Mercados Financeiros, Política Monetária

G2-Eco: A dança das taxas de juros

Atividade didática On-Line realizada pelos alunos da Turma de Economia Monetária

 

A comparação entre títulos com mesmas características, mesmo emissor e com prazos de maturidade diferentes, nos deixa observar curvas de taxas de juros positivas, planas ou até invertidas. Esse “balé” das taxas de juros pode ser sintetizado pelos seguintes fatos estilizados:

  1. Cointegração das taxas de juros com maturidades diferentes. Ou seja, essas taxas têm um comportamento semelhante ao longo do tempo;
  2. As taxas obedecem ao princípio de reversão à média. Quando falamos de taxas de curto prazo que sofreram queda, em relação a um referencial, espera-se um crescimento ao longo do tempo (ou o contrário);
  3. A curva normal é a mais frequentemente observada.

A teoria capaz de explicar o conjunto dos fatos estilizado é chamada de Prêmio pela Liquidez. Segundo Mishkin, ela demonstra que títulos com maturidades diferentes são substitutos, mas não substitutos perfeitos, assim a teoria ainda permite que os investidores prefiram um título a outro. Portanto, o pagamento de um prêmio positivo pela iliquidez de capital consegue fundamentar os três fatos estilizados, principalmente a frequência da curva positiva.

A figura abaixo pode ser clarificada pela ótica da teoria do prêmio pela liquidez. Ela apresenta o mercado de títulos dos EUA e permite observar o movimento das taxas de juros e os fatos estilizados. Conectados pelo grau de substituição, as diferentes maturidades dos títulos apresentam sincronia no comportamento ao longo do tempo, que associa o pedaço da taxa de longo prazo à composição da taxa de curto prazo esperada, comprovando o primeiro fato estilizado. Além disso, quando as taxas alcançam vales ou picos, elas redirecionam seu movimento para cima ou para baixo, demonstrando o segundo fato estilizado. Por fim, uma vez que o prêmio pago sempre é positivo, ele tende a “puxar” a curva para cima, o que explica a maior frequência da curva normal (terceiro fato estilizado).

Nesse mesmo contexto, o gráfico abaixo ilustra a variação das taxas de juros, porém para três títulos públicos emitidos pelo Tesouro Direto entre os períodos de 2010 a 2017 no Brasil. Para sua elaboração, foi usado como referência o dia 31 de agosto dos respectivos anos. Os diferentes títulos são representados por: a série azul retrata a LTN (Letra do Tesouro Nacional) – um título de curto prazo (CP); a série vermelha NTN-B (Notas do Tesouro Nacional – série B) – médio prazo (MP) e a série verde NTN- B principal (Notas do Tesouro Nacional – série B – principal) – um título de longo prazo (LP).

Utilizando este gráfico para análise do comportamento da ETTJ no Brasil, é possível notar a cointegração das taxas de curto, médio e longo prazo. Mesmo que essas difiram em seus graus de maturidade, elas tiveram o mesmo movimento ao longo do tempo, ou seja, quando houve uma alta na taxa de juros da LTN (CP), as taxas de NTN-B (MP) e as de NTN-B principal (LP) também aumentaram.  Ainda, pode-se comprovar o princípio de reversão à média, ou seja, o fato da esperança de baixa de uma taxa de curto prazo após um período de alta, observando esse comportamento no período dos anos 2012 a 2015 e no período dos anos 2016 e 2017, respectivamente.”

 

REFERÊNCIAS:

MISHKIN, F. The Stock Market, the Theory of Rational Expectations, and the Efficient Market Hypothesis. In: MISHIKIN, F. Economics of Money, Banking and Financial Markets, 10th Edition.” 

http://www.tesouro.gov.br/tesouro-direto-balanco-e-estatisticas

 

Grupo L

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28 comentários em “G2-Eco: A dança das taxas de juros”

  1. Ao ler o texto, a primeira coisa que me chamou a atenção foi o último gráfico. Nele, podemos observar que a taxa de juros de curto prazo dos títulos do governo é maior que a taxa de juros dos títulos de longo prazo. Entretanto, o que estudamos em Economia Monetária é que, geralmente, taxas de juros de longo prazo serão superiores do que as de curto prazo; de acordo com a Teoria do Prêmio de Liquidez, o longo prazo sempre irá requerer algum prêmio e este prêmio sempre irá crescer conforme a maturidade do título aumentar.
    Diante dessa contradição entre teoria e o que foi exposto no gráfico, busquei por motivos que explicassem tal divergência. O que eu encontrei foi que, de fato, as taxas de juros de longo prazo são maiores que as de curto prazo no Brasil. Esta inversão na curva de juro, por sua vez, deve-se principalmente à política de subsídio feita pelo Governo brasileiro no sentido de reduzir a taxa de juros de longo prazo. De acordo com Assaf Neto, “o fato de não existir poupanças de maior maturidade em volume suficiente para atender às necessidades de investimentos da economia, os agentes tomadores vêm sendo abastecidos com recursos oficiais subsidiados em relação às taxas de juros livremente formadas no mercado”.
    Por fim, vale-se ressaltar que o grande financiador de projetos é o banco estatal BNDES, Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social.
    Dentre os textos que li, o que mais tem informações relacionadas ao assunto é o do link a seguir: http://gerindodinheiro.com.br/comportamento-das-taxas-de-juros-no-brasil/. Nele estão diversas teorias e muitas explicações detalhadas.

    1. Concordo com o fato levantado pela Ana Laura de que realmente é um comportamento que foge do que é observado na maioria dos casos: ao desenhar a curva de rendimentos para as taxas de juros brasileiras, observaríamos o formato invertido.
      Entretanto, acredito que além dos subisídios feitos pelo governo brasileiro, também poderíamos pensar no fato de que as expectativas para as taxas de juros são de queda. Ou seja, futuramente, as taxas de juros de curto prazo estarão menores do que as atuais. Ainda, de acordo com a teoria do prêmio pela liquidez, a curva de rendimentos é formada pela média das taxas de curto prazo esperadas para cada período futuro, mais um prêmio (proporcional à maturidade).
      Dessa maneira, esperaríamos dois comportamentos para a curva de rendimentos: ou seria plana, ou invertida (como é o caso), dado as expectativas de queda para taxas de curto prazo futuras, que “puxam” o rendimento de títulos de médio e longo prazo para baixo.
      De fato, observando os dados contidos no Sistema de Expectativas do Banco Central (determinados pelo Focus), a expectativa é que haja uma redução da meta para Taxa Over-selic até setembro de 2018 de 7,5% para 7%, o que explica o formato invertido dessa curva, pelo menos em parte.

  2. De acordo com o livro utilizado em aula e após a leitura do trabalho do grupo, gostaria de ressaltar que a Teoria pelo Prêmio por Liquidez é formada por outras duas teorias: Teoria das Expectativas e Teoria dos Mercados Segmentados. Devemos ter pleno conhecimentos das duas, como futuros economistas, por dois motivos. O primeiro é baseado que as outras duas ideias servem de base para a teoria utilizada (Teoria pelo Prêmio por Liquidez) e também como os economistas modificam as teorias ensinadas e analisadas para melhorá-las quando os resultados finais são inconsistentes com as evidências empíricas. A Teoria das Expectativas comprova os dois primeiros fatos estilizados, porém o não consegue explicar o terceiro, uma vez que indica que a curva deveria ser plana. A segunda teoria, Teoria dos Mercados Segmentados, explica o último fato estilizado, porém não consegue explicar o primeiro e segundo. Como analisa títulos com diferentes maturidades como completamente segmentados, não há porque um título com uma maturidade específica influenciar na taxa de juros de outra maturidade. Logo, títulos de CP e LP não se relacionam, não havendo qualquer grau de substituição. O emissor que oferta títulos de CP ofertará apenas esse tipo de título e o mesmo vale para emissores de títulos de LP. Assim não pode explicar porque as taxas de juros sobre títulos de diferentes maturidades tendem a se mover juntas. Ou seja, não há como saber o comportamento das taxas de juros de títulos de curto prazo e longo prazo. Também não explica porquê a YTM tende a subir quando as taxas de juros de CP estão baixas e também inverter quando as taxas de juros de CP estão altas.
    Após pesquisar um pouco, achei uma notícia de uma notícia de proposta da taxa de juros de longo prazo definida com base da estrutura a termo da NTN-B (título do Tesouro Nacional estudado pelo grupo) mais o IPCA. A mudança é pautada na diminuição do aumento da dívida pública, e tornar a taxa mais previsível para os tomadores de empréstimos, aumentar a participação dos bancos privados e limitar os subsídios.
    Segue a notícia completa para maiores esclarecimentos:
    http://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2017/08/31/chega-ao-senado-a-mp-da-tlp-nova-taxa-de-juros-do-bndes

    1. Muito boa a síntese do conteúdo abordado em aula. Irá reforçar a ideia do tema, pois as informações da publicação foram reduzidas devido ao limite de caracteres.

  3. Um tema importante comentado pelo grupo seria sobre os títulos públicos federais. Os TPF são títulos de renda fixa, que é uma obrigação cujo rendimento(taxa de juros) é determinado no momento da compra do titulo. Esse rendimento pode ter a sua remuneração prefixada ou pós-fixada. Para os títulos pós-fixados existem vários indexadores que variam de acordo com cada titulo. Por outro lado os títulos públicos prefixados nao possuem indexadores.
    Nos últimos anos a secretaria do tesouro nacional (STN) aperfeiçoou o programa do tesouro direto para deixa-lo mais atraente, simples e acessível aos investidores. Uma das mudanças importantes foi a recompra diária, que significa que os investidores poderão vender seus títulos para o tesouro nacional todos os dias ampliando a liquidez e a flexibilidade da aplicação. Antes a recompensa só acontecia as quartas-feiras
    Alguns dos títulos com suas principais características são;
    LTN = titulo sem cupom = com rentabilidade sobre o valor nominal(deságio) sendo um titulo titulo prefixado
    LFT= titulo sem cupom = com rentabilidade atrelada a selic, sendo um titulo pos-fixado
    NTN-B = titulo com cupom= com rentabilidade sendo juros+ IPCA

    Fonte: https://ganhemais.infomoney.com.br/perfil/especialista/daniel-guedine-serafini/titulos-publicos-federais-ntns-ou-tesouro-ipca
    e material de aula

  4. Uma coisa interessante a se pontuar mediante o exposto no texto, é o fenômeno recente que vem acontecendo nos países desenvolvidos de taxas de juros negativas.Sabemos que há uma correlação negativa entre o preço do titulo e a taxa de juros.Mas não há uma grande demanda por títulos nos países desenvolvidos dado que a atividade econômica em tais países não está tao pujante.Outro dado interessante que li recentemente é que Japão, China e Brasil são os maiores detentores de títulos da divida norte-americana.Os EUA estão com juros perto de zero há quase 9 anos, mas mesmo assim vários países optam em manter parte da sua carteira de portfólio nos títulos norte-americanos por serem os mais ”livre de risco” do mundo, logo percebemos que no jogo da politica monetária internacional o rendimento do titulo não é tudo.

  5. Estava pesquisando sobre o assunto para fomentar a discussão e encontrei uma notícia antiga sobre conjuntura econômica, mas que aparentemente contribuiu ao descrever o período de desaceleração do crescimento econômico que viria em seguida.
    Ele faz menção a teoria que vimos em aula, dizendo que os analistas da revista Financial Times observam que juros nos títulos de curto prazo mais altos do que nos de longo prazo são a indicação de que a economia do país ruma a uma forte desaceleração ou até mesmo uma recessão, pautando-se nos dados de países que sofreram severa crise financeira no mesmo período – Portugal, Grécia e Irlanda.
    Em contrapartida, os analistas contextualizam a realidade brasileira, atribuindo a alta das taxas de juros reais aos grandes períodos de inflação descontrolada. Nessa análise, a yield curve invertida do Brasil seria “mais um efeito técnico de curto prazo do que um indicador confiável de recessão”.
    Links: http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2011/06/110615_economia_brasil_rendimentos_ft_rw.shtml
    https://www.ft.com/content/1e751322-1a13-32db-98c7-cca66b534c31

  6. Conforme foi apresentado pelo grupo, as taxas de juros do tesouro nacional brasileiro fogem um pouco do que é considerado normal para elas, já que os títulos de curto prazo possuem taxas superiores aos de médio e longo prazo. Desta forma, busquei mais informações sobre as taxas de juros de outros países para ter uma maior base de comparação. Realmente, a maioria dos países possui taxas de juros para os títulos de curto prazo menores do que as de longo prazo, sendo que em casos como o do Japão e da Alemanha essas taxas podem até ser negativas. Contudo, o que me chamou mais a atenção é que as taxas de juros dos títulos do governo brasileiro são muito altas, em comparação com o resto do mundo, sendo mais de 3% maior do que as taxas de países como a Grécia, México e Índia.

    Fonte: https://www.bloomberg.com/markets/rates-bonds

  7. A taxa de juros do Brasil é uma das mais altas do mundo. Segundo a notícia apresentada pela revista Exame, o Brasil deixou de ser o país com taxa de juros real mais elevada no mês de Maio de 2017 e agora passou a ocupar o segundo lugar deste indicador, segundo a metodologia adotada pela pesquisa.
    A queda na taxa de juros pode ser atribuída ao fato de que a metodologia mudou e passaram a utilizar a inflação ex ante ao invés da ex post. Essa mudança favorece países com inflação em queda.
    De acordo com a teoria aprendida, espera-se que haja redução da taxa de juros decorrente da expectativa de queda na inflação. Com a inflação em queda, há um aumento da taxa real de juros, o que encarece o custo real dos investimentos, reduzindo a oferta de títulos. Ao mesmo tempo, a inflação em queda aumenta o retorno esperado dos títulos em relação a ativos financeiros e há um deslocamento da demanda por títulos para a direita. O efeito desses dois deslocamentos resulta em aumento dos preços dos títulos e, consequentemente, redução da taxa de juros.
    Apesar da queda da taxa de juros provocada pela queda na inflação, a taxa de juros do Brasil ainda é muito elevada e entre os fatores que causam isso estão: a taxa Selic, base para a formação das demais taxas de juros é elevada; alto risco (incertezas quanto ao pagamento das dívidas), inadimplência e concentração de mercado.
    http://www.gazetadopovo.com.br/economia/financas-pessoais/por-que-os-juros-sao-tao-altos-no-brasil-clt4gae7q8r3vt5hhw4j8hnl7
    http://exame.abril.com.br/economia/com-novo-corte-brasil-deixa-de-ter-maiores-juros-reais-do-mundo/

    1. É importante ressaltar que as taxas de inflação e juros nominal são parâmetros muito importantes para todos os mercados, não só pelo mercado de titulos. A atual tendencia de queda de ambas salienta a proporcionalidade entre elas, conforme orientado pela equação de Fisher. Assim, podemos dizer que a estagnação econômica do ano passado foi fundamental para o reajuste negativo da taxa selic, o que fez com que os agentes realocassem seus portfolios demandando menos titulos públicos que antes, optando por outros ativos financeiros, cujo retorno relativo estava maior.

    2. Os cortes feitos na Selic (taxa básica de juros) têm feito que a taxa real de juros caiam. Em julho, após novo corte da Selic, o Brasil caiu para o terceiro lugar no ranking das maiores taxas reais, ficando atrás da Rússia e da Turquia.
      http://epocanegocios.globo.com/Economia/noticia/2017/05/com-novo-corte-da-selic-brasil-deixa-de-ter-maiores-juros-do-mundo.html
      Nessa semana ainda tivemos um novo corte na Selic, oitavo seguido, porém o Brasil permanece com a terceira taxa de juros real mais elevada. http://g1.globo.com/economia/noticia/juro-basico-recua-para-825-ao-ano-na-8-queda-seguida-menor-nivel-em-4-anos.ghtml

  8. Interessante como a teoria econômica se auto-adapta aos fenômenos de modo a explicar as sociedades de modo mais complexo. A teoria do prêmio pela liquidez nos mostra como, cada agente tentando maximizar seu ganho, “forma” o mercado de títulos.
    O mercado de títulos brasileiro, que pode ser considerado um reflexo do que acontece na “economia real”, mostra as grandes oscilações que tivemos nos últimos anos. Grandes taxas de inflações e certas flutuações que mostram o poder do efeito Fischer, na qual a taxa de juros nominal tende a acompanhar o nível de inflação.

    1. Como os economistas brasileiros reduziram as suas expectativas de inflação para o ano de 2017 e 2018, os economistas estimaram uma queda ainda maior na taxa de juros nesse ano, e para o ano que vem estimaram que a taxa de juros fique estável. Nesse ano de 2017, já notamos uma queda na taxa de juros, como citado pela Jenifer no comentário acima. Hoje mesmo, no jornal, assisti a uma notícia que acho interessante compartilhar aqui: o Copom abaixou os juros e um dos reflexos foi que a bolsa de valores bateu recorde histórico no dia de hoje. Isso pode ser explicado pelo fato de que os investidores, com a queda da taxa de juros, começam a buscar outras formas de rendimento alternativos a renda fixa que possam trazer mais rentabilidade mesmo com maior exposição ao risco, recorrendo à bolsa de valores. Olhando por outro lado, com a redução dos juros investimentos de empresas que não eram viáveis se tornam viáveis, as empresas começam a se financiar com juros mais baixos para se alavancarem.

    2. Sim, é bem legal ter uma visão mais clara dos reflexos da economia do nosso país.
      Entre todos os acontecimentos que podemos citar sobre o período abordado pelo grupo, acho legal ressaltar os que causaram a maior queda e a maior alta da taxa de juros no Brasil, em 2012 e 2015, respectivamente.
      O ano de 2012 foi marcado pela mudança adotada pelo Bacen na condução da política monetária, com cortes mais agressivos da Selic causados pela desaceleração do crescimento da economia e à piora no cenário internacional.
      Já o ano de 2015 teve o comportamento demonstrado devido ao cenário do país com o aumento do desemprego, inflação e dólar, assim como a grave crise política que o Brasil está vivenciando.

      http://www.valor.com.br/cultura/4879800/taxa-real-de-juro-evolucao-e-perspectivas
      https://economia.uol.com.br/financas-pessoais/noticias/redacao/2015/12/16/aumento-dos-juros-nos-eua-como-isso-afeta-o-brasil-e-o-seu-bolso.htm

  9. O livro texto demonstra a relação de títulos de mesma maturidade para emissores diferentes e evidencia o prêmio de risco, que é o diferencial entre taxa de juros. A ETTJ demonstra o movimento das taxas de juros de títulos diferentes maturidades para mesmos emissores.
    Segundo a Teoria das Expectativas, os títulos de diferentes maturidades emitidos por uma mesmo emissor são substitutos perfeitos. Por exemplo, dois títulos subsequentes de curto prazo de 9% e 11% (média = 10%) são igualmente preferidos à um de 10% de longo prazo. Tal estrutura está alinhada somente ao 1º e 2º Fato Estilizado, ou seja, as curvas têm comportamentos semelhantes e raiz unitária, só não atende ao 3º Fato Estilizado pelo fato de a ETTJ ser plana.
    Na Teoria dos Mercados Segmentados, a hipótese é de que o Curto e Médio Prazo são formados por Ofertas e Demandas que não se relacionam, não atendendo o 1º e 2º Fato Estilizado. Já o 3º Fato Estilizado é atendido, pois o agente só vai para o longo prazo se tiver prêmio por abrir mão por mais tempo da liquidez, fazendo que o comportamento da ETTJ seja normal.
    A Teoria do Prêmio pela Liquidez relaciona as duas teorias anteriores, considerando algum grau de substituição entre o CP e MP, além de sempre adicionar um prêmio de liquidez ao longo prazo. De tal forma, tal teoria está alinhada aos três fatos estilizados.

  10. Pelos gráficos mostrados pela postagem do grupo, observamos que, apesar de notarmos um “passeio aleatório” nas “danças” da taxa de juros, há também uma lógica que “puxa” as taxas para baixo quando as mesmas estão em períodos de alta (em relação a um referencial considerado normal) e “puxa” para o alto em relação a períodos de baixa.

    Como foi levantado por alguns aqui, o segundo gráfico realmente me intrigou. Não sei se foi mal explicado ou se o meu entendimento que foi errôneo, mas os títulos de longo prazo terem uma taxa de juros menor não faria muito sentido. Pois se eu estou deixando de ter minha liquidez agora, devo ser “premiado” por isso depois. Caso houvesse uma taxa de juros maior para títulos de curto prazo, os títulos de longo prazo nem existiriam.

    No entanto, é importante levar em consideração o comentário feito pelo Kenneth Xavier de que cada um dos títulos apresentados tem características diferentes (não apenas pelo período de curto, médio e longo prazos).

    1. No meu entendimento, o segundo gráfico reflete o fato de que a taxa de juros do nosso país estava muito alta, ou seja, muito distante de um padrão de normalidade e, mesmo com um prêmio por liquidez positivo por segurar títulos de longo prazo, a taxa de juros de títulos de curto prazo ainda se encontra mais alta do que a de títulos de longo prazo evidenciando uma curva invertida. Isso acontece porque, segundo o Fato Estilizado 2, as taxas de juros possuem uma reversão a média, ou seja, espera-se que essa taxa de juros muito alta retorne a um padrão normal, fazendo com que as expectativas para as taxas de títulos de curto prazo no futuro sejam menores. Com isso, a parte da equação das taxas de juros de longo prazo que representa a média das taxas de curto é mais relevante do que o prêmio por liquidez fomentando uma taxa de juros de longo baixa. Então, tendo como base o comentário acima, acredito que um aumento na taxa de juros de títulos de curto prazo faria com a taxa de juros para títulos de longo prazo também se elevasse, devido a composição da taxa de longo.
      Entretanto, entendo que nesse panorama os investidores não tenham nenhum incentivo para adquirir a títulos de longo prazo, porém, segundo a teoria do Prêmio pela Liquidez, os agentes possuem algum grau de preferência entre títulos com diferentes maturidades, fazendo com que possa ainda existir demanda para títulos com longa maturidade. Além disso, como os agentes não possuem incentivos por esse tipo de ativo, percebe-se um excesso de oferta no mercado de títulos de longo prazo, fazendo com que seu preço venha a cair e a taxa de juros a subir. Por fim, entendo que mesmo que a taxa de juros de títulos de curto prazo esteja muito elevada, os títulos de longo continuarão a existir ainda que possuírem taxas de juros menores.

  11. O tema abordado pelo grupo é de imensa importância para um bom entendimento de finanças, tanto para pessoas que desejam trabalhar no ramo financeiro quanto para quem apenas se interessa e gostaria de ter conhecimento sobre o funcionamento desse mercado tão volátil. Como rotineiramente nos baseamos em economias mais desenvolvidas e as tomamos como comparação ou de exemplo, como no texto acima, procurei me informar sobre notícias que retratassem o tema abordado e, se possível, realizasse comparações. Dessa forma, achei importante fomentar a discussão sobre fatores conectados ao prêmio de risco, que consiste na diferença entre títulos considerados mais e menos seguros, resultando no retorno adicional desejado para aceitar o determinado risco. Inclusive, como um título com maior risco de default exige um prêmio de risco maior, investidores demandam informações para esse investimento, e é ai que atuam as agências de classificação de crédito, como Moody’s, Fitch e Standard & Poor’s.
    Felizmente, ou infelizmente, encontrei uma notícia de maio desse ano da qual a agencia Fitch deixa o Brasil em uma área de baixo grau de investimento, ou seja, com uma nota de credito e perspectiva negativa. Isso se dá principalmente por pela incerteza da recuperação econômica brasileira, estabilização da dívida pública e desequilíbrios orçamentários.

    Segue link da matéria: http://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noticia/2017-05/fitch-mantem-brasil-abaixo-do-grau-de-investimento

  12. No capítulo 6 do Mishkin (p. 136), no último quadro “FYI” ele fala sobre a capacidade da curva de rendimento em prever os ciclos econômicos e a inflação. Essa curva é muitas vezes vista como um indicador útil para orientação da política monetária, com uma inclinação crescente indicando que a política pode ser mais “solta” e, uma curva de rendimento plana ou decrescente, indicando uma política mais apertada.
    Como a curva de rendimentos contêm informações sobre taxas de juros futuras esperadas, ela também deve ter a capacidade de ajudar a prever a inflação e as flutuações do produto real. No Capítulo 5 do livro texto ele observa que as taxas de juros crescentes estão associadas a booms econômicos e à queda das taxas de juros com as recessões. Quando a curva de rendimento é plana ou decrescente, sugere que as futuras taxas de juros de curto prazo deverão cair e, portanto, que a economia está mais propensa a entrar em recessão.
    Através da equação de Fisher sabemos que a taxa de juros nominal é composta pela taxa de juros real e a inflação esperada, o que implica que a curva de rendimentos contêm informações sobre o caminho futuro das taxas de juros nominais e a inflação futura. Uma curva de rendimento acentuada prevê um aumento futuro da inflação, enquanto uma curva de rendimento plana ou decrescente prevê um declínio futuro da inflação.
    Dessa forma, a análise da curva de rendimento é muito importante para analistas econômicos.

  13. Pesquisando mais a fundo sobre o assunto, encontrei um artigo interessante a respeito do efeito das variações da taxa de juros nos investimentos. Quando a taxa básica de juros da economia , Selic, está em alta, ou em período de queda, os fundos de investimento de renda fixa e os de ações sofrem influência. Os fundos de renda fixa, com investimentos em produtos financeiros (CDB, LCI, LCA, Tesouro Selic, e derivados), quase sempre acompanham a Selic, acabando assim, sendo impactados de maneira direta pela alteração da taxa de juros. Quanto aos fundos de investimento em ações, estes podem ser beneficiados pela queda da taxa básica, já que os investidores que estão percebendo os rendimentos caírem em aplicações de renda fixa, vão acabar optando pela renda variável para alcançar uma valorização maior de seu patrimônio.
    https://topinvest.com.br/variacao-na-taxa-de-juros/
    http://cepefin.org.br/publicados_pdf/a_relacao_entre_taxas_de_juros_e_investimento_externo_direto_na_economia_brasileira_cladea_2004.pdf

  14. Acho interessante como o primeiro gráfico apresentado pode justificar os fatos estilizados.Acho interessante a compreensão principalmente do primeiro fato, como foi dito no trabalho, conectados pelo grau de substituição, as diferentes maturidades dos títulos apresentam sincronia no comportamento ao longo do tempo, que associa o pedaço da taxa de longo prazo à composição da taxa de curto prazo esperada, comprovando o primeiro fato estilizado. Alem da teoria do premio pela liquidez , a teoria das expectavas tambem pode explicar este fato estilizado, argumentando que títulos de longo prazo são substitutos perfeitos de títulos de curto prazo, assim as taxas de retorno de titulos de longo prazo são iguais a media das taxas ao longo do período de maturação.

  15. Deixarei aqui uma discussão publicada pelo caderno de estratégia da BM&FBOVESPA que encontrei após a publicação do tema. O texto aborda exatamente o mercado brasileiro e a estrutura da taxa de juros, isto apresentando as características dos principais instrumentos negociados no país, até o calculo da taxa de juros. Também aborda o prêmio cobrado pela liquidez e risco de crédito.

    Clique para acessar o conjuntura173.pdf

  16. Talvez um ponto que elucide a diferença entre estes dois papeis e não tenha sido tratado de forma clara, é o fato de que as LTNs tem a sua taxa de juros prefixada, enquanto as NTNs, possuem sua taxa pós-fixada, pagando sempre IPCA + Juros.
    Esta diferença explica claramente, a pressão que as expectativas inflacionárias tem no mercado financeiro Brasileiro e ao contrario do que muitos colegas comentaram, entendo que os valores apresentados no gráfico não considera o rendimento “total” dos títulos, sendo que, se considerarmos a Inflação acumulada dos anos de 2015 (10,67% A.a.) e 2016 (6,29% A.a), por exemplo, o rendimento dos títulos de Médio e Longo Prazo serão superiores ao de Curto Prazo, o que por sua vez, explicaria o prêmio pela liquidez.

    Fontes:
    http://www.valor.com.br/valor-data/tabela/5800/inflacao
    https://br.advfn.com/indicadores/ipca/2015

  17. Muito interessante a abordagem desse assunto, principalmente com a taxa de juros em discussão por todos os canais.
    Lendo os comentários e pesquisando sobre, achei no próprio site do tesouro uma explicação com um vídeo bem didático (revisãozinha pra quem não lembra da aula hehe) de como funciona o mercado de títulos públicos, rentabilidade e sua relação com a taxa de juros por exemplo.

    http://www.tesouro.fazenda.gov.br/tesouro-direto-como-funciona-o-mercado-de-titulos-publicos

  18. Ainda sobre o capitulo anterior, Keynes demonstra em sua teoria que a moeda não é apenas um facilitador de trocas, mas além disso, pois afeta decisões dos agentes na economia. O economista demonstra que a busca por moeda e ativos são formas de acumulação de riqueza frente a bens de capital, assim, é totalmente racional que momentos de incerteza incentivem os agentes a acumularem moeda.
    Assim, de acordo com a teoria, a taxa de juros é um premio por abrir mão da riqueza em forma monetaria, recompensa por abrir mão da liquidez. “ (…) a taxa de juros é o que se ganha não por que se poupa, mas porque se aplica esta poupança em outros ativos que não a moeda”
    Sendo assim, a preferencia pela liquidez determina a preferencia do publico em reter moeda de acordo com o valor da taxa de juros: “Sendo a taxa de juros, a qualquer momento, a recompensa da renúncia à liquidez, é uma medida de relutância do que possuem dinheiro alienar o seu direito de dispor do mesmo. A taxa de juros não é o “preço” que equilibra a demanda de recursos para investir e a propensão de abster-se do consumo imediato. É o “preço” mediante o qual o desejo de manter a riqueza em forma líquida se concilia com a quantidade de moeda disponível. Isso implica que, se a taxa de juros fosse menor, isto é, se a recompensa da renúncia à liquidez se reduzisse, o montante agregado de moeda que o público desejaria conservar excederia a oferta disponível e que, se a taxa de juros se elevasse, haveria um excedente de moeda que ninguém estaria disposto a reter. Se esta explicação for correta, a quantidade de moeda é outro fator que, aliado à preferência pela liquidez, determina a taxa corrente de juros em certas circunstâncias”.
    Um ponto importante na teoria de Keynes é o fato de que quanto maior for a demanda por moeda, isto é, quanto maior for a preferência pela liquidez, menor será a demanda pelos bens e serviços, menor será a demanda efetiva. Isso por sua vez acaba por acarretar uma queda no nível de emprego da economia. Como base nisso surge um ideal de política econômica no modelo keynesiano. Em situações de crises caberia ao Estado diminuir as incertezas que rodam a economia, parte desse movimento poderia ser feito com políticas fiscais expansionistas, com a finalidade de aumentar a demanda efetiva resultando no crescimento do investimento produtivo.

  19. No link abaixo colocado, podemos observar uma análise dos movimentos da ETTJ com base em informações sobre o objetivo e a estratégia das políticas monetárias após a implantação do regime de metas de inflação no Brasil, colocando em ênfase como o controle das expectativas de inflação têm um papel importante na manutenção da saúde da economia monetária do país. Ainda, vejo como interessante a representação da resposta da ETTJ em outros países, tais como a Alemanha, EUA, Itália, Reino Unido como base comparativa.

    Clique para acessar o Sinalizacao.pdf

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