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Crescimento econômico x Flutuação macroeconômica

 

Autores: Grupo 13 – REC2201-Macroeconomia 2017

 

As flutuações econômicas são caracterizadas por variações de curto/médio prazo, onde há a comparação da economia com o ano ou período anterior. Já o crescimento econômico se dá em longo prazo, onde se observam as comparações em uma escala mais ampla. Segundo Blanchard(4°ediçao) :“Nossas percepções sobre o desempenho da economia frequentemente são dominados pelas flutuações anuais a atividade econômica . Uma recessão leva ao pessimismo, e uma expansão leva ao otimismo. Mas, quando olhamos para trás e examinamos a atividade economia em períodos mais longos, digamos, no decorrer de muitas décadas, o cenário muda. As flutuações desaparecem. O crescimento, o aumento continuo do produto agregado ao longo do tempo se torna o fator dominante”.

Sobre o crescimento do Brasil:

Um fator que cada vez mais vem se tornando importante na determinação do crescimento econômico, no Brasil, é a produtividade. Esta, quando utilizada como medida geral denomina-se produtividade total dos fatores ou PTF, a qual retrata o crescimento de um produto por efeito da melhoria de sua elaboração, ou seja, através de avanços na tecnologia e aperfeiçoamento de gestão ou insumos de melhor qualidade, entre outros fatores. Pela teoria da produtividade total dos fatores podemos dizer que o produto de um país é criado pela cooperação entre os estoques de capital físico e de capital humano. Considerando como capital físico as estruturas utilizadas na produção de bens e serviços como máquinas equipamentos edifícios, etc, e o capital humano a capacidade de produção da força de trabalho sobre o tempo de estudo. Se observarmos duas economias que têm a mesma quantidade de capital físico e de capital humano, se uma dessas economias possuir o PIB maior do que a outra, consideramos que essa foi mais eficiente no uso de seu estoque de capital, portanto é mais produtiva. Ser mais produtivo, portanto, significa fazer mais produtos a partir de uma dada disponibilidade de capital humano e físico disponível na economia.

Resumidamente podemos citar que o crescimento do produto se deve a 4 fatores: aumento do estoque de capital físico, aumento da força de trabalho disponível, aumento do número médio de anos de estudos dos trabalhadores e o aumento da produtividade.

Recentemente a economia brasileira passou por grandes mudanças na sua estrutura produtiva. A indústria começou a ser um setor mais dinâmico, e a exportação se diversificou. Entretanto, a trajetória de crescimento do Brasil está relativamente inferior a dos demais países da América Latina com estrutura produtiva semelhante e também inferior à taxa de crescimento mundial.

 

Entre 1981 e 1990, a produtividade por trabalhador caiu 2% em média por ano. De 1991 a 2000, subiu 1,6% anualmente na mesma medida. O dado continuou positivo entre 2001 e 2010, mas o ritmo caiu para 1,2% ao ano. Entre 2011 e 2016, voltou a cair, agora com taxa média de 1,1% por ano. Tudo isso em contraste com o período anterior, entre 1950 e 1980, quando a produtividade do trabalho cresceu a uma média anual de 3,5%.Naquelas décadas, foi esse o principal fator responsável pelo crescimento expressivo da renda per capitado país (3,9% por ano, em média)”. O baixo crescimento da produtividade do brasileiro se deve por alguns fatores como, por exemplo:

Educação

Mesmo com o combate ao analfabetismo e o avanço de escolaridade da população o Brasil não viu reflexo disso em seus índices de produtividade, podemos ligar a fatores como, por exemplo, a questão da qualidade da educação (em 2014 40% dos universitários eram considerados analfabetos funcionais).

Tecnologia

“Em geral, associa-se a ideia de aumento de produtividade com o progresso tecnológico no âmbito da produção industrial. De fato, a criação de máquinas mais eficientes permite que se gere mais produção industrial a partir de uma mesma dotação de capital. Os países mais atrasados tiram proveito dos avanços tecnológicos dos países mais desenvolvidos, adaptando as tecnologias criadas por esses países sem incorrer nos custos de pesquisa e desenvolvimento, o que gera uma tendência à convergência na produtividade dos menos desenvolvidos com os países da fronteira tecnológica” Mesmo assim muitas vezes é caro importar maquinas e equipamentos, e os níveis de investimento nessa área são relativamente baixos e ainda falta incentivo publico a estimulo de inovação

Burocracia

A complexa burocracia brasileira e as deficiências de infraestrutura também têm um efeito importante sobre a produtividade das empresas. “É só notarmos a quantidade de pessoas que as empresas precisam empregar para conseguir pagar (processar) seus impostos – chegam a centenas de funcionários em grandes companhias como a Petrobrás. São pessoas que não trabalham na atividade-fim da empresa e, portanto, não ajudam a aumentar a produção”. O excesso de burocracia também favorece a manutenção das taxas altas de informalidade da economia – que pressionam o PIB e os índices de produtividade do país no geral.”

 

http://exame.abril.com.br/economia/produtividade-brasileira-nao-cresce-desde-1980-diz-estudo/

http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2014/05/140519_produtividade_porque_ru

http://www.brasil-economia-governo.org.br/2012/10/01/o-que-e-produtividade-e-como-conseguir-seu-incremento/

https://www.insper.edu.br/wp-content/uploads/2014/09/Evolucao-Produtividade-Brasil.pdf

http://brasilemsintese.ibge.gov.br/industria/produtividade.html

Blanchard 4° edição.

http://seriesestatisticas.ibge.gov.br/series.aspx?vcodigo=ECE370

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26 comentários em “Crescimento econômico x Flutuação macroeconômica”

  1. Achei interessante o grupo citar a burocracia como um empecilho que dificulta a produtividade de empresas, acredito que podemos relaciona-la também ao avanço tecnológico que tende a desencadear uma maior produtividade. A dificuldade de implementar não só a tecnologia, mas os estudos para seu desenvolvimento devido a exigências burocráticas que o país costuma fazer, como por exemplo a dificuldade, e a burocracia exigida para se ter acesso a determinadas informações que seriam utilizadas em pesquisas.

    1. Olá Sarah, também achei interessante o enfoque dado à burocracia no texto. Isso vem muito de encontro com o que Blanchard explicita sobre o papel das instituições no desenvolvimento econômico. Não se pode deixar de notar que a burocracia no Brasil é um dos limitantes para o aumento de nossa produtividade.
      Isso pode ser verificado no relatório do Banco Mundial, que divulga anualmente um ranking da facilidade de se realizar negócios em cada um dos 190 países abordados. A saber, o Brasil ficou na posição 123 no cômputo geral, destacando-se negativamente nas posições dos seguintes segmentos: 175 na facilidade de se iniciar um negócio (com um tempo médio para abrir uma empresa girando em 79,5 dias), 149 em facilidade de comércio internacional, 128 em registro de propriedades e 101 em facilidade de se conseguir crédito.

      Para efeito de curiosidade, deixo o link do relatório 2016 abaixo:

      Clique para acessar o DB17-Full-Report.pdf

      1. Como elevarmos nossa função de produção? Temos legislação e principalmente legisladores totalmente improdutivos, nossas vantagens comparativas estão apenas no setor agrícola, nossas reservas minerais são exploradas por empresas estrangeiras e seus lucros são reaplicados para gerarem mais tecnologia nas suas sedes, não há plano de longo prazo para o país, essa é a nossa realidade.
        onde está o nosso bem estar econômico e em que patamar está nossa poupança? Grande parte da nossa população tem um grau minimo de alfabetização, baixíssima produtividade, baixíssima ambição e endividada. Como mudar isso?

      2. Sim, Breno. É interessante avaliar o impacto da ineficiência burocrática no Brasil, que gera o inchaço da máquina pública, agravados pelo patrimonialismo.
        A Singapura está experimentando, desde 2015, uma experiência de Estado mais eficiente, Apesar de suas particularidades, as estratégias de eficiência trouxe uma cultura de profissionalismo e alto desempenho no setor publico, o que traz resultados impressionantes, como uma per capita superior aos Estados Unidos, Alemanha e Reino Unido.

  2. Acho muito rica está parte da matéria (me referido ao blog) pois é onde podemos associar todos os assuntos abordados a nossa realidade e cotidiano. Confesso que me assustei ao ver o dado de que 40% dos universitários são analfabetos funcionais. Considerando que de toda a população adulta brasileira, apenas 14% possui uma formação universitária, percebe-se claramente uma ineficiência (muito grande por sinal) do acesso e incentivo aos estudos.
    Estudamos que o único método de se ter um crescimento efetivo em um país é por meio do avanço tecnológico, logo, esta falta de apoio à educação tem um custo de oportunidade altíssimo pois, com os incentivos certos somado ao tempo, uma elevação no grau de alfabetização e conhecimento da população de maneira generalizada traríam apenas consequências positivas para o Estado como o aumento da produtividade por trabalhador e aumento do produto. Poderia até, por exemplo, em um longo prazo otimista, fazer com que o Brasil se tornasse um país que pesquisa e desenvolve tecnologias (a ponto até de exportá-las) fazendo-o finalmente crescer e sair da condição de “emergente” e da grande dependência de exportação de commodities.

  3. Ainda sobre a burocracia presente no Brasil, podemos comparar a liberdade econômica entre países através do index de Liberdade Econômica da Heritage Foundation:
    http://www.heritage.org/index/ranking
    Percebe-se que ao confrontar esses dados com o índice de desenvolvimento humano, notamos uma forte correlação entre as duas variáveis.
    Obviamente que para uma inferência formal e não viesada precisamos controlar esse modelo com outros fatores que também afetam o desenvolvimento do país no longo prazo (saúde, educação, segurança, justiça…)

  4. Sobre a produtividade brasileira, podemos dizer que a tardia evolução e depois estagnação até chegar o processo de retração, foi a industrialização (mais eficiente e dinâmica) extremamente tardia, ou seja, teve seu início 100 anos após as nações pioneiras, atrapalhou a evolução da produção nacional em comparação com o restante do mundo, há de se lembrar que o Brasil era um país majoritariamente agrário até o início da segunda guerra mundial. Com a abertura da economia por parte do governo Collor, incluindo o país na rota da globalização mundial, já experimentávamos um nível alto de produtividade, mas como estamos vendo nas aulas atuais, o estoque de capital não foi investido de forma eficiente, o que nos traz à um nível de capital atual muito depreciado.
    Na década passada as flutuações criaram um senso de otimismo no país, de modo que a produtividade foi severamente incentivada, mas com um capital muito depreciado, sendo assim insustentável no longo prazo. O problema é que não vemos boas perspectivas para o futuro, dados problemas institucionais que afetam a produção nacional, e a concorrência mundial que cada vez está mais dinâmica, eficiente e barata.

  5. Ao considerar a eduacação esquecemos que o problema começa na primeira infância, não adianta um investimento bruto apenas em educação superior se isso não se extende pra maior parte do problema. A estrutura do problema educacional está ligado a educação de base. Por mais que tenhamos reduzido os índices de analbetização isso não representa um ganho de mão de obra qualificada, o que levaria a um real aumento da produtividade. Aplicamos a maior parte dos recursos em educação superior mas não possibilitamos que os jovens tenham condições de chegar a essas universidades.

  6. Parabéns ao grupo pelo excelente texto. Gostaria de ressaltar o caso do continente africano, que por muitos anos foi considerado um terreno improdutivo para economia, e as perspectivas apesar de terem melhorado ainda não são as melhores. Sendo sua educação e tecnologia ainda muito precárias. Também podemos atribuir a falta de crescimento econômico a falta de capital físico, que de acordo com o modelo de Solow que estudamos pode ser atribuído a taxa de poupança da população.

    Mais informações: http://www.economist.com/blogs/freeexchange/2015/04/africa-and-commodity-prices

  7. Achei muito interessante, eu sempre tive esse pensamento informal, que as áreas não ligadas à produção apenas consomem parte da renda gerada pela produção de fato, por se ocuparem em atividades não produtivas, que não aumentam a produção de riquezas no montante total. uma maneira de combater isso é flexibilizando as cobranças de impostos, os métodos de controle, agrupando e simplificando sempre toda documentação necessária oficial vigente no brasil para os mais diversos fins, o que traria menos esforço despendido em realizar os tramites, e também ocuparia menos o tempo de quem depende destes processos.
    esse talvez seja um ponto positivo num mercado com menor quantidade de empresas: há menos funcionários ligados à área de gestão interna, por ter direcionamentos unicos, e não um mercado segmentado de diversas empresas inchadas com áreas de marketing, estrategia, finanças e rh, por exemplo, uma para cada empresa

  8. Parabénsao grupo pelo trabalho, mas gostaria de ressaltar a ineficiência do aumento nos anos de estudo para a produtividade do trabalhador brasileiro. Apesar do grande aumento nos investimentos em educação e quase universalização do acesso ao ensino básico, a produtividade do trabalhador brasileiro não foi impactada, apesar do evidente aumento nos anos médios de estudo. Nosso crescimento de produtividade é risível se comparado a praticamente qualquer país com economia de similar tamanho.Parece-me que temos um grande gargalo para nosso crescimento exatamente na produtividade do trabalhador, e que não conseguimos resolver apesar de (ao menos nas aparências) tentarmos e investirmos cada vez mais para isso.

  9. Que medidas o governo brasileiro poderia tomar para aumentar as taxas de poupança e o crescimento do produto nos proximos anos? Tendo em vista que estamos abaixo do ponto de máximo de poupanca de 50%, explicado no livro pela regra de outro.

    1. Link (04/01/2017): http://jcrs.uol.com.br/_conteudo/2016/12/cadernos/jc_contabilidade/536230-sem-reforma-na-previdencia-governo-pode-aumentar-impostos.html

      “Sem a aprovação da reforma da Previdência, o governo federal precisará elevar a carga tributária em R$ 500 bilhões nos próximos 30 anos, segundo o secretário de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda, Mansueto Almeida. Ao mesmo tempo, ele indicou que carregar nos tributos “não é uma opção” neste momento em que a economia está em recessão . O argumento de que, sem reduzir os gastos com o pagamento de aposentadorias, só restará cobrar mais impostos foi reiterado por Mansueto. “Se o sistema atual continuasse, até 2050 ou 2060, o gasto com INSS ultrapassaria 20% do Produto Interno Bruto (PIB). Seria preciso um aumento da carga tributária, até 2040, de 10 pontos percentuais do PIB e, depois de 2060, acima de 10 pontos do PIB”, diz Mansueto. O lançamento de algumas medidas microeconômicas – e não um grande pacote, como chegou a ser mencionado por integrantes do governo – deve ajudar na recuperação da economia e na retomada do crescimento, após dois anos de recessão, de acordo com o secretário do Ministério da Fazenda. A ideia é reduzir a burocracia para as empresas. Além disso, projetos de lei ligados às concessões que flexibilizam as regras de investimento devem ser anunciados em breve. E o governo ainda conta com a melhora do cenário externo para estimular a atividade econômica. As regras mais duras propostas pelo governo para a Previdência forçarão o brasileiro a poupar mais para manter o padrão de consumo, o que pode ajudar o País a crescer no longo prazo. Diante das mudanças, a expectativa é que os trabalhadores passem a guardar dinheiro enquanto estão na ativa para complementar a renda na velhice. O resultado esperado é que os recursos ajudem a financiar obras e outros projetos, elevando o nível de investimentos no Produto Interno Bruto (PIB). Um dos argumentos para apostar nessa tendência é o fato de que ela já ocorre em outras partes do mundo. De acordo com especialistas, as famílias tendem a poupar mais em países com sistemas previdenciárias menos generosos. Para o economista Ricardo Brito, professor do Insper, o sistema previdenciário contribui para que o brasileiro seja pouco incentivado a fazer uma poupança adicional. Em um conjunto de simulações, o especialista chegou à conclusão que apenas as famílias com renda superior a 20 salários-mínimos – ou 2,1% dos domicílios brasileiros – têm necessidade de acumular patrimônio para manter o padrão de consumo na aposentadoria. O nível de poupança é um dos indicadores mais importantes sobre a capacidade de um país crescer. Segundo Leal, uma elevação de um ponto percentual na taxa de poupança costuma ser acompanhada por uma alta na mesma proporção da taxa de investimento. Em 2010, quando a economia brasileira cresceu 7,5%, a taxa de investimentos estava em 21,5%; e a taxa de poupança, em 19,6%. A recessão derrubou os dois indicadores, hoje em 16,5% e 15,1%, respectivamente, segundo os dados mais recentes do IBGE. Com menos dinheiro guardado pelas famílias, empresas e governo, a opção para crescer é buscar recursos no exterior. O problema é que isso tende a gerar desequilíbrios na economia, explica Leal. “Hoje, nossa única forma de aumentar investimento é tendo déficits grandes em transações correntes. Sem poupança, quanto mais o País crescer, mais vai ter rombo nas contas externas. Isso vai gerar impacto maior sobre câmbio, inflação e, para controlar isso, taxas de juros mais altas”, resume o especialista. Para que esse cenário seja revertido, não basta que as famílias poupem mais. Estimativa do economista Carlos Rocca, do Centro de Estudos do Instituto Ibmec, mostra que a taxa de poupança do setor público está negativa em 7,1%. Ou seja, com a crise fiscal, o governo gasta mais do que guarda, o que também limita a capacidade de crescimento do País.”

    2. Leon, de acordo com o que pesquisei, o próprio perfil da sociedade impulsiona um consumo efêmero e excessivo, pautado na liquidez de valores. Mas, mesmo com essas características, o governo ainda possui um papel essencial no incentivo à poupança, por meio dos programas de assistência social, gastos tributários, subsídios, e, sobreduto, por meio de políticas educacionais que encorajem o “consumo previdente”.
      Além disso, no Blanchard é dito que o governo pode aumentar a poupança por meio de um superávit orçamentário (dada a poupança privada, uma poupança pública positiva leva a uma poupança total maior), ou de impostos, criando isenções para poupadores, de modo a estimulá-los a poupar mais e aumentar a poupança privada
      Fontes: http://ansp.biblidocs.com.br/view/arquivos/Poupanca%20em%20uma%20sociedade%20de%20consumo%20-%20Artigo%20Ac%20Sergio%20Rangel.pdf
      http://www.em.com.br/app/noticia/internacional/2016/06/14/interna_internacional,772587/crise-de-poupanca-impede-america-latina-de-crescer-mais-diz-bid.shtml

  10. Primeiramente parabéns ao grupo pelo texto! Achei muito interessante o que foi dito acerca da burocracia no Brasil, que padece da chamada “cristalização dos processos” (citando Max Weber). É realmente importante darmos a devida dimensão ao papel que as instituições exercem no desenvolvimento dos países. Pelo que se vem observando, instituições descentralizadas, que tenham regras estáveis e impessoais, estabilidade monetária, liberdade de comércio etc. são mais prósperas que aquelas cujas instituições caminham em sentido oposto. Ou seja, ao canalizar o autointeresse dos agentes para a atividade produtiva (e não para a espoliação), ao incentivar a poupança, o investimento e a atividade empresarial, as nações tendem a ser mais ricas. Os clássicos já eram grandes entusiastas dessas ideias, que hoje em dia vem sendo resgatadas por economistas neoinstitucionais, como Daron Acemoglu e James Robinson, e da escola de escolha pública, como James Buchanan e Gordon Tullock.

  11. Gostaria de saber sobre planos que o governo federal tem tentado para aumentar nossa produtividade e sobre o porque das medidas por ele já tomadas serem tão ineficazes (uma vez que nem mesmo o aumento de anos de escolaridade do brasileiro foi capaz de aumentar a nossa produtividade). Às vezes me parece inclusive que o nosso governo não tem nenhum plano de combate a isso. Exemplo disso é o congelamento dos gastos públicos realizados esse ano e que pode ser que afetem ainda mais o nosso investimento com educação pública ao longo dos próximos 20 anos, e além disso, como o texto diz, ainda faltam gastos públicos com tecnologias que propiciem nosso crescimento, mas nesse cenário às perspectivas pessoas minhas são ainda piores.

  12. A taxa de investimentos do Brasil é extremamente baixa. Ela gira em torno de 20%, enquanto a média mundial é de 24%, e a média dos países emergentes é de 30%. No primeiro trimestre de 2016, a taxa de investimentos, de 16,9% do PIB, foi a menor em 21 anos. Enquanto isso, a taxa de poupança interna beira os 16% (a diferença é a poupança externa). Essa baixa taxa de poupança interna está limitando o crescimento da taxa de investimento.
    Há alguns fatores que implicam nessa baixa taxa de poupança. Sabemos claramente que o brasileiro é mais propenso a consumir. O Brasil adotou durante as últimas duas décadas um modelo de crescimento baseado no consumo, com políticas governamentais que o incentivavam. A renda também cresceu, mas o consumo cresceu proporcionalmente mais, e como consequência a taxa de poupança diminuiu. Segundo indicador do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e da Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas (CNDL), 62% dos consumidores dizem não guardar dinheiro, nem possuir uma reserva. Ao constituir uma reserva, a maior parte dos poupadores tem como objetivo a proteção contra imprevistos, como doenças, morte de parentes (43%) ou desemprego (31%). Enquanto isso, 27% tem a meta de garantir um futuro melhor para a família, e 24% prevê a realização um sonho de consumo. Apenas 17% tem reserva com foco na aposentadoria, prática nociva que é sustentada pelo sistema de Previdência. Dentre este e outros programas sociais, como também hábitos culturais, não há incentivos a poupar no Brasil.
    Vale lembrar que estímulos na demanda agregada não sustentam o crescimento de longo prazo, que é determinado exclusivamente pela oferta.

    Fontes:
    . Por que a taxa de investimento no Brasil é tão baixa?. Disponível em acesso em 01 de julho de 2017
    . Maioria dos brasileiros não tem o hábito de poupar, segundo pesquisa. Disponível em acesso em 01 de julho de 2017
    . Taxa de investimentos, de 16,9% do PIB, é a menor em 21 anos. Disponível em acesso em 01 de julho de 2017
    . Macroeconomia. BLANCHARD, Olivier. 4ª Edição

    1. Gostaria de parabenizar o grupo pelo excelente trabalho, texto muito didático, gostei de saber que a burocracia é um grande problema para a produtividade das empresas, pois o nosso país tem elas de forma exorbitante e isto é um dos fatores para explicar o nosso baixo crescimento , além da nossa baixa taxa de poupança que é muito clara e também por parte da dificuldade de se implantar o papel mais importante para o crescimento que é a tecnologia seja ela material ou humana

  13. Em 2016 o Brasil ficou em 83º na relação de países com o melhor capital humano do mundo, atrás de países como Jamaica, Vietnã e Armênia.O investimento em capital humano de fato é um grande empecilho ao desenvolvimento brasileiro, se tratando principalmente da defasagem na forma como é tratada o investimento nesse setor. Segundo relatório da OCDE o brasil está em terceiro com maior gasto público em educação, entretanto tem baixo investimento por aluno do nível básico. Isso talvez explique o motivo de 40% dos universitários eram considerados analfabetos funcionais, como dito no texto apresentado pelo grupo. Um alto investimento no ensino superior, não sendo acompanhado com um alto investimento no ensino de base, pode acarretar nesse gargalo. O investimento nesse setor possibilita uma mão de obra qualificada para os desafios do futuro, além do fato de que uma economia com muitos trabalhadores qualificados será mais produtiva.Para Klaus Schwab, fundador e presidente do Fórum Econômico Mundial “Investir em capital humano vai além da necessidade econômica: é a base para todos os indivíduos atingirem seu pleno potencial”.

    1. Maria Renata, muito interessante seu comentário. A situação do capital humano do Brasil é crítica. Na pesquisa, ficou abaixo da média da região do Caribe e da América Latina, com uma pontuação de 64.51 – o que significa que mais de 35% do capital humano do país continua subdesenvolvido.
      Quem puxou o desempenho do país para baixo foi o preparo dos jovens de 0 a 14 anos, o 100º entre 130 países. Pesaram nesse sentido a chamada “taxa de sobrevivência em educação básica”, a capacidade de o aluno sair bem preparado do ciclo primário de ensino (98º lugar), e a qualidade da educação primária (118º lugar).
      Dessa forma, concordo com você que é necessário investir na educação infantil para obter uma mão de obra qualificada para os desafios do futuro, a qual é a chave para melhorar a produtividade brasileira.

    2. No Brasil, os maiores problemas estão mais na estrutura do que na forma como ela é administrada. Seu comentário exemplifica essa situação percebida no setor educacional, mais em vários outros setores o caso é o mesmo. São problemas que a macroeconomia que estudamos até então não aborda, e se aproximam mais das ciências sociais, difíceis de medirmos matematicamente. Infelizmente, aqueles que tem a responsabilidade e a competência para resolvê-los não se preocupam com problemas que se estendam além do tempo de um mandato. Aparentemente, desde o fim da ditadura militar, os principais objetivos dos mandatos presidenciais brasileiros têm sido: estabilidade política, anos depois estabilidade econômica e depois diminuição da desigualdade social. A educação nunca foi a prioridade. É como se tentássemos consertar buracos provisoriamente, sem ter real foco na soluções de problemas a longo prazo (aqui me refiro a longo prazo não no sentido de uma tendência ao longo do tempo, mas que começará a apresentar resultados depois de muito tempo).

  14. Primeiramente gostaria de parabenizar o grupo pelo texto e citar que durante o ano de 2015, houve uma queda de 3% na produtividade do trabalho no Brasil. Isso se deve a uma queda maior no produto do que no nível de emprego, que podemos relacionar com a teoeia macroeconômica, que durante uma recessão, como houve em 2015 (uma queda no produto), algumas empresas preferem manter alguns trabalhadores a mais, devido aos altos custos de demissão e treinamento de novos funcionários, principalmente no contexto brasileiro e além disso muitos empregos não estão relacionados a atividade fim da empresa, como os contadores, por exemplo.

  15. O papel da produtividade no produto de longo prazo do país é ainda mais relevante quando se analisa a mudança demográfica pela qual o país vem passando e que pode ter um impacto negativo sobre o crescimento da força de trabalho nos próximos anos, o que fará com que o aumento do produto de longo prazo dependa cada vez mais do crescimento da produtividade por trabalhador.

    1. Realmente Maicon, entretanto parece uma tendência dos países desenvolvidos ter cada vez mais um crescimento econômico associado a produtividade do trabalhador do que associado ao crescimento da força de trabalho. Inclusive, gostaria de saber se há alguma correlação entre o aumento da taxa de produtividade na economia e a redução da força de trabalho nos últimos anos (estimulada por exemplo pelo estimulado a baixa natalidade).

  16. Parabéns pelo texto, grupo. Quando falamos sobre a influência da burocracia sobre o desenvolvimento, salta aos olhos o exemplo de Cingapura, que em pouco mais de 50 anos desenvolveu um aparelho burocrático extremamente eficiente, alcançando altos níveis de desenvolvimento econômico com apenas meio século de independência. Acho que é interessante estudar as lições que um caso como este poderia ensinar ao Brasil (guardadas as devidas proporções, é claro), uma vez que ele tange uma questão tão delicada para o avanço de nosso país.
    Eis um bom artigo sobre o assunto: http://exame.abril.com.br/revista-exame/o-governo-mckinsey/

  17. Parabéns ao grupo pelo trabalho. Achei interessante o enfoque que o grupo dedicou à educação na constituição da produtividade brasileira. A precariedade nos primeiros anos de formação aliado à baixa taxa de ingresso de jovens nas universidades (na América Latina, apenas 40% dos jovens entre 18 e 24 anos estavam matriculados no ensino superior em 2010) faz com que o Brasil e diversos outros países do continente tenham dificuldades em melhorar a produtividade da sua força de trabalho. Felizmente, como aponta o relatório do Banco Mundial, o número de estudantes em programas de ensino superior quase dobrou na última década na América Latina e no Caribe. Entretanto, o elevado número de evasões (que, em alguns países, chega a 50%) e a péssima qualidade de muitos desses programas colaboram para a baixa capacidade de inovação (e, muito relacionado a isso, a baixa capacidade produtiva) do continente. Por isso, no mesmo documento, são propostas várias medidas que podem ser adotadas para enfrentar alguns desses problemas, como um melhor sistema de financiamento para proporcionar incentivos para que instituições e estudantes obtenham bons resultados, além de boletins que informem sobre o desempenho das instituições e dos cursos para que, assim, os estudantes possam ter mais informações na hora de realizar suas escolhas.
    Fonte:
    http://www.worldbank.org/pt/news/press-release/2017/05/17/higher-education-expanding-in-latin-america-and-the-caribbean-but-falling-short-of-potential

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