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Autores: Grupo 7 – REC2201-Macroeconomia 2017
“Em 1990, devido a expansão do liberalismo, o cenário internacional passou a adotar medidas de desregulamentação de seus sistemas financeiros. Com a criação deste mercado financeiro unificado, houve um aumento da competitividade entre os bancos, resultando na diminuição da lucratividade das operações bancárias. Como alternativa, os bancos americanos começaram a expandir o mercado de crédito imobiliário para clientes com histórico de crédito “sujo” (histórico de hábitos financeiros pouco saudáveis), também conhecidos como clientes subprime. Os contratos dessa linha de crédito eram formados com juros fixos nos primeiros 2 anos e, após este período, as taxas eram indexadas, tornando-se exorbitantes e aumentando os déficits das famílias subprime. Os preços dos passivos reais eram maiores do que seus ativos financeiros e geraram uma dívida insolvente.
Os investidores, percebendo este comportamento, começaram a vender seus títulos e derivativos que, com o excesso de oferta, obtiveram uma desvalorização. Assim, a unificação do mercado financeiro, que fazia com que os ativos não pertencessem apenas aos estadunidenses, mas também aos empresários do mundo inteiro, proporcionou o alastramento da crise via sistema financeiro.
O primeiro impacto sentido no Brasil foi a restrição de crédito internacional, gerando decréscimo das exportações brasileiras e diminuição de crédito na economia doméstica. As empresas diminuíram seus investimentos produtivos, afetando a venda e produção principalmente dos setores agrícola, automobilístico, de construção civil, de móveis e eletrodomésticos. Entretanto, esse abalo sobre a economia brasileira foi amenizado graças ao expressivo aumento do Produto Interno Bruto (PIB), com base no aumento do consumo, taxa de investimentos e exportações, observados desde 2004. Apesar de observarmos em 2009 uma retração de 0,33% do PIB (figura 1), ela se torna mínima, se comparada com o efeito da crise em países desenvolvidos (figura 2).

Esse ciclo de crescimento acelerado em conjunto com as medidas anticíclicas adotadas em 2008 possibilitaram tendências de recuperação da economia brasileira nos períodos seguintes. As medidas adotadas incluíram: a expansão de liquidez da moeda estrangeira e doméstica, afim de reduzir a volatilidade do preço do dólar e os impactos da crise; e oferecer maior disponibilidade de empréstimos para agentes financeiros. Já as políticas expansionistas (monetárias e fiscais) buscaram a reduzir a taxa de juros e amenizar as possíveis oscilações no PIB.
Frente à esse cenário, os resultados obtidos foram: redução do processo de desvalorização do câmbio, com o aumento da liquidez da moeda estrangeira e o aumento de crédito aos setores mais afetados. Isso permitiu uma certa constância na taxa de desemprego, pouco comum em períodos de recessão. Os bancos públicos federais tiveram papel importante ao financiar os bancos comerciais e impulsionar a liquidez do mercado de créditos. Portanto, mesmo em meio a crise, o volume de crédito doméstico cresceu e possibilitou estabilidade do sistema financeiro.
Os objetivos do Governo brasileiro de aumentar a liquidez, à partir da expansão de crédito e da desoneração de impostos, foram eficientes: houve um aumento no consumo (decisivo para superar a recessão) e um crescimento da economia no período seguinte. Apesar dessa rápida retomada, a crise do subprime gerou uma dívida pública pelo conjunto de medidas anticíclicas, que em conjunto com a queda das exportações brasileiras (especialmente para China após a crise européia) e a política fiscal implementada entre 2010 e 2011 diminuiria o crescimento do PIB mais uma vez, apresentando em 2015 o pior resultado dos últimos 25 anos.”
Bibliografia
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JUNIOR, A.C.C.A.C.; MOREIRA, M. B. S. Interação entre políticas monetária, fiscal e cambial no Brasil. Economia e Desenvolvimento, Recife (PE), v. 12, no 1, 2013
FERRAZ, F. C. Crise financeira global: impactos na economia brasileira, política, econômica e resultados. 2013. Dissertação (de Mestrado em Economia) – Curso de ação em Economia (PPGE), Universidade Federal do Rio de Janeiro.
NETO, E.D. Análise da Política Econômica Brasileira no Pós-crise de 2008. Departamento de Economia – Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Julho de 2015
Economia brasileira cresceu 0,9% em 2012, diz IBGE, G1 São Paulo. 01 de março de 2013
<http://g1.globo.com/economia/noticia/2013/03/economia-brasileira-cresce-09-em-2012-diz-ibge.html> Acessado em 17.05.2017
Brasil está entre as 10 economias de menor crescimento em 2015. Época Negócios.
16.06.2015 <http://epocanegocios.globo.com/Informacao/Resultados/noticia/2015/06
/brasil-esta-entre-10-economias-de-menor-crescimento-em-2015.html> Acessado em 17.05.2017
Brasil tem terceiro pior crescimento econômico do G20 em 2014. BBC Brasil. 27 de março de 2015 <http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/03/150326_pib_
brasil_comparacao_fd> Acessado em 17.05.2017
Referência dos gráficos
Figura 1: IPEADATA
Figura 2: FMI. Projeção: J.P. Morgan. Elaboração: Ideias Consultoria
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