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“Nos anos 90, um número crescente de países adotou o regime de metas de inflação, devido ao fracasso de outras estratégias de âncora nominal como taxa de câmbio ou as metas monetárias. A âncora cambial, como o caso do Brasil e outros países emergentes, é abandonada com a ocorrência das crises asiática em 1997 e russa em 1998, que provocaram queda no preço das commodities, e reduziram o crédito para obtenção de dólares no exterior, inviabilizando a sobrevalorização do câmbio.
O regime de metas de inflação, se baseia no compromisso da autoridade monetária em perseguir uma dada taxa de inflação ou fazer com que ela permaneça em uma banda. Para atingir seu objetivo, o regime possui cinco elementos principais:
- O anúncio ao público de uma meta numérica da inflação para um ou mais horizontes de tempo;
- Um compromisso institucional assumindo a estabilidade de preços como objetivo primordial da política monetária;
- O uso de uma estratégia de informação em que algumas variáveis (não apenas agregados monetários e taxa e câmbio) sejam utilizados como parâmetros às decisões envolvendo os instrumentos de política;
- O aumento da transparência das estratégias de política monetárias, por meio da comunicação ao público e aos mercados sobre os planos, objetivos e decisões da autoridade monetária;
- O aumento da responsabilidade do Banco Central em atingir os alvos inflacionários pré-estabelecidos.
A implementação do regime de metas inflacionárias se diferencia entre os países quanto à escolha do horizonte temporal para a convergência da meta, quanto à adoção de uma meta pontual ou banda, o valor numérico para a inflação, a utilização de cláusulas de escape e a independência dos bancos centrais em perseguirem a meta.
Abaixo, a tabela 1 mostra a autonomia dos bancos centrais em diferentes países em sua conduta na política monetária – tema que foi muito discutido na postagem no Grupo K “Taxa de Juros de FED”; aqui a tabela exibe se o BC toma decisões independentemente ou em conjunto com o governo; se ele persegue apenas a meta de inflação ou metas múltiplas; se é livre pra utilizar todos os seus instrumentos; se há cláusulas de escape e se a autoridade do BC pode ser demitida em caso de má conduta sobre a política monetária.
Na tabela 2, são exibidos o horizonte de compromisso e a escolha do índice de preços como referencial para o alcance da meta (índice cheio, como o IPCA; ou o núcleo da inflação, excluído os preços mais voláteis).
Países em desenvolvimento, onde a credibilidade da autoridade monetária é mais baixa, adotam políticas monetárias mais agressivas para atingimento da meta, elevando o custo dessa convergência através de altas taxas de juros, o que prejudica a atividade econômica.
Em países desenvolvidos, a adoção do regime de metas também provoca a mesma volatilidade na comparação com outros países desenvolvidos, mas o custo dessa convergência é menor.
A tabela abaixo dividida em 2 partes (países desenvolvidos e em desenvolvimento) , compara a volatilidade da taxa de inflação, Crescimento do PIB, câmbio, juros e desemprego entre dois grupos de países; que adotam e não adotam o regime metas de inflação.
Atualmente 27 países operam no regime pleno de metas de inflação. No começo deste artigo foram apresentados cinco elementos chave para que o regime de metas de inflação atinja seu objetivo, sendo um destes elementos, o aumento do grau de transparência das estratégias de política monetária. Abaixo segue uma tabela descritiva quanto a responsabilidade e transparência de cada país no que tange a condução do regime de metas de inflação.
Links:
http://www.usp.br/prolam/downloads/2005_2_1.pdf
http://www.bankofengland.co.uk/education/Documents/ccbs/handbooks/pdf/ccbshb29.pdf“
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