Câmbio, Mercados Financeiros, Política Monetária

G7-Eco: Volatilidade da taxa nominal de câmbio e risco país

Atividade didática On-Line realizada pelos alunos da Turma de Economia Monetária

 

“Volatilidade é definida como o nível de variação de um determinado ativo em determinado período de tempo. É uma variável não observável a qual expressa de uma maneira simples o grau de incerteza que o investidor possui1.

O grau de volatilidade apresentado pelo Câmbio Brasileiro (R$/US$), anualizado está expresso em 15,37%. Em outras palavras, “probabilidade de variação” do preço da moeda estrangeira em um ano é de 15,37%2.

O Índice de Títulos da Dívida de Mercados Emergentes, EMBI (sigla em inglês para Emerging Market Bond Index) foi desenvolvido pelo Banco JP Morgan Chase para ser fonte de informação aos agentes dos mercados financeiros.

O EMBI+BR é também chamado de ”Risco-Brasil”, calcula o prêmio de risco que é a diferença (Spread) entre a média ponderada do retorno dos títulos soberanos brasileiros em comparação ao retorno dos títulos soberanos norte-americanos. Utilizado como parâmetro para avaliar a capacidade de um país de honrar sua dívida3.

Por exemplo, se devido a um temor dos agentes de o Brasil não honrar seus compromissos financeiros, eles exigirão uma taxa de juros maior para financiar a dívida brasileira, logo o diferencial (spread) entre o título brasileiro e o título norte-americano sobe, conseqüentemente a pontuação do Embi+BR sobe, elevando o ”Risco-Brasil”.

Graf1:Banco Central Brasil, IPEA.Elaboração própria Graf2:Banco Central Brasil,Federal Reserve.Elaboração própria

 

Em setembro de 2002, o EMBI+BR atingiu seu maior valor da série histórica 2446 pontos-base e a taxa Selic 20,9%. A narrativa populista do candidato à presidência Luiz Inácio Lula da Silva gerou grande temor nos mercados financeiros com relação a provável vitória deste candidato. A taxa de cambio atingiu R$3,95 em outubro de 2002.A taxa Selic atingiu 26,32% em março de 2003, maior valor da serie histórica.

Com exceção de uma subida acentuada em outubro de 2008 (677 pontos-base, devido aos impactos da crise financeira internacional que aumentou a aversão ao risco nos mercados de capitais mundiais, escasseando o credito para países emergentes), houve queda significativa da pontuação do EMBI+BR, logo queda do ”Risco – Brasil” mantendo-se em nível estável4.

O respeito aos fundamentos do tripé macroeconômico, permitiram queda substancial da taxa Selic entre 2003-2008.A condução ortodoxa de política econômica do governo, especialmente na obtenção de superávits primários da ordem de 3% do PIB entre 2003-2008, geraram redução da relação dívida/PIB, diminuindo o ‘’Risco-Brasil’’.

Em conjunto, no período 2003-2009, pelo lado da balança comercial o grande boom de exportações e pelo lado do mercado de capitais a entrada de capital externo estrangeiro, houve maciça entrada de dólares no mercado brasileiro, valorizando a taxa de cambio.

Pelos gráficos vemos que a partir de 2013 a elevação da taxa Selic foi adotada para conter a inflação crescente. A Selic se elevou até o ano de 2016, em 14,25%, e a taxa de cambio apresentou trajetória consistente de desvalorização desde 2012, o que é explicado pelo EMBI+BR, pois sua trajetória acompanha tal processo de desvalorização cambial.

A partir dos gráficos, vemos que há um grau de correlação entre a elevação do Risco-Brasil e a desvalorização cambial. Elevações da taxa Selic, não necessariamente atraem maior capital estrangeiro para o país, pois conforme o prêmio de risco cresce, a participação de investidores estrangeiros nos papeis da dívida pública brasileira diminuem.

Nos EUA, no início dos anos 2000, a taxa de juros estava em 6,6%. Apresentou tendência de queda nos anos seguintes. Em meados de 2005 a Fed Funds volta a se elevar estacionando no patamar dos 5%, em parte devido aos sintomas do pré-crise4.

 Para combater os efeitos da crise de 2008, o Fed, adotou a política de quantitative easing no qual o Fed adquire grande quantidade de títulos públicos, mantendo as taxas de juros próximas de zero durante quase 9 anos. Desde 2015 vem havendo elevações marginais na taxa de juros, atualmente está em 1,15%.”

Fontes:

  1. 2-Calculo Proprio

 

AUTORES: GRUPO D Economia Monetária

 

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31 comentários em “G7-Eco: Volatilidade da taxa nominal de câmbio e risco país”

  1. Conforme falado pelo grupo, o EMBI+ é o índice formado por instrumentos de dívida externa, negociados e denominados em moeda estrangeira, no caso, o dólar, em países emergentes. Ele reflete o movimento dos preços e os retornos dos títulos, utilizando a média ponderada dos retornos diários pagos. A variação do índice entre duas datas constitui o rendimento do título no período. A data base é de 31/12/1993, início do cálculo do EMBI+. O J.P. Morgan Chase realiza um cálculo separado do EMBI+ para cada país participante. No caso brasileiro, o EMBI+Br, cujo spread é conhecido como risco-Brasil, “é a média ponderada dos prêmios pagos pelos títulos da dívida externa brasileira em relação a papéis de prazo equivalente do Tesouro dos Estados Unidos”. Maior a pontuação, maior o risco de crédito do país em questão. Pelo post do grupo, podemos ver que há alta relação entre o risco Brasil e a taxa de câmbio (R$/US$). A pesquisa feita pelo grupo vai até o começo de 2017, após uma pesquisa sobre o assunto na internet, achei que o risco-Brasil atingiu o menor índice desde o fim de 2014. Isso demonstra maior otimismo e confiança por parte dos investidores, os quais sofreram com a instabilidade significativa nos últimos anos no cenário econômico brasileiro. Pode-se calcular o risco utilizando o índice EMBI+ (foco do grupo) e o CDS, ambos demonstram o risco do país, porém com abordagens diferentes. A reportagem utiliza o CDS (credit default swap), o qual é um contrato bilateral que possibilita ao investidor a compra de proteção ao crédito específico contra o crédito do emissor de determinado ativo. Podemos utilizá-lo como medida de risco no Brasil, uma vez que ele também é cotado em pontos-base. Basicamente, com maior probabilidade de falência, maior será o prêmio do CDS. Podemos afirmar esse resultado positivo é um reflexo da vitória do presidente Temer contra a denúncia de corrupção. Até então, o presidente estava sofrendo acusações graves de corrupção e passando por momentos turbulentos como o escândalo da JBS. Isso faz com haja maior estabilidade política e confiança nos governantes brasileiros, fazendo com que os investidores se sintam mais confortáveis a comprarem títulos. Seu principal reflexo é na alta da bolsa de valores e na estabilização do dólar.

    Clique para acessar o FAQ%2009-Risco%20Pa%C3%ADs.pdf

    http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2017/08/1907868-risco-pais-atinge-menor-nivel-em-32-meses-bolsa-brasileira-sobe-16.shtml

  2. Pesquisando um pouco sobre o assunto na internet, pude achar alguns artigos que falavam sobre a volatilidade da taxa nominal de câmbio.
    Assim como o que foi exposto pelo grupo, a variação cambial acompanha, de certa forma, as estabilidades (e instabilidades) do momento vivido pelo país. Ou seja, acompanha o risco momentâneo de se investir naquele país ou não.
    Em um primeiro artigo, encontrei “…Resultados mostraram que a instabilidade cambial é prejudicial à
    relação de comércio entre países da América do Sul, já que maior incerteza cambial leva os agentes econômicos, a longo prazo, a reduzir suas atividades no comércio internacional, dada maior exposição ao risco”¹. Ou seja, quanto maior a variação cambial, menor a atividade comercial do país.

    O EMBI+BR mede, então, como exposto pelo grupo o risco que o Brasil tem de não cumprir com seu compromisso e pagar suas dívidas. Quando passamos por períodos de instabilidade e incertezas políticas, isso se faz claramente com que o EMBI+BR aumente, pois a confiança no Brasil diminui (o que afasta investidores).
    Tais variações no Risco Brasil podem ser observadas em um curto espaço de tempo variando de acordo com os acontecimentos que estão em curso. Em maio, quando Michel Temer disse que não renunciaria, houve um acentuado aumento de quase 34% no Risco Brasil.² Enquanto que agora, em outubro, houve uma redução no Risco Brasil. Mas esta, segundo analistas, veio mais decorrente das conjunturas internacionais que das medidas tomadas internamente (embora estas sejam também importantes)³.

    Fontes:
    1: http://www.scielo.br/pdf/rec/v20n2/1415-9848-rec-20-02-00229.pdf
    2: http://economia.estadao.com.br/noticias/geral,risco-brasil-aumenta-quase-30-apos-temer-afirmar-que-nao-renuncia,70001794390
    3: http://www.valor.com.br/brasil/5148592/risco-brasil-cai-34-este-ano-seguindo-movimento-global

  3. A alta volatilidade da taxa de câmbio no Brasil atrapalha o país na qualidade de inserção internacional e em seu desenvolvimento econômico. Muitas vezes, ela está associada com falta de credibilidade no governo ou em sua autoridade monetária. Sendo assim, esse fator potencializa a instabilidade e acaba aumentando o grau de incerteza em relação ao futuro do país, o que se torna um obstáculo para as decisões de investimentos, financiamentos das empresas, produções, importações, entre outros. Para reforçar a minha ideia e o meu conhecimento adquirido em aula, busquei argumentos no texto dos autores Roque, Tammy e Hollenbeck. Quanto ao desestímulo aos investimentos, eles mencionam que a taxa de cambio permite o calculo de custos dos empreendimentos e investimentos e defendem que, se essa taxa é diariamente distorcida, há muita incerteza acerca no cenário econômico. Dessa maneira, o investidor externo espera um retorno alto em um curto prazo para que ele arriscasse vir para o Brasil, por isso são poucos os grandes investimentos de longo prazo aqui. Esses investidores acabam refugiando-se em investimentos mais seguros e tradicionais. Ainda, uma moeda instável não cria as condições necessárias para a transferência de conhecimento tais como: maiores investimentos em tecnologia, em soluções ousadas, em infraestrutura e em ideias para o bem estar da sociedade, tornando o país cada vez menos atrativo em relação a outros. Em contrapartida, os autores defendem que essa volatilidade da taxa de câmbio não tem impacto negativo em países desenvolvidos (condição diferente da do Brasil), pois tais flutuações acontecem dentro da normalidade e em direção à apreciação, uma vez que são preparados e possuem instrumentos para se protegerem contra as oscilações do cambio.

    http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=2175

  4. Pesquisando sobre o ”risco-pais” achei na internet os principais pontos que compõem esse risco, seja qual for o pais analisado. Um detalhamento maior de como se mensura esse risco pode ajudar na compreensão do mesmo

    são eles o risco politico, que envolve coisas como a meneira com que o pais trabalha seus déficits fiscais controlando tributos, assim como possibilidades de turbulências politicas e calote da divida externa; o risco mercadológico que se associa tanto com o crescimento da economia, como com a exposição do pais frente a variações de fatores de mercado influenciarem sua economia; e o risco geográfico, que indica a possibilidade de ocorrência de fatores geológicos/ambientais prejudicarem o pais em questão

    https://pt.wikipedia.org/wiki/Risco-pa%C3%ADs
    http://blog.pr.sebrae.com.br/organizacao/o-que-e-o-risco-pais

  5. Assim como o grupo fez uma análise sobre os períodos de alta e baixa do risco Brasil, fui analisar outros períodos e, ainda sim, confirmar se encontrava dados semelhantes e análises que convergiam para o que foi exposto. Primeiramente, tomei como base o gráfico fornecido pelo IPEA Data (fonte), onde nota-se picos e momentos de “extrema “ baixa nos pontos. Entretanto, outro gráfico analisado e elaborado propriamente com análise nos dados da Bloomberg (fonte), apesar de diferir minimamente nominalmente nos valores, condiz com os já analisados (ambos EMBI+Brasil).
    A primeira análise é o efeito do plano real: é de conhecimento amplo que antes desse plano a inflação preponderava e podia atingir até 2000% ao ano, gerando uma grande instabilidade econômica e um alto grau de incerteza sobre o país. Com a implementação desse plano e a estabilidade inflacionária, a incerteza diminuiu e passou de um nível de 1689 pontos em março de 1995 para 337 em outubro de 1997.
    A segunda é, como já mencionado no post, o período em que Lula ficou no poder de nosso país, o “efeito Lula”: No início de 2002, a conjuntura econômica nacional encontrava-se favorável pois caracterizava-se com baixos níveis de inflação e com a taxa de câmbio estável. Contudo, durante o ano as incertezas relacionadas ao futuro governo (PT), levaram ao maior sobressalto na aferição da série. Assim, o mercado financeiro teve insegurança e, podemos dizer que “entrou em pânico”, com essa nova perspectiva de mudança na política econômica e, inclusive, com a ruptura dos acordos anteriormente firmados. Consequentemente, ocorreu a queda brusca no financiamento externo ocasionando diminuição do fluxo de capital. A inflação acelerou-se a partir de outubro alcançando no ano o valor de 9,3% e ultrapassou a meta de 4% estipulada pelo COPOM. Dessa forma, o risco-país atingiu em 27 de setembro de 2002 o valor recorde de 2446 pontos.
    Fontes:
    http://periodicos.uem.br/ojs/index.php/EconRev/article/viewFile/18676/pdf

    http://hcinvestimentos.com/2011/03/28/risco-pais/

  6. Acho muito importante quando vemos um assunto tão aplicado a pratica e exemplos, nos remeter para a teoria. Uma é sobre a volatilidade do cambio que deve ser remetida a Paridade de Juros Descoberta que determina o cambio no curto prazo.
    Existem diversos fatores que influenciam o cambio no curto prazo, tais como as taxa de juros domestica e estrangeira, expectativa sobre o nível de preços de preços, barreiras comerciais, produtividade, demanda por importação e exportação.
    Mas a característica que mais chama atenção é que o processo decisório, como aprendemos em aula, passa sobre as expectativas do cambio no próximo período que faz com que os agentes decidam alocar os recursos nos país domestico ou no estrangeiro. Se a expectativa é que a moeda se valorize, os ativos domésticos ficam, relativamente, mais atraentes, já se existe uma expectativa de desvalorização, os ativos estrangeiros se tornam mais atraentes.
    Relacionando com o trabalho do grupo e comentários é perceptível o papel dessas expectativas quando vemos o stress e o e a incerteza sobre a volatilidade do cambio, onde o exemplo mais claro se passa no inicio do governo Lula em que tanto o EMBI+BR, a SELIC e a desvalorização cambial atingiram o maior nível desde os anos 2000.

    MISHKIN, F. The Economics of Money, Banking and Financial Markets. Toronto: Pearson Addison Wesley, 2011.

    1. Complementando a teoria da paridade de juros descoberta, que determina o câmbio no curto prazo, vale lembrar que tudo o que falaremos acontece em um regime de câmbio flutuante e é uma consequência da livre mobilidade de capitais, que implica que os agentes podem alocar seus recursos entre os diversos ativos internacionais e ativos domésticos (processo decisório, como citado pelo Victor acima). Para alocar seus recursos em algum ativo estrangeiro, o agente tem que fazer a conversão da moeda doméstica para a moeda estrangeira em questão; esta demanda por moeda estrangeira vai ser satisfeita por uma oferta de moeda estrangeira, sendo formado neste mercado o preço da moeda externa em relação à interna. Ou seja, na sua escolha de alocação de recursos, os agentes alterarão suas demandas relativas por moeda externa e interna, alterando assim a taxa de câmbio vigente. Sendo assim, o processo decisório é um determinante para a volatilidade da taxa de câmbio.

      Quando aplicamos esses conceitos na prática, podemos analisar vários países e como suas taxas de câmbio se comportam. Quando se faz uma análise sobre a volatilidade cambial, encontra-se muitos pontos negativos, e creio que o mais importante é o aumento da incerteza associada ao futuro prejudicando a formação das expectativas, que são de extrema importância para determinação do câmbio, seja devido a fatores externos ou internos. No Brasil, um exemplo claro desse fato é a eleição do ex-presidente Lula para seu primeiro mandato, quando fazemos um cálculo grosseiro para a volatilidade cambial, como um desvio-padrão móvel, conseguimos perceber nitidamente o estresse que o mercado tinha à época, fazendo com que a taxa de câmbio se tornasse extremamente volátil, assim a incerteza originava-se tanto do cenário político como do câmbio. Ainda vale destacar que uma alta volatilidade de câmbio interfere no crescimento econômico do país, pois um ambiente de muita volatilidade traz consigo muito riscos, fazendo com que os agentes deixem de investir e fomentar o crescimento econômico. Isso diz respeito ao processo de reformulação das expectativas dos agentes: se os dados permanecem mostrando um cenário de incerteza por um longo período, notamos que o ambiente é instável e essa informação faz com que os agentes revejam suas expectativas, fazendo com que os efeitos negativos desse cenário sobre o PIB perdurem por um tempo maior do que o tempo de duração dos períodos de alta volatilidade relativa da taxa de câmbio.

      MISHKIN, F. The Economics of Money, Banking and Financial Markets. Toronto: Pearson Addison Wesley, 2011.

      Clique para acessar o FIN1850.pdf

  7. Encontrei dois artigos que relacionam fatores determinantes para o crescimento econômico em países emergentes e ele ressalta que, para o Brasil, políticas que tenham impacto em termos de elevação da taxa de investimento, bem como a manutenção da estabilidade inflacionária, e mesmo em termos de redução da taxa de juros real, são fundamentais para se elevar a taxa de crescimento e que fatores como a volatilidade do câmbio e o risco pais elevado são indicadores do insucesso da estratégia brasileira. A partir de 1999 (assim como destacou o grupo) passou a ser fundamentada no tripé metas de inflação, metas fiscais, flexibilidade cambial e destaca a volatilidade da taxa nominal de câmbio, que aumenta em períodos de forte pressão cambial, além do fato de que o câmbio real efetivo deprecia ou aprecia em função do movimento dos fluxos cambiais. A partir de meados de 2004, verifica-se uma clara tendência de apreciação cambial. Após 2002, o crescimento das exportações líquidas brasileiras implicou uma melhoria significativa dos indicadores de vulnerabilidade externa com a diminuição da relação dívida externa/exportações de 3,5 em 2002 para 2,1 em 2004. Adicionalmente, o peso da dívida de curto prazo no total da dívida externa, a existência de uma conta de capital aberta e as dúvidas quanto à trajetória futura da balança comercial devido à tendência de apreciação do câmbio indicam que o futuro da economia brasileira é ainda preocupante.

    Fontes:
    http://periodicos.uem.br/ojs/index.php/EconRev/article/viewFile/18676/pdf
    http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-06182009000300004

  8. Sobre o trecho no texto “Elevações da taxa Selic, não necessariamente atraem maior capital estrangeiro para o país”, acho interessante mencionar outro ponto que pode explicar esse comportamento.
    Em aula, vimos que um aumento no risco dos ativos de um país (Brasil, no caso), pela teoria do portfólio, reduz a demanda por esses ativos. O excesso de oferta causado por isso leva a uma diminuição do preço e, portanto, aumento no retorno desses ativos. Como sabemos, o retorno (YTM) é uma boa aproximimação da taxa de juros do país.
    Ainda, temos também a aversão ao risco dos agentes internacionalmente, em geral. Ou seja, mesmo que haja um aumento na taxa de juros para compensar o risco, talvez esse aumento não seja suficiente, e deveria oferecer um prêmio ainda maior para atrair maior capital estrangeiro para o Brasil.
    Concluímos, portanto, que o Risco Brasil (definido no post) contido no retorno dos ativos brasileiros em 2016 (ápice da taxa Selic) não atraiu tantos investimentos estrangeiros como quando esse spread era menor talvez por causa dessa aversão ao risco dos agentes internacionais.
    Para compensar a queda na demanda dos ativos, imagino que a desvalorização do real pôde ter contribuído para o barateamento dos títulos brasileiros em relação aos estrangeiros, atraindo maior investimento estrangeiro (ainda não superando em módulo a queda advinda do Risco Brasil). Há alguma outra explicação possível?

    1. Um artigo não utilizamos na elaboração do post, mas que pode esclarecer esta questão , é o Relatório de Acompanhamento Fiscal de Julho 2017 da IFI.De acordo com os autores o Brasil é um grande importador de capitais(repasse de lucros a empresas estrangeiras, juros contraídos no exterior de títulos públicos e privados etc), o saldo das transações correntes no período analisado terminou em deficit de modestos US$41 bi.O superavit da balança comercial ajudou a aliviar um pouco este deficit.O agravamento da situação econômico-politico brasileira a partir de 2015 com consequente rebaixamento da nota de credito do Brasil pelas agencias de classificação de crédito reduziram significativamente o financiamento externo da divida brasileira.Entretanto o investimento direto estrangeiro ainda se mantem elevado por levar em consideração aspectos de longo prazo e pelo barateamento dos ativos brasileiros decorrentes da desvalorização cambial do real perante o dolar.

      O relatório é um pouco técnico , mas quem tiver disposto a ler p entender melhor estes aspectos , o topico é o ”Setor Externo” a partir da pag9.

      https://www12.senado.leg.br/noticias/arquivos/2017/07/10/veja-aqui-o-relatorio-de-acompanhamento-fiscal-de-julho

  9. Pesquisando sobre as possíveis causas de volatilidade cambial temos que :
    Alguns estudos têm apresentado resultados que visam contribuir para o entendimento das causas da variabilidade cambial. Divereux & Engel (2002) mostram que tanto no caso da taxa nominal como da taxa real de câmbio a volatilidade pode ser derivada de certa rigidez das variáveis macroeconômicas a choques cambiais. Um exemplo seria uma situação em que o conjunto de preços em moeda local elimina a passagem de mudanças na taxa de câmbio para os preços aos consumidores. Galí & Monacelli (2005) argumentam que, em certas situações, uma regra de política monetária segmentada que alcança simultaneamente a estabilização dos preços aos consumidores e do hiato do produto implica em volatilidade da taxa de câmbio nominal e dos termos de troca maiores em relação a uma regra que reage à inflação medida por índice geral de preços e ao hiato do produto (regra simples de Taylor).

    http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-80502013000300006

    1. Fui dar uma pesquisada maior no texto que você citou e acabei achando outras possíveis causas que também podem ser interessantes:
      Uma delas seria o grau de abertura comercial, já que, conforme menor é a abertura comercial, maior é a participação dos bens não transacionáveis na composição do índice geral de preços e, em geral, os preços desses bens são mais rígidos em relação aos choques cambiais e monetários. Portanto, quanto menor o grau de abertura, maior os choques macroeconômicos sobre os movimentos da taxa de câmbio real efetiva.
      O texto diz que na maioria das literaturas, a volatilidade cambial é relacioanda à rigidez de preços, baixo nível de desenvolvimento dos mercados financeiros domésticos e grau de abertura comercial. Dizendo que esses fatores tendem a ampliar os eventuais efeitos da política monetária sobre a volatilidade da taxa de câmbio real. Ao ligar essa informação com o risco país, podemos ter um pouco mais de ideia do porquê o risco país tende a “seguir” a taxa cambial.
      Fonte: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-80502013000300006 (a mesma)

  10. Pesquisei sobre o índice EMBI – e possíveis outros indicadores que poderiam ser proxy do risco do país e explicar a volatidade da taxa nominal de câmbio a luz da teoria de alocação de portfólio que explica este comportamento de curto prazo – e encontrei uma matéria de agosto do jornal Financial Times (que discute a alocação de portfólio sem mencionar a relação com o câmbio, mas que podemos trazer esse link através da teoria) que diz que devemos dar repensar os índices de mercados emergentes.
    Ele defende que índices do gênero, proposto pela JPMorgan e o “MSCI Emerging Markets index”, não capturam fatores econômicos (tamanho da economia, se é mais agrário ou industrializado etc) que diferem entre países, o que atrapalharia uma análise relativa entre países.
    Ele pontua uma ascensão de índices ESG (do inglês, environmental, social and governance), que poderiam mudar de forma significativa a alocação de portfólio dos agentes, tendo portanto impacto na taxa de câmbio nominal da economia ao aumentar (ou diminuir) a demanda por ativos financeiros estrangeiros, uma vez que o MSCI ESG parece ter superado o MSCI EM desde 2008. (aqui tem um comparativo entre os dois: https://www.msci.com/documents/10199/c341baf6-e515-4015-af5e-c1d864cae53e)
    Link da notícia: https://www.ft.com/content/ec312df6-8d83-11e7-a352-e46f43c5825d

  11. Podemos ver como a teoria estudada durante as aulas explica grande parte do comportamento das variáveis na economia. Uma série de choques afetaram câmbio, inflação e incerteza e fica notável a presença das autoridades monetárias (EUA e Brasil) para tentar amenizar a flutuação dessas variáveis, de modo que haja uma estabilização contínua.
    Apesar de seu efeito ser no longo prazo, é visível que devido a inflação crescente a partir de 2012 no Brasil, vemos uma forte desvalorização do Real, a qual ocorreu para que o país não perdesse competitividade internacional.

  12. Um ponto que me chama a atenção, no texto colocado pelo Grupo, vem da correlação mencionada entre a elevação do Risco-Brasil e a desvalorização cambial, visto que como mencionado as elevações da taxa Selic, não necessariamente atraem maior capital estrangeiro para o país.
    Colocando este ponto com os últimos acontecimentos, poderíamos chamar a atenção uma vez que apesar do Presidente do BCB, indicar que os cenários internacionais vem demonstrando menos volatilidade no mundo, no que se refere as taxas de câmbio, temos que tanto o cambio quanto os juros vem sofrendo com a instabilidade política no último mês, sendo que segundo o Morgan Stanley, o real é uma das moedas emergentes mais sensíveis a altas nos juros de mercado dos Estados Unidos, fato este que influencia diretamente a decisão dos investidores e corrobora com as colocações do grupo.
    Fontes:
    http://www.valor.com.br/financas/5157880/cambio-e-juros-sentem-pressao-de-cenario-politico
    http://www.valor.com.br/financas/5155116/pib-potencial-do-brasil-pode-ser-menor-que-4-estima-ilan

  13. A integração financeira entre os países desenvolvidos é tendência nas últimas décadas, diminuindo as restrições ao fluxo internacionais de capitais.
    E hoje, com o ampliamento da integração financeira e crescimento da mobilidade de capitais, não se pode dizer que haja uma perfeita mobilidade. Dentre as diversas medidas possíveis da perfeita mobilidade de capitais a mais adequada é a paridade coberta das taxas de juros, na qual “[…] fluxos de capitais equalizam as taxas de juros entre os países quando denominadas em uma mesma moeda”.
    O diferencial da paridade coberta das taxas de juros é comumente conhecido como risco país, pois afeta os rendimentos de todos os ativos financeiros emitidos em um determinado país.
    O risco país encarece a tomada de empréstimos produtivos no país. Por exemplo, a tomada de empréstimo por uma multinacional conteria maior juros no Brasil do que nos Estados Unidos.
    O risco país é um espelho da situação econômica e financeira de um país, refletindo a estabilidade política e o cumprimento das obrigações financeiras.
    Sobre os componentes do risco que impactam no risco brasil, temos o risco de calote e das taxas de juros. Em um dos artigos que li, ao refletir o risco de calote, demonstra que o spread da Letra Financeira do Tesouro Nacional já era de 0,36% a.a. no fim de agosto de 2001 e passou para 0,40% em março de 2002. Assim, no máximo o efeito Lula responde por apenas 70 pontos de um total de 1000 do risco Brasil. Do início de 2000 até a data base do artigo (meados de 2002) o risco-Brasil aumentou 350 pontos (de 650 para 1000), dos quais apenas 20% poderiam ser atribuídos às eleições.

    Referências:
    GARCIA, Márcio Gomes Pinto; DIDIER, Tatiana. Taxa de juros, risco cambial e risco Brasil. IPEA, Diretoria de Estudos Macroeconômicos, 2000.
    GARCIA, Márcio GP; DIDIER, Tatiana. Taxa de juros, risco cambial e risco Brasil. 2003.
    DE TOLEDO, JOAQUIM ELÓI CIRNE. Risco Brasil: o efeito-Lula e os efeitos-Banco Central. Revista de Economia Política, v. 22, n. 3, p. 87, 2002.

  14. Segundo o grupo, existe uma correlação entre o aumento do Risco Brasil (diferença do retorno dos títulos brasileiros e o retorno e risco de títulos do Tesouro americano) e desvalorização cambial. O EMBI+BR é uma medida do risco do país de não honrar seus compromissos.
    Pensando na teoria proposta por Mishkin, temos que um aumento do risco de ativos denominados em reais em relação a ativos estrangeiros faz com que a demanda por ativos domésticos se desloque para a esquerda. Como a oferta de títulos denominados em reais não depende da taxa de câmbio (é vertical), isso leva a novo equilíbrio com uma taxa de câmbio menor, isto é, o real se desvaloriza em relação ao dólar.
    Por isso encontramos uma correlação entre a desvalorização do real. Como podemos ver no gráfico apresentado pelo grupo, o aumento do risco no ano de 2002 precedeu a desvalorização cambial que ocorreu mais tarde, no mesmo ano.
    O CDS (credit default swaps) é uma medida de risco do país, que utiliza tanto os dados do EMBI+ quanto avaliações de agências de classificação de risco.
    A notícia do Estadão (abaixo) apresenta um panorama atual do risco no Brasil. Tanto o CDS quanto a EMBI+BR apresentaram redução de seus valores, voltando a patamares inferiores aos de antes do agravamento político. A diminuição do risco permitiu a entrada de recursos externos no país.
    No entanto, outros fatores podem impactar a medida do risco no futuro, como eleições presidenciais, o aumento da taxa de juros dos Estados Unidos e a Reforma da Previdência.
    Link: http://opiniao.estadao.com.br/noticias/geral,caem-o-risco-brasil-e-o-custo-das-captacoes,70002050327

  15. Segundo o grupo, existe uma correlação entre o aumento do Risco Brasil (diferença do retorno dos títulos brasileiros e o retorno e risco de títulos do Tesouro americano) e desvalorização cambial. O EMBI+BR é uma medida do risco do país de não honrar seus compromissos.
    Pensando na teoria proposta por Mishkin, temos que um aumento do risco de ativos denominados em reais em relação a ativos estrangeiros faz com que a demanda por ativos domésticos se desloque para a esquerda. Como a oferta de títulos denominados em reais não depende da taxa de câmbio (é vertical), isso leva a novo equilíbrio com uma taxa de câmbio menor, isto é, o real se desvaloriza em relação ao dólar.
    Por isso encontramos uma correlação entre a desvalorização do real. Como podemos ver no gráfico apresentado pelo grupo, o aumento do risco no ano de 2002 precedeu a desvalorização cambial que ocorreu mais tarde, no mesmo ano.
    O CDS (credit default swaps) é uma medida de risco do país, que utiliza tanto os dados do EMBI+ quanto avaliações de agências de classificação de risco.
    A notícia do Estadão apresenta um panorama atual do risco no Brasil. Tanto o CDS quanto a EMBI+BR apresentaram redução de seus valores, voltando a patamares inferiores aos de antes do agravamento político. A diminuição do risco permitiu a entrada de recursos externos no país.
    No entanto, outros fatores podem impactar a medida do risco no futuro, como eleições presidenciais, o aumento da taxa de juros dos Estados Unidos e a Reforma da Previdência.
    http://opiniao.estadao.com.br/noticias/geral,caem-o-risco-brasil-e-o-custo-das-captacoes,70002050327

  16. Ao estudar um pouco mais sobre o índice Risco País no caso brasileiro, observei que o Risco Brasil e a taxa de câmbio entre o real e o dólar norte-americano são correlacionados significativamente. Normalmente, em economias financeiramente abertas, variações da percepção de risco soberano são acompanhadas por variações nas entradas líquidas de capitais, assim impactando a taxa de câmbio. A queda no Risco País permite que o governo e outros agentes econômicos domésticos acessem o mercado internacional de capitais em condições mais favoráveis ao ampliar a base de investidores internacionais dispostos a financiar títulos de emissores domésticos.
    Entendi que a taxa de juros das emissões de dívida de um país serve de referência para as emissões de empresas privadas, isto é, a queda no risco-país possibilita menor custo de captação externa também para os agentes privados. Como a queda persistente no Risco País reflete melhor percepção dos investidores em relação às perspectivas macroeconômicas do país, o processo é acompanhado pelo melhor acesso a capitais de longo prazo, em forma de investimento direto e investimento em carteira.
    Assim, conclui-se que é causada uma maior oferta de capitais para o país, fazendo com que a taxa de câmbio se desloque acarretando um real valorizado. Também, o aumento persistente no Risco País, ao piorar as condições de acesso dos agentes econômicos domésticos ao financiamento externo, desloca a taxa de câmbio gerando um real mais fraco.
    http://www.portalbrasil.net/economia_riscopais.htm
    http://www.infomoney.com.br/educacao/guias/noticia/499695/risco-pais-que-representa-como-calculado
    http://www.ipeadata.gov.br/ExibeSerie.aspx?serid=40940&module=M
    http://www.economia.puc-rio.br/mgarcia/Artigos/Artigos%20Valor/Valor%20070802.pdf
    http://hcinvestimentos.com/2011/03/28/risco-pais/

  17. O Risco Brasil, segundo IPEA data (1), mostra especificamente a diferença do retorno médio diário dos preços dos papéis brasileiros em comparação ao retorno de títulos semelhantes do Tesouro dos Estados Unidos. Quanto maior a diferença, mais marcada a percepção de risco dos investidores. É interessante, quando nos deparamos com esse indicador relacionado ao cenário político do país, como para o Brasil, que sofre um aumento de 30% apenas pela declaração de não renuncia do atual presidente (2) – valor mensurado pelo indicador CDS que é outro indicador acompanhado, segundo site do tesouro. E depois uma redução, com a notícia de vitória de Temer contra denúncias de corrupção passiva.
    Quando o grupo fala da correlação entre aumento do risco e desvalorização cambial, associei como fatores intermediários o custo da dívida que deve aumentar com a desvalorização do real frente ao dólar (por exemplo) e dificuldade de pagamento desta. Logo, uma economia com moeda desvalorizada e com dívida presente deve afastar investimento mesmo com prêmios altos.
    1. http://www.ipeadata.gov.br/ExibeSerie.aspx?serid=40940&module=M
    2. http://economia.estadao.com.br/noticias/geral,risco-brasil-aumenta-quase-30-apos-temer-afirmar-que-nao-renuncia,70001794390

  18. Boa tarde,
    Um favor que não foi mencionado mas acredito ser de extrema importancia para o risco Brasil é o Rating do país, no caso, é a nota ou classificação de risco do país emissor de titulo da dívida, onde é avaliado a capacidade e disposição do país em honrar a divida, assim, devido a credibilidade das empresas avaliadoras, torna-se uma importante opinião sobre o risco de crédito da dívida. Entre as empresas avaliadoras temos Standard & Poor´s (S&P), a Fitch Ratings e a Moody´s. No link postado ao fim deste comentario temos mais informações dos métodos de classificação, classificação atual e de outros países.
    Ainda sobre eset texto, o BCB deixa claro que um aumento no risco Brasil não aumenta as despesas do país com o pagamento de juros da dívida externa, já que o juros foi definido no momento do lançamento. Mas ainda assim, interfere no valor no mercado secundário e de novos lançamentos de titulos.
    Portanto, considerando que a empresa avaliadora análisa tanto a capacidade quanto a disposição (acredito que seja mais um fator politico), tivemos alguns rebaixamentos recentemente, muitos devidos a crise enfrentada no Brasil, onde tivemos desemprego, inflação e altas taxas de juros, mas principalmente pela crise politica que enfrentamos, abaixo selecionei algumas reportagens onde são destacas tais rebaixamentos:
    https://noticias.r7.com/economia/agencia-de-risco-coloca-nota-do-brasil-em-observacao-para-rebaixamento-22052017
    http://g1.globo.com/economia/blog/thais-heredia/post/risco-de-rebaixamento-da-nota-de-risco-do-brasil-e-iminente.html
    https://g1.globo.com/economia/noticia/sp-reafirma-nota-de-risco-do-brasil.ghtml
    http://g1.globo.com/economia/noticia/2016/05/fitch-volta-rebaixar-nota-do-brasil.html
    https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2017/05/26/agencia-de-risco-moodys-piora-perspectiva-de-nota-do-brasil-para-negativa.htm
    https://www.bcb.gov.br/conteudo/home-ptbr/FAQs/FAQ%2009-Risco%20Pa%C3%ADs.pdf

  19. O cenário econômico e político é muito importante para as agencias de risco e serve de base para os principais indicadores de segurança para investimentos internacionais, dentre eles o Risco Brasil, como apontado pelo grupo. Além do Risco Brasil há o Credit Default Swap que funciona como um seguro contra risco. O CDS mede a segurança do investimento de um país, pois ao atuar como um seguro contra inadimplência, países com maior risco possuem um CDS mais caro e assim, o CDS é considerado uma espécie de termômetro da percepção de risco de um país. Este ano, o risco-país do Brasil medido pelo CDS teve um recuo de 34%, ao cair de 283 pontos-base para 187 pontos. Contudo, essa queda percentual foi apenas a 19ª maior em um grupo de 44 países, segundo levantamento do GLOBO. “Nesse conjunto de países, o Brasil é considerado agora o 12º mais arriscado, apenas uma posição abaixo da que ocupava no começo do ano. O país ainda é considerado menos seguro para investir do que economias como Turquia (177 pontos), África do Sul (177), Indonésia (101), Peru (81) e Índia (76).”
    Na mesma matéria de onde extrai esses dados, há uma visão interessante do sócio de uma empresa de investimento. Segundo Rogério Freitas, a sensação de risco no mundo hoje é menor. Os investidores estão demandando mais retorno e risco, e por isso eles acabam indo para países emergentes.
    http://www.valor.com.br/brasil/5148592/risco-brasil-cai-34-este-ano-seguindo-movimento-global

    1. Acho válido ressaltar que o recuo risco-país do Brasil acompanhou os países emergentes. Cerca de 41 países em desenvolvimento também apresentaram recuo, sendo que a maioria apresentou queda de mais de 30%.
      De acordo com a notícia encontrada, esse recuo pode ser explicado por alguns fatores que favorecem os países em desenvolvimento. Pode-se citar a melhora das commodities, o desenvolvimento econômico positivo da China e, também, o fato de o Fed não ter aumento a sua taxa de juros em ritmo acelerado -isto decorre do fato dos EUA ter apresentado desempenho abaixo do esperado.
      Neste contexto, também acho válido ressaltar a importância da taxa básica de juros do FED na economia dos países emergentes. Tomando o Brasil como exemplo: Se os Estados Unidos aumentam sua taxa de juros, eles tornam-se mais atraentes para investidores, o que motiva uma saída de recursos do nosso mercados. Entretanto, a migração de investimentos não é total; o Brasil mantém o capital especulativo por pagar juros muito altos. Mesmo assim, a menor oferta de dólares aqui faz com que o real tenda a se desvalorizar, o que, por sua vez, eleva os custos de importações e de uma série de outros itens da cadeia produtiva. Assim, a alta da moeda americana é refletida em inflação em nosso país.
      https://oglobo.globo.com/economia/queda-do-risco-pais-do-brasil-acompanha-de-pares-emergentes-21348838
      https://oglobo.globo.com/economia/entenda-como-alta-dos-juros-nos-eua-pode-afetar-brasil-17517173

  20. Pesquisando um pouco sobre a volatildiade da taxa cambial, encontrei um artigo que mostra o seu impacto no comércio setorial do Mercosul. Diferentes resultados foram obtidos dependendo de qual setor estava sendo analisado. As estimativas no setor de manufaturados mostram que com uma redução de 1 % na volatilidade da ER real o comércio cresceria cerca de 1,6 % e 1,1 %. Já no setor de mineiracao e oleo, nao houve alteracoes comercias devido a volatilidade cambial. Como ultima análise, o autor do artigo analisa os impactos da volatilidade cambial considerando todos os seteres juntos. A conclusao é de que a volatilidade cambial presente nos países do Mercosul parece ser um obstáculo para o comércio total entre estes países.

    http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-41612007000400004

    1. Me interessei pelo artigo, vou ler. Seria interessante traçar um paralelo entre a alta volatilidade da taxa nominal de câmbio nos membros do Mercosul e o risco-país dessas nações que constituem o bloco. No primeiro gráfico do texto postado pelo Grupo D, é possível perceber uma relação lógica entre risco-país (medido pela proxy EMBI+BR) e a variação na taxa de câmbio (R$/US$). Quando o risco aumenta, a teoria indica que a moeda doméstica deve se depreciar, uma vez que o menor interesse nos ativos nacionais (relativamente mais arriscados) leva os investidores a preferirem ativos de outras nacionalidades, reduzindo a oferta de moeda estrangeira no país. A taxa de câmbio, como definida no post, se eleva, como esperado e representado graficamente pelo grupo.

      Se pensarmos no “risco” de forma mais abrangente e, principalmente, se pensarmos nos casos de países sul-americanos, não é difícil estabelecer uma relação entre a volatilidade do câmbio e nossos problemas de instabilidade política e econômica. Insegurança jurídica, chance de calote, endividamento público e outros fatores como estes recorrentemente se fazem presentes em países vizinhos e no próprio Brasil. Deixo um link expandindo um pouco essa discussão:

      https://monitordigital.com.br/riscos-pol-tico-institucionais-para-os-pa-ses-do-mercosul

  21. O risco país é um índice denominado Emerging Markets Bond Index Plus (EMBI+) e mede o grau de “perigo” que um país representa para o investidor estrangeiro, ou seja, é um orientador e indica ao investidor que o preço de se arriscar a fazer negócios em um determinado país é mais ou menos elevado. Quanto maior for o risco, menor será a capacidade do país de atrair investimentos estrangeiros. Para tornar o investimento atraente, o país tem que elevar as taxas de juros que remuneram os títulos representativos da dívida. Com essas informações, a resposta da oferta de dólar diante do aumento da taxa de juros brasileira é bem menos sensível que a resposta da demanda de dólares ao aumento da taxa de juros norte-americana. Diante do grau de dependência do Brasil ao capital estrangeiro para fechar as suas contas a cada período no Balanço de Pagamentos, o Brasil é considerado de alto risco de calote da dívida, o que o obriga a pagar uma taxa de juros muito alta em relação aos países desenvolvidos para cobrir o “risco país”. Assim, o diferencial das taxas de juros dos países desenvolvidos e dos países em desenvolvimento implica que uma mudança na taxa dos países desenvolvidos tende a despertar mais reações que nos países em desenvolvimento.

  22. Pesquisando mais sobre medidas de risco país, encontrei que existem diferenças entre a concepção de CDS e do índice CDS (O qual acredito que referem-se a maioria dos comentários feitos aqui). O CDS (Credit Default Swap) é um tipo de derivativo de balcão, diferente do índice. O índice CDS traz uma abordagem diferente ao mensurar o risco país, uma vez que trata-se efetivamente de um seguro contra o risco de default no qual uma instituição financeira contrata uma proteção à sua carteira de investimentos junto à uma seguradora, que cobra por isso valores correspondentes ao risco de inadimplência dos investimentos contidos na carteira. Os diferentes preços para esses seguros compõem tal relação de riscos entre países, constituindo essa medida como uma maneira de ordenar os riscos-país.
    No texto abaixo¹ encontrei informações que relacionam o índice CDS com os ratings de países, mostrando que apesar de possuirem ratings semelhantes, pode haver bastante diferença se visualizarmos os riscos através do índice CDS. O texto traz um exemplo dos ratings baa2 (índice emitido pela agência Moody’s), e mostra que, apesar de se encontrarem na mesma categoria de rating, países como Brasil, Bulgária, Colômbia e Espanha possuem índices CDS bem distintos. O texto ainda traz um gráfico interessante por relacionar o risco brasileiro, medido pelo índice CDS, com o período no qual ocorreu o impeachment da presidente Dilma Roussef, mostrando uma correlação positiva entre as instabilidades políticas e o risco-país.
    Tal correlação é comum, e pode ser confirmada com a leitura da outra referência², que apresenta o mesmo tipo de situação após as instabilidades políticas que rondavam as eleições Francesas, que mostra que apenas os estresses de prévias de eleições podem ser suficientes para aumentar o risco de se investir em certos países e podem levar a desvalorizações das moedas envolvidas, como foi o caso do euro, após pesquisas mostrarem vantagem de uma candidata ultraconservadora nas eleições francesas (Marine Le Pen gerava o temor de que, caso eleita, poderia fazer uma reforma monetária no país, deixando de utilizar o euro.).

    1: http://www.infomoney.com.br/mercados/noticia/3933324/cds-que-por-que-ele-pode-mostrar-fim-grau-investimento
    2: https://g1.globo.com/economia/mercados/noticia/dolar-cotacao-de-07-02-17.ghtml

  23. Buscando melhor entendimento do comportamento do índice EMBI+BR fui atrás de notícias que mostrassem algum grau de correlação de eventos políticos e postura econômica do governo. A intuição é aparentemente simples: a percepção de risco dos ativos por parte dos agentes dirige o retorno esperado desses empréstimos, como qualquer mercado de oferta e demanda (há diversos outros determinantes, mas estava buscando a correlação entre esses dois em especifico).
    Achei uma notícia no jornal NEXO que busca compreender a relação entre o índice EMBI+BR e o afastamento temporário de Dilma Rousseff da presidência do Brasil, assumindo, em seu lugar, o presidente interino Michel Temer, com uma agenda de políticas econômicas diferentes das de Dilma, tornando o mercado mais otimista. O gráfico permite observar que o índice cai em mais de 50 pontos base com o afastamento da presidente Dilma até Junho do mesmo ano.
    As expectativas dos agentes possuem grande impacto no retorno dos títulos. Se torna evidente então que mudanças no cenário político são absorvidos pelos agentes, causando grandes impactos na visão sobre o risco e, por conseguinte, no retorno do mesmo.
    https://www.nexojornal.com.br/expresso/2016/06/24/O-que-%C3%A9-e-como-%C3%A9-medido-o-risco-Brasil

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