata, tal avanço foi impulsionado principalmente por políticas sociais, que foram bem sucedidas, bem como expansão do ensino técnico gratuito, porém, com a crise dos últimos anos, tais programas encontram-se ameaçados. O esforço em se aumentar as oportunidades de especialização e educação no Brasil deve ser um esforço contínuo, já que ainda há um grande abismo a ser preenchido no mercado de trabalho .

  2. Parabens ao grupo pelo texto! Gostaria de saber mais como o regime de tributação no brasil influi na concentração de renda. Por sermos um país que tributa muito indiretamente e pouco diretamente, se isso tem impacto maior proporcional nos mais pobres. e como a economia se comportaria com uma tributação direta maior, como IR maior e/ou IGF (que tanto tem sido discutido recentemente). Obrigado

    1. Interessante a sua pergunta! Bom, em relação ao impacto maior proporcional nos mais pobres, como foi citado no texto: “quem possui menos acesso a recursos acaba sendo mais prejudicado, e aqueles que já tinham pouco passam a ter menos ainda” sabe-se que a tributação no Brasil incide principalmente sobre a circulação de bens e produtos do que diretamente na renda, assim,os produtos básicos essenciais a todas as famílias são tributados e muitas vezes o valor a se pagar por uma família pobre e rica é similar o que difere são suas rendas disponíveis para efetuar o pagamento.

    2. Agora, para relacionarmos o regime de tributação no brasil e a sua influencia na concentração de renda, podemos exemplificar com uma politica fiscal restritiva, na qual o aumento de tributos ocasionará diminuição da demanda agregada, e então da renda, assim, o consumo diminui, os estoques se mantém,diminuindo a produção, contratando menos, aumentando a taxa de desemprego, além disso há a queda na demanda por moeda.

    3. Elmo, mas será que com um aumento da tributação direta a evasão fiscal não vai aumentar também ? Pois se o problema está em taxar demais tudo, reverter isso para uma tributação direta na renda vai apenas gerar mais evasão. Sera que uma redução da taxa tributária e uma redução dos gastos do governo não seriam mais eficiêntes ? Assim o poder de consumo dos mais pobres aumentaria. Também é possível considerar reduzir a tributação a micro e pequenos empresários para reduzir a evasão dos mesmos que sofrem com as altas cargas tributárias.

    4. A carga tributária bruta, incluindo a arrecadação da União, estados, Distrito Federal e municípios, aumentou significativamente entre 1995 e 2004, passando de 27% para 33% do PIB. Mas nosso sistema está concentrado em tributos regressivos e indiretos, justamente os que oneram mais os trabalhadores e os pobres. Mais da metade da arrecadação provém de tributos que incidem sobre bens e serviços, com baixa tributação sobre renda e patrimônio. A eficácia redistributiva da política tributária brasileira é baixa, pois ela não tributa o patrimônio e os rendimentos mais elevados, não originários do trabalho – aluguéis, aplicações financeiras, lucros e dividendos. A forte correlação negativa entre o índice de Gini e a carga tributária reforça a ideia de que o sistema tributário não contribui para a redistribuição de renda no Brasil. Ao contrário, ele deprime o poder de compra da população de baixa renda, alijando-a do mercado de consumo. O aumento da carga tributária bruta não ocorreu de forma homogênea para todas as classes sociais e faixas de renda no país. Da arrecadação tributária de 2014, de R$ 1,8 trilhão, 13% vêm de tributos que incidem diretamente sobre a renda dos trabalhadores, incluindo a contribuição dos empregados para a previdência social. O principal tributo sobre o consumo é o imposto sobre circulação de mercadorias e serviços (ICMS), de competência dos estados e do Distrito Federal. Ele é responsável por 20% da arrecadação tributária, uma peculiaridade do sistema brasileiro, pois em outros países não é comum que o principal imposto pertença a uma esfera subnacional. Como não há harmonização das normas desse imposto, o ICMS, na prática, é regulamentado por 27 legislações. Ademais, é prática usual no Brasil a cobrança “por dentro”: os tributos incidem sobre outros tributos, de modo que as alíquotas nominais são menores do que as efetivas. Os tributos indiretos são regressivos, pois têm uma relação inversa com o nível de renda do contribuinte, prejudicando as pessoas de menor poder aquisitivo. Eles incidem sobre a produção e o consumo de bens e serviços, sendo passíveis de transferência para terceiros, ou seja, para os preços dos produtos. Os consumidores pagam o tributo com a mediação das empresas produtoras ou vendedoras, que são as contribuintes legais. Como o consumo é proporcionalmente decrescente em relação à renda, isso prejudica mais os contribuintes de menor poder aquisitivo.

    5. Um ponto interessante, e que deve ser levado em consideração, sobre a questão das formas de impostos a serem adotadas específico sobre o IR é a questão do desincentivo causado por ele, principalmente em sua versão progressiva. Sistemas onde a partir de determinado ponto existe uma penalidade (ou uma maior penalidade) criam barreiras artificiais, limitando a evolução que ocorreria naturalmente. Um exemplo que faz paralelo dessas consequências negativas que existem num imposto de renda progressivo é o que ocorreu nas contratações devida a adoção do programa Obamacare nos EUA. O programa obriga que empresas que possuem a partir de 50 empregados em tempo integral paguem pelo seguro de saúde destes empregados. A consequência foi a paralisação de contratações (ou mesmo redução) quando se atingia 49 funcionários de tempo integral, afinal o aumento de custos seria muito alto a partir dai, reduzindo assim a oferta de empregos em tempo integral e reduzindo a atividade econômica.

  3. Políticas fiscais injustas são uma das principais fontes da desigualdade, conforme o texto “O Cenário da Desigualdade, Pobreza e Desemprego no Brasil” afirma, assim como escolhas de políticas equivocadas podem contribuir para aprofundar esse cenário. Podemos observar esse cenário no governo Dilma. Segundo Martin Wolf, diretor de macroeconomia do jornal Financial Times, doutor formado pela London School of Economics (LSE), as medidas fiscais e monetárias desse governo não deveria ter sido a expansão dos gastos e a redução forçada das taxas de juros, pois a crise brasileira se distinguia dos países da zona do euro. Enquanto os países europeus passaram por uma grave crise financeira, o Brasil passou por uma redução do crescimento, que era previsível. Por esse motivo, os estímulos econômicos em um nível acima da taxa natural do produto resultaram em um desequilíbrio econômico. Wolf afirma que tais resultados foram agravados devido aos problemas estruturais do Brasil, já que expansão fiscal nessa conjuntura só gera inflação, e não crescimento.

  4. Em primeiro lugar,ótimo texto.Acredito que o texto corrobora para algo que há muito se é discutido embora sem grandes soluções práticas : A falta de educação.A grande oferta de mão de obra desqualificada faz com que os trabalhadores tenham pouco poder de barganha para com aqueles que ofertam empregos.Esse pouco poder de barganha resulta em salários nominais menores e exatamente neste quesito é que a expansão fiscal se torna prejudicial,pois eleva a inflação,que afeta principalmente aqueles de menor renda disponível.Me sinto dizendo o óbvio mas talvez seja porque,como o texto diz,o cerne da desigualdade brasileira,não seja lá algo muito complexo.

    1. Pedro, concordo que uma grande parte do problema da desigualdade seja a questão da educação. Mas discordo que o cerne da desigualdade brasileira não seja algo complexo. Para entender a desigualdade social no Brasil é preciso olhar para toda a história de nosso país. O problema da desigualdade ao meu ver começou desde o início da colonização do nosso país, questões como o pacto-colonial entre Brasil e Portugal, a grande concentração de poder e renda nas mãos de grandes fazendeiros que utilizavam-se de mão de obra escrava e que posteriormente ocupariam (e ainda ocupam!) grande parte dos cargos políticos são muito relevantes para entendermos o origem da nossa desigualdade e como ela chegou até aqui. Acredito que esse problema do país está muito relacionado as nossas raízes históricas que contribuíram por muito tempo (ou até agora?) para a manutenção de grupos da elite no poder. Dessa forma, todo o nosso sistema político foi afetado, e em consequência disso os interesses desses grupos que prevaleceram. Nosso sistema tributário, como citado em alguns comentários acima, é um exemplo disso: a maior tributação sobre o consumo do que a renda influência e muito na concentração de renda do país. Aqueles que possuem uma renda mais elevada consomem uma parte pequena da sua renda total comparado àqueles com rendas mais baixas. Os ricos muitas vezes guardam ou investem uma boa parte do seu salário (aumentando ainda mais seus rendimentos), enquanto a população mais pobre não tem essa opção e acabam consumindo a maior parte do seu salário. Consequentemente, os mais pobres acabam destinando uma parte maior da sua renda aos impostos do consumo, se comparado de maneira equivalente aos ricos.
      A ausência de educação, que é uma questão importantíssima a ser considerada para explicarmos nosso estado atual de crescimento é apenas um dos fatores que explicam a desigualdade em nosso país.Para buscarmos solução quanto a isso, é preciso entendermos também os motivos, as estruturas políticas e econômicas que originaram e moldaram o problema educacional.

  5. Parabéns ao grupo. Gostarei de complementar o texto com as ideias de Thomas Piketty; o autor basicamente expõe que quando a diferença entre o retorno ao investimento de capital e a taxa de crescimento econômico aumenta, há um um aumento da apropriação da renda nacional pelos capitalistas, portanto um aumento do capital na renda nacional faz com que haja desigualdade de renda. Apesar de Piketty ser bastante influente e ter uma teoria muito interessante seus dados não são críveis, pois análises empíricas não atuais não demonstram os resultados obtidos pela sua tese.

    Para mais informações: http://mercadopopular.org/2016/08/thomas-piketty-esta-errado-veja-os-dados/

  6. É importante salientar que dadas as previsões macroeconômicas sobre o Brasil para os próximos anos deixa a situação mais desesperadora ainda, e fazendo um paralelo com o conteúdo de sala, o crescimento econômico brasileiro nunca será sustentável a médio/longo prazo, sempre veremos fenômenos de flutuação (como vistos de 2007-2010), e por características institucionais, a alta depreciação do capital nacional, baixos investimentos no desenvolvimento da economia e até mesmo a desconfiança dos agentes dada a instabilidade histórica no país, seja da política ou econômica, nosso país estará sempre nesse looping de recessão e baixos crescimentos.
    A grande maioria das políticas macroeconômicas exercidas no país durante esses últimos 30 anos contribuíram para o baixo nível de desenvolvimento, a concentração de renda e a acentuação da pobreza por todo o território, mas eu gostaria de destacar a política fiscal do governo Dilma (do segundo mandato, e talvez um dos mais nocivos desse período), onde o congelamento de preços e a diminuição da taxa de juros causaram um efeito reverso ao que o governo tinha em previsão, e esse entre outros motivos nos trazem à situação de recessão atual.

    1. Somos um pais predominantemente agrícola, nossa principal vantagem competitiva esta justamente ai, mas infelizmente não conseguimos transformar os recursos oriundo deste setor, por não haver uma politica que valorize a livre iniciativa e por sempre termos tomados caminhos errados nos investimentos de logística.

  7. É importante lembrar que quando estamos tratando de crescimento de longo prazo devemos levar em consideração a capacidade produtiva do Brasil, o desempenho das empresas na produção de bens e serviços.
    Nesse quesito o Brasil deixa muito a desejar. Infelizmente possuímos uma das maiores burocracias e as mais complexas leis tributárias do mundo que atrasa e dificulta o empreendedorismo no nosso país.
    Muitos economistas acreditam que as altas alíquotas dos impostos são necessárias para manter o bem-estar social no país e promover justiça social.
    Contudo quando analisamos a elasticidade da receita tributável no Brasil, podemos encontrar muitas evidências que o governo já passou a muito tempo o ponto de inflexão da curva de Laffer.

  8. Acredito que falte muito ainda para termos governos responsáveis por politicas inclusivas, capazes de aumentar nossa produtividade. Hoje encontramos um cenário de possível deflação e desemprego alto. Quais serão nossas expectativas para o próximo período?

    1. Ricardo, de acordo com um relatório da OCDE publicado neste mês, a recuperação da economia brasileira será fraca e lenta, tendo começado com a queda da inflação (principalmente em decorrência de uma diminuição na demanda) e continuando com uma queda no desemprego prevista para o final desse ano, sendo que poucas mudanças são esperadas em relação à desigualdade, que continuará alta. O relatório ainda aponta para a importância das reformas propostas pelo governo (principalmente a reforma da previdência) que, mesclando uma lógica macroeconômica à de justiça social, teriam a capacidade de acelerar o progresso social do país, levando a maiores declínios na desigualdade e na pobreza nos próximos anos.
      Se estiver interessado, o relatório pode ser encontrado nesse link:
      http://www.oecd.org/eco/outlook/brazil-economic-forecast-summary.htm

  9. Parabéns ao grupo pelo texto. Está muito interessante. Ao longo da leitura fiquei com algumas dúvidas, como sobre o que seriam “políticas fiscais injustas”. Pelo que compreendo, política econômica de curto prazo visa reduzir flutuações e, assim, melhorar o ambiente de negócios. Políticas fiscais injustas se referem à forma como ela é aplicada?
    Além disso, fora toda política pública de longo prazo que visa reduzir a pobreza e aumentar a capacidade produtiva do país (saúde, educação, seguridade social etc), que são unanimidade, as políticas (sociais, por exemplo) de curto prazo normalmente, pelo que vejo, tem eficácia mais questionada por alguns estudiosos da área.

    1. Do ponto de vista social, pode-se dizer que a tributação brasileira é injusta. Em nosso país, escolhe-se tributar proporcionalmente mais a circulação de bens e serviços do que a renda. Isso causa disparidades, pois pessoas com rendas baixas pagam, pelo mesmo produto, valores absolutos iguais aos pagos por famílias de renda alta. Assim sendo, proporcionalmente, famílias pobres pagam mais impostos por produtos do que famílias ricas. Infelizmente, devido ao modo como a tributação é aplicada no Brasil, essa tendência também faz com que os impostos totais sejam regressivos, ou seja, quanto mais pobre se é, maior a porção da renda tomada pelos tributos. Com isso, pode-se concluir que a política tributária brasileira acentua a desigualdade.

  10. É interessante observar que com um nível de desigualdade relativamente alto como no Brasil, especialmente no que se refere ao acesso a educação de qualidade, um cenário de desemprego alto e prolongado como este vivido pelo país recentemente pode ter um impacto negativo sobre o capital humano, principalmente o daqueles profissionais menos qualificados que são os mais penalizados em um cenário como esse e cujas habilidades foram acumuladas através da prática das atividades exercidas pelo profissional enquanto encontrava-se empregado, habilidades essas que podem se deteriorar com o desemprego prolongado, o que pode impactar negativamente na realocação desses profissionais no mercado de trabalho e em seus salários contribuindo para a piora do cenário da desigualdade no país.

  11. Primeiramente gostaria de parabenizar o grupo, pelo excelente trabalho, texto muito informativo. Gostaria de ressaltar mais que neste cenário de constantes flutuações econômicas como mostrado no texto, quem sofre com isto é a população de baixa renda e de menos qualificações, que são facilmente substituídos com avanços tecnológicos ou com pouco de treinamento ou são mandados embora por não serem tão especiais, e se sujeitando assim a negociar salários muito baixos pois o seu poder de barganha cai muito.

  12. Parabéns ao grupo pelo texto! Ele ficou muito bom. Um ponto que me chamou atenção foi como o avanço na formalização do mercado de trabalho brasileiro contribuiu para o aumento do desemprego.
    Segundo uma pesquisa realizada por Bruno Ottoni e Tiago Barreira, do Ibre/FGV, junto a PNAD,a queda no nível dos salários foi menor em comparação com a queda do emprego que em outras crises. Bruno afirma que uma hipótese para esse comportamento é a maior formalização no mercado de trabalho, que cresceu nos anos 2000.
    Dessa forma, como mencionado no texto, os empregadores não têm como fazer ajustes nos salários em momento de dificuldade, sendo a única saída a demissão. Cria-se, portanto, duas situações bem distintas em que o trabalhador que permaneceu ficou praticamente imune à crise. Já quem foi demitido ficou na pior situação, sem renda. Antes, existia um grupo intermediário, em que a pessoa continuava com renda, mas menor.

  13. Texto muito bom, sobre um assunto muito complexo. É importante estudar sobre a desigualdade e buscar formas de tornar o mundo mais justo para todos, mas cabe uma boa reflexão: será que a desigualdade não é condição de existência para o sistema em que vivemos? Até que ponto será possível reduzir a desigualdade e melhorar a vida de todos, sem afetar, como um todo, o sistema (não só econômico) em que vivemos? Lembro de ter lido em algum lugar uma coisa muito interessante: de que nós, como humanos, preferimos até mesmo abrir mão de ter coisas a mais, se isso fizer com que eu seja proporcionalmente mais desigual dos outros. Ou seja, nós trabalhamos sempre pra aumentar a desigualdade perante os outros, ainda que inconscientemente.

  14. No segundo parágrafo, é dito que o Plano Collor foi responsável por diminuir margens de lucro nas empresas e o poder de barganha dos trabalhadores. Dessa forma, é possível afirmar que esse plano aproximou os mercados da concorrência perfeita, na qual as firmas não intervêm nos preços de mercado, assim como os trabalhadores são incapazes de definirem seus salários? Se de fato isso ocorreu, a inovação tecnológica não foi crescente devido ao aumento da concorrência, e os preços diminuíram, favorecendo, assim, o consumidor? Isso está relacionado com o fato de que nem sempre a concorrência perfeita é a melhor alternativa, tornando o monopólio a melhor opção para maximizar os resultados e alocar recursos eficientemente(como ocorre no caso das usinas hidrelétricas, por exemplo)?

  15. Primeiramente, parabéns ao grupo pelo texto. Acredito que a desigualdade no Brasil não seja fruto somente de políticas econômicas partindo das últimas décadas – pelo contrário, acredito que nos últimos 30 anos as políticas econômicas permitiram que essa diminuísse. A desigualdade social em nosso país se deve a toda nossa história: desde o início Brasil Colônia no qual as classes eram estritamente divididas e a mobilidade social quase impossível onde poder, títulos e dinheiro eram intimamente ligados, de modo que as classes “baixas” não eram representadas e não tinham direito algum e, por isso, a tendência era os pobres ficarem mais pobres e os ricos mais ricos sendo ela atenuada pela política fiscal, como citada no texto.
    Na última década, o governo colocado em prática programas para tentar diminuir essa desigualdade, – o Programa Bolsa Família é um deles, por exemplo – mas seriam programas de transferência de renda a real solução para este problema? Pode ser que a transferência de renda aumente a frequência das crianças nas escolas, uma vez que a renda provinda do programa possa evitar que essas precisem trabalhar para complementar a renda da família.
    Chegamos então a outra questão: o brasileiro precisa, não só do acesso à educação, mas que esta educação seja de qualidade. Como colocado pelo Maicon e pela Maria Renata, a falta de instrução faz com que o capital humano do país seja extremamente desqualificado, o que contribui para uma baixa produtividade na economia como um todo, uma vez que a formação da grande maioria dos trabalhadores no Brasil não acompanha o próprio progresso tecnológico aqui vivido. A ausência de educação do brasileiro é, não só um agravante importante da desigualdade, mas também um empecilho ao nosso próprio desenvolvimento econômico.

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