Câmbio, Inflação, Mercados Financeiros, Política Monetária

ECEC C – Âncora cambial no Plano Real

“No inicio dos anos 90, o Brasil, passava por um periodo de alta inflação, e já havia passado por varias de tentativas de estaabilização, com planosanteriores, conseguindo esse objetivo com o plano Real. Para conseguir essa estabilidade economica, foram necessarias algumas medidas, como um ajuste fiscal, adoção das URV, e de um ancora combia.

Até a instalação do Plano, a política cambial brasileira era regida por constantes desvalorizações cambiais, que buscavam eliminar os efeitos da inflação sobre a taxa de câmbio real. Pretendia-se, dessa forma, manter, ou mesmo recompor, a competitividade dos setores produtivos nacionais. Essa política buscava a manutenção do equilíbrio do balanço de pagamentos. Por outro lado, ela se tornava uma fonte alimentadora da inflação. Com o Plano Real o objetivo da taxa de câmbio foi alterado. Foi estabelecida uma âncora nominal por meio de uma nova política cambial. Mas o plano teve dificuldades de implementação dado cenários de crise mundial que foram de certa maneira mais a regra do que a excessão nos anos 1990. Tivemos a crise do México em 95, da Ásia em 97, da Rússia 98 e a bolha ponto-com em 2000. Isso dificultou que medidas do plano real tivessem os efeitos esperados. Essas crises influenciaram no modelo de cambio no Brasil no periodo.

A adoção de um câmbio mais firme, com limite maximo, se deu pela necessidade de instituir uma ancora nominal, para combater o processo inflacionario.  Essa fixação atua de algumas formas para ajudar no controle da inflação, ela passa a afetar as expectativas dos agentes definidores de preços, feito ajudado pela melhora da credibilidade (conseguida com implantação de outras medidas anteriores para implantação do plano),  também vamos levar em conta a competiçao de produtos importados, que sofreram redução de preço graças a apreciação da moeda local, assim como insumos intermediarios, que reduziram o custo de produção de produtos nacionais.  A importância da âncora cambial no combate à inflação também se relaciona com a reversão das expectativas inflacionárias.

No inicio do plano, tivemos uma apreciação do real, levando a um valor maximo de 1 U$$, mas sem valor minimo, mas quando essa apreciação ficou muito elevada, foi estabelecido um cambio minimo informal pelo BC. Com a oficialização do sistemas de bandas, com limites inferiores e superiores em 95, esse sistema foi mantido, mas ao longo dos meses tivemos alterações nas bandas de valor do real. Contudo, em 98 a situação do Brasil, passou a ser de possivel alvo para ataques especulativos,  fatores como deficit de conta corrente, elevados juros endividamento externo do setor bancario, títulos publicos expressos em dolares e moeda sobrevalorizada,   levaram a adoção em 1999 do sitema de câmbio flutuante.

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33 comentários em “ECEC C – Âncora cambial no Plano Real”

  1. Acho necessário ressaltar que URV significa Unidade Real de Valor que foi a parte escritural da atual moeda corrente do Brasil, cujo curso obrigatório se iniciou em 1º de março de 1994. Foi um índice que procurou refletir a variação do poder aquisitivo da moeda, servindo apenas como unidade de conta e referência de valores. Teve curso juntamente com o Cruzeiro Real (CR$) até o dia 1º de julho de 1994, quando foi lançada a nova base monetária nacional, o Real (R$). Como âncora nominal, o Banco Central se dispôs da taxa de câmbio, ou seja, neste tipo de âncora nominal a taxa de câmbio tem seu valor fixado em relação à moeda de algum país estrangeiro que possui histórico de controle inflacionário, buscando-se com isto que a taxa de inflação doméstica seja próxima àquela verificada no país detentor da moeda que está servindo de âncora (no caso do Brasil, os EUA). O câmbio atrelado em um nível bastante valorizado, em conjunção com outras medidas econômicas integrantes do Plano Real, possibilitou o rápido recuo da inflação (para cerca de 2% ao final de 1994), e sua posterior manutenção em patamares significativamente baixos em relação ao histórico inflacionário do país. O atrelamento do câmbio teve realmente um papel central na luta inicial contra a inflação e no sucesso inicial do Plano Real, não fazendo julgamento algum sobre se esta era a opção mais apropriada para um país emergente como o Brasil, ou se a elevação das dívidas interna ou externa foram altas ou não. Dentre as principais medidas do Plano Real estão: desindexação da economia, privatizações, equilíbrio fiscal, abertura econômica, contingenciamento e políticas monetárias restritivas.

  2. Quando o governo determina a trajetória da taxa de câmbio, e torna a oferta de moeda endógena, temos a ocorrência da âncora cambial. Os efeitos dessa estratégia anti-inflacionária que foi adotada pela Argentina, Chile e Uruguai foram insatisfatórias na década de 70. Esses 3 países utilizaram a âncora cambial aliada a reformas que eliminassem as barreiras ao comércio internacional e permitissem a livre mobilidade de capitais.
    Para os 3 países no geral, os fatos estilizados que se destacam são: a lenta convergência da inflação doméstica para inflação internacional ajustada pela desvalorização cambial; a persistente apreciação cambial da moeda nacional em termos reais; a deterioração do saldo em conta-corrente do balanço de pagamentos; e o estímulo econômico no início do programa, com posterior retração.
    Aprofundando mais no caso da Argentina, temos que no ano de 1978 tal pais passou a utilizar 3 novos instrumento básico, sendo um deles a taxa de câmbio pré-fixada. O Banco Central passou a anunciar com antecedência a cotação do dólar, o que permitia ao mesmo tempo um alto grau de mobilidade internacional de capitais. No primeiro momento, não houve alterações significativas na taxa real de câmbio, houve taxa real de juros negativa, o nível de atividade econômica se recuperou, o PIB cresceu a uma taxa de 7,6%, e a inflação aumentou ligeiramente. 9 meses depois, a taxa de câmbio caiu, a taxa real de juros atingiu 32% ao ano, e houve redução substancial no nível de atividade econômica, entretanto a inflação reduziu consideravelmente. Após 18 meses das mudanças de instrumentos, a taxa de inflação desacelerou, e a taxa de desvalorização reduziu ainda mais, o que provocou uma forte apreciação cambial. A taxa de juros real subiu e a dívida externa se tornou crescente. Decide-se então, em 1981, abandonar a política de pré-fixação cambial.

  3. O Plano Real foi construído com medidas que intencionavam combater não apenas um aspecto da inflação, como havia ocorrido em outras tentativas, mas os vários componentes da inflação brasileira. Foi preciso uma medida que atuaria em duas frentes: o combate à indexação e a busca da reversão das expectativas inflacionárias, sendo assim a taxa de câmbio se torna uma âncora nominal da economia, combatendo a indexação e revertendo as expectativas inflacionárias. A importância da âncora cambial vai desde a reversão das expectativas inflacionárias e na determinação de um dos principais preços da economia (resultando a redução da indexação) até atrelação da inflação que recai sobre os bens comercializáveis à inflação mundial. Ao analisarmos, quando restringimos a flexibilidade cambial, a moeda não pode ser expandida, a não ser para acompanhar as variações das reservas internacionais dentro de um ambiente de elevados
    fluxos de capitais, acomodando os efeitos da inflação ou financiando o déficit público. Assim sendo, a âncora cambial teve um papel importante na estabilização inflacionária economia brasileira, sua manutenção por um tempo muito longo e a falta de um efetivo controle fiscal tornou o País suscetível à recepção de ataques especulativos, sendo a situação agravada pelo ambiente de grande integração e volatilidade financeira.

  4. O plano real tinha como base as políticas cambial e monetária. A política monetária foi utilizada como instrumento de controle dos meios de pagamentos (saldo da balança comercial, de capital e de serviços), enquanto a política cambial regulou as relações comerciais do país com os demais países do mundo.
    A política cambial adotada durante o curto período de vigência da URV era calculada na realização de contínuas minidesvalorizações cambiais necessárias à manutenção da paridade da moeda brasileira em relação às moedas estrangeiras.
    O desenho do Plano Real impõe dois condicionamentos básicos à política cambial: a coexistência da âncora monetária com âncora cambial; e o respeito a limites de emissão de moeda fixados em lei.
    A âncora cambial corresponde à adoção de uma pré-determinada taxa de desvalorização cambial e seu sucesso em combater a inflação depende da credibilidade que o governo detém junto ao público.
    No Brasil, a administração da taxa de câmbio apoiou a redução do descontrole monetário, permitindo constranger mais uma das fontes inflacionárias do País.
    A estabilidade monetária permite que ocorra um afluxo de recursos para o país, que, por sua vez, é utilizado para realizar importações que naquele momento encontravam-se reprimidas.

  5. Âncoras nominais são medidas que garantem “amarrar” o nível de preços a um valor específico, minimizando possíveis decisões inadequadas do Banco Central. Por exemplo, uma política monetária expansionista pode aumentar o produto acima do potencial, aumentando a inflação – o que não ocorreria caso houvesse uma âncora nominal. Estas são bem representadas pelos agregados monetários, taxa de câmbio e metas de inflação. O Plano Real foi estruturado baseado em políticas cambial e monetária. A primeira regulou as relações comerciais do Brasil com outros países, por meio de uma política intervencionista. Nesse caso, o governo vendeu dólares e o aumentou as taxas de juros nos momentos de pressão econômica. Já a política monetária foi utilizada como instrumento de controle dos meios de pagamentos (saldo da balança comercial, de capital e de serviços).

  6. Âncoras nominais são variáveis que tem o objetivo de estabilizar o nível de preços da economia. Para que isso seja alcançado, dentre outros caminhos, temos o controle cambial – por câmbio fixo ou em bandas (este último aconteceu no Brasil na década de 1990) – ou mesmo a liberação do câmbio mas o controle (ou pelo menos uma atenção maior) às taxas de juros de curto prazo e reservas (que são instrumentos monetários). Com o câmbio fixo ou em bandas cambiais, ou temos que a ação do Banco Central é crível – os agentes tem fé que, ao se chegar na banda de cima o BC entrará vendendo muitos dólares para baixar o preço ou chegando na banda de baixo o BC entrará comprando dólares para subir o preço -, ou muitas reservas irão embora, a custo de que se perde poder da política monetária, uma vez que o Banco Central não terá como controlar a taxa de juros e o câmbio ao mesmo tempo. Foi uma política necessária a quase fixação do câmbio brasileiro, principalmente após o Plano Real, basicamente porque era necessário reduzir quaisquer impactos inflacionários, e este foi o caminho escolhido. Mesmo com os diversos acontecimentos de crise relatados no texto (inclusive um deles após o fim do regime de bandas cambiais, a “bolha da internet” do começo dos anos 2000), este foi o caminho que permitiu a inflação ficar em nível “humano”, não regressando aos três dígitos, como anteriormente ao Plano Real.

    1. Continuando:
      Desde 1999, como informado pelo texto, estamos sob câmbio flutuante. Isso permite que se olhe mais atentamente às taxas de juros de curto prazo. Ainda assim, a quase totalidade do investimento de longo prazo feito com capital de terceiros ocorre por fonte de juros subsidiados (é o caso do BNDES), uma vez que, com as atuais taxas de juros, ainda existe dificuldade no financiamento de longo prazo por qualquer outra fonte privada.
      Historicamente, a discussão sobre “o que ancora o valor da moeda?” surgiu basicamente com o fim do chamado “padrão-dólar-ouro”, este encerrado com o fim dos acordos de Bretton Woods, em 1971.

      Alguns links que achei interessantes:
      – Sobre política monetária: http://www.fgv.br/professor/fholanda/Arquivo/Polimone.pdf
      – Sobre a eficácia na combinação de políticas econômicas: http://fernandonogueiracosta.wordpress.com/2010/05/05/eficacia-e-combinacao-de-politicas-economicas/
      – Sobre o câmbio e as taxas de juros no Brasil: http://ww2.ie.ufrj.br/moeda/pdfs/flutuacao_cambial_e_taxa_de_juros.pdf
      – Sobre as taxas de juros (contém um gráfico com a evolução da Selic de 1996 a 2008): http://www.seuconsultorfinanceiro.com.br/inteligenciaFinanceira.php?secao=73&parametro=224

    2. Continuando:
      Desde 1999, como informado pelo texto, estamos sob câmbio flutuante. Isso permite que se olhe mais atentamente às taxas de juros de curto prazo. Ainda assim, a quase totalidade do investimento de longo prazo feito com capital de terceiros ocorre por fonte de juros subsidiados (é o caso do BNDES), uma vez que, com as atuais taxas de juros, ainda existe dificuldade no financiamento de longo prazo por qualquer outra fonte privada.
      Historicamente, a discussão sobre “o que ancora o valor da moeda?” surgiu basicamente com o fim do chamado “padrão-dólar-ouro”, este encerrado com o fim dos acordos de Bretton Woods, em 1971.

      Alguns links que achei interessantes:
      – Sobre política monetária: http://www.fgv.br/professor/fholanda/Arquivo/Polimone.pdf
      – Sobre a eficácia na combinação de políticas econômicas: http://fernandonogueiracosta.wordpress.com/2010/05/05/eficacia-e-combinacao-de-politicas-economicas/
      – Sobre o câmbio e as taxas de juros no Brasil: http://ww2.ie.ufrj.br/moeda/pdfs/flutuacao_cambial_e_taxa_de_juros.pdf

  7. Âncoras nominais são variáveis que tem o objetivo de estabilizar o nível de preços da economia. Para que isso seja alcançado, dentre outros caminhos, temos o controle cambial – por câmbio fixo ou em bandas (este último aconteceu no Brasil na década de 1990) – ou mesmo a liberação do câmbio mas o controle (ou pelo menos uma atenção maior) às taxas de juros de curto prazo e reservas (que são instrumentos monetários). Com o câmbio fixo ou em bandas cambiais, ou temos que a ação do Banco Central é crível – os agentes tem fé que, ao se chegar na banda de cima o BC entrará vendendo muitos dólares para baixar o preço ou chegando na banda de baixo o BC entrará comprando dólares para subir o preço -, ou muitas reservas irão embora, a custo de que se perde poder da política monetária, uma vez que o Banco Central não terá como controlar a taxa de juros e o câmbio ao mesmo tempo. Foi uma política necessária a quase fixação do câmbio brasileiro, principalmente após o Plano Real, basicamente porque era necessário reduzir quaisquer impactos inflacionários, e este foi o caminho escolhido. Mesmo com os diversos acontecimentos de crise relatados no texto (inclusive um deles após o fim do regime de bandas cambiais, a “bolha da internet” do começo dos anos 2000), este foi o caminho que permitiu a inflação ficar em nível “humano”, não regressando aos três dígitos, como anteriormente ao Plano Real.
    Desde 1999, como informado pelo texto, estamos sob câmbio flutuante. Isso permite que se olhe mais atentamente às taxas de juros de curto prazo. Ainda assim, a quase totalidade do investimento de longo prazo feito com capital de terceiros ocorre por fonte de juros subsidiados (é o caso do BNDES), uma vez que, com as atuais taxas de juros, ainda existe dificuldade no financiamento de longo prazo por qualquer outra fonte privada.
    Historicamente, a discussão sobre “o que ancora o valor da moeda?” surgiu basicamente com o fim do chamado “padrão-dólar-ouro”, este encerrado com o fim dos acordos de Bretton Woods, em 1971.

  8. Não entendi duas coisas: já que o câmbio fixo foi tão oneroso para o Brasil, por que já não foi adotado o plano de metas de inflação direto? É condição necessária para a estabilização da inflação a fixação do câmbio?

  9. Gostaria de contribuir um pouquinho com o texto trazendo algumas informações sobre a implementação da URV, pois particularmente considero este mecanismo um bom exemplo de criatividade e inteligência na resolução de problemas.
    A URV é uma unidade de conta que atuou paralelamente ao cruzeiro real que, como foi dito no texto, vivenciava grande instabilidade. A instabilidade era tanta que neste período todos os contratos eram indexados ao dólar, pois prever inflação deixou de ser factível (e assim, os indicadores de inflação futura perderam sua utilidade).
    Este mecanismo foi introduzido na segunda fase do Plano Real com o objetivo de corrigir os preços relativos da economia. É interessante notarmos que a URV foi um mecanismo pelo qual as funções de reserva de valor e de meio de troca foram separadas em duas “moedas” distintas: A estabilidade da URV controlava as expectativas dos agentes, portanto esta era usada como a unidade de conta, enquanto isso, o meio de troca ainda era o cruzeiro real.

    “Ademais, observe-se que a “taxa de câmbio” entre o cruzeiro real e a
    URV seria fixada diariamente pelo BC “tomando como base a perda de
    poder aquisitivo do cruzeiro real”¹

    A boa receptividade da população a URV impressionou, pois, embora se trate de um conceito muito complexo para o “cidadão mediano” a população em geral conseguiu entende-lo, e portanto, transacionar de maneira racional.

    “A URV era uma unidade de valor que só poderia ser usada como meio de pagamento após emitida, sob o nome de real”¹

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    ¹http://www.econ.puc-rio.br/gfranco/urv.pdf
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    Outra referência (que não foi citada): http://www.rep.org.br/PDF/62-6.PDF

  10. Podemos dizer que o Plano Real foi um dos planos mais engenhosos de combate a inflação; podemos dizer que o ataque ao processo inflacionário se deu em três fases:
    i) Ajuste Fiscal; de maneira que este visava equacionar o desequilíbrio orçamentário assim impedindo futuras pressões orçamentárias. Tal ajuste baseava-se no corte de despesas, aumento dos impostos e diminuição nas transferências do governo federal.
    ii) Indexação completa da economia – Unidade Real de Valor (URV); neste período instituiu-se um sistema bimonetário em que a URV funcionava como unidade de conta, expressando o preço das mercadorias, mas as transações eram liquidas em cruzeiro real, que mantinha a função de meio de troca. Assim a inflação se dava apenas na moeda em circulação (CR$), mas não na unidade de conta, cujo valor era corrigido pela própria inflação da moeda ruim.
    iii) Reforma monetária – Transformação da URV em reais (R$); quando praticamente todos os preços estavam expressos em URV o governo introduziu a nova moeda o Real (R$).
    No que se refere à âncora cambial, o significativo volume de reservas e a manutenção da taxa real de juros em patamares elevados proporcionou ao Banco Central a flutuação do câmbio, o que provocou uma profunda valorização da taxa de câmbio. Então com a economia aberta e um volume significativo de reservas, a possibilidade de importações estava colocada, como esta se tornava atrativa em relação a valorização cambial, travavam-se os preços internos, rompendo a propagação dos choques.

  11. O valor moeda através do tempo vem sendo ancorada em diferentes padrões. O que ancora nominalmente a moeda pode ser meta de inflação, meta monetária, âncora cambial, com o objetivo de garantir o sucesso do regime monetário. A âncora nominal pode ser a determinação do valor da moeda ao ouro, ao dólar; os regimes cambiais podem ser: câmbio fixo, flutuante ou bandas cambiais. No Brasil após a adoção do plano real em 1994, a moeda doméstica (o real) era determinada através de bandas cambiais informais, através dos anos foi feita uma expanção das bandas cambiais; de 1995 a 1998 o regime cambial se aproximou do crawling peg, com o objetivo de estabilização da inflação. Em 1999, houve uma mudança do regime cambial, passando a ser utilizado câmbio flexível e o BC passou a controlar os preços a partir de metas de inflação.

    Fonte: http://www.mackenzie.br/fileadmin/Graduacao/CCSA/nucleos/NPQV/Participacao_na_V_Semana_da_FCECA/Participacao_na_Vi_Semana_CCSA/roseli_da_silva.pdf

  12. Devemos dar atenção especial em alguns pontos. Primeiro que que a reforma fiscal teve um papel essencial no uso da taxa de câmbio como âncora nominal. Durante a época de pré-estabilização no Brasil, a inflação ajudou a gestão do déficit orçamentário. Acreditou-se que os empréstimos públicos e as altas taxas de juros dariam sustentação a taxa cambial. Porém, ainda que o Brasil mantivesse uma política monetária ativa e uma das maiores reservas do mundo, ainda assim os crescentes déficits fiscais em conta corrente trabalhariam para desequilibrar a âncora nominal.

    A perda de reservas e os problemas enfrentados pelo plano Real não foram surpresa. Foram decorrência da vulnerabilidade a que se sujeitou o país com a liberalização da economia e da adoção de um programa de estabilização de combate à inflação atrelado aos fluxos de capitais externos.

    Clique para acessar o 87-1.pdf

    Clique para acessar o 83-8.PDF

  13. O que o Plano Real tem de absolutamente único é que se trata de um episódio onde simultaneamente tivemos um plano de estabilização e um processo de abertura. A política cambial adotada durante o curto período de vigência da URV era calculada na realização de contínuas minidesvalorizações cambiais (crawling-peg) necessárias à manutenção da paridade da moeda brasileira em relação às moedas estrangeiras. Assim, uma das imposições que o Plano Real foi a coexistência da ancora monetária com âncora cambial. A âncora cambial corresponde à adoção de uma pré-determinada taxa de desvalorização cambial e seu sucesso em combater a inflação depende da credibilidade que o governo detém junto ao público. No Brasil, a administração da taxa de câmbio apoiou a redução do descontrole monetário, permitindo constranger mais uma das fontes inflacionárias do país. A estabilidade monetária permite que ocorra um afluxo de recursos para o país, que, por sua vez, é utilizado para realizar importações que naquele momento encontravam-se reprimidas. Com as pressões de mercado, o Real foi desvalorizado e, juntamente com a adoção dos sistemas de câmbio flutuante, permitiu u ajuste no Balanço de Pagamentos nos anos seguintes. Depois, com a implantação de metas inflacionárias, houve uma redução nas taxas de juros. Entretanto, a instabilidade causada pela desvalorização do Real e a exigência de superávits primários nas contas públicas provocaram um adiamento das decisões de investimento e da retomada do crescimento.

    Clique para acessar o Tese_Fernando_Antonio_Ribeiro_Soares.pdf

    http://www.ebah.com.br/content/ABAAABHBwAB/plano-real-politica-cambial

  14. É interessante notar que a URV era uma medida de valor virtual, que nunca existiu fisicamente e que apenas servia como taxa de câmbio para estabilizar os preços, sendo que as operações eram liquidadas em cruzeiro. Assim, a URV não foi uma moeda, pois não era uma reserva de valor, sendo apenas uma medida contábil. Com a aceitação e o entendimento maiores que o esperado da parte do público, foi possível então substituir a URV pelo real, colocando fim ao cruzeiro e, finalmente, obter uma inflação controlada e uma moeda forte, não precisando mais indexar contratos em outras moedas, como o dólar por exemplo.

  15. Em 1992 o Brasil sofria com a crise política, vinculada à renúncia do até então presidente Fernando Collor, e com a crise econômica, caracterizada pela hiperinflação que o país enfrentava.

    Após mais de uma década com inflação de preços anual acima de 100%, a população não via uma saída para esse aumento diário nos preços, que ficava cada vez maior, já que os déficits do governo eram pagos através da impressão de mais moeda nacional.

    A hiperinflação gera muitos problemas, mas podemos destacar 3 deles que prejudicam o crescimento econômico: a) disparidade de renda, b) falsificação contábil, sobrestimando os lucros das empresas, e c) impossibilidade de previsão de preços.

    Para solucionar esse grande problema de inflação, foi proposto o Plano Real, o qual tinha como fatores essenciais: a) zerar o déficit público, b) desindexar a economia, acabando com a correção automática de preços e salários, c) reindexar a economia de acordo com a taxa de câmbio, d) abrir a economia, reduzindo as tarifas de importação, e e) aumentar as reservas internacionais. Cumpridas essas cinco metas, a nova moeda surgiria com paridade ao dólar.

    Segundo artigo exposto no site: http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=1294, nunca houve uma âncora cambial, ou câmbio fixo na implantação do Plano Real, o valor da taxa de câmbio passou a flutuar a partir do primeiro dia, determinada pelo mercado e por intervenções do Bacen, que estabelecia um teto e um piso diariamente para a taxa de câmbio.

  16. O desempenho de ancoras cambiais em alguns países emergentes nos anos 90 não foi muito satisfatório, ocasionando até profundas crises financeiras, obrigando esses países a encontrar alternativas de ancora nominal. A alternativa mais utilizada foi a meta inflacionaria, já utilizada com sucesso em países desenvolvidos como Nova Zelândia desde 1990, Canadá (1991), Reino Unido (1992) e Austrália (1994).

    Clique para acessar o 2005_2_1.pdf

  17. Em 1994, tivemos a implantação do Plano Real, que reduziu as taxas de inflação, e também tivemos a criação da moeda virtual “Unidade Real de Valor” (URV) que era atrelada ao dólar, onde o governo adotou a lógica da dolarização, usando as âncoras cambiais para estabilizar a inflação. Atualmente, o Brasil utiliza o regime de cambio flutuante, no entanto, a utilização de uma âncora cambial nos dias atuais, poderia ser um meio de ajudar no controle da inflação, mas faria com que o país perdesse a independência da política monetária, além de que o mesmo ficar vulnerável a choques externos por meio de ajustes na taxa de juros externas que estão diretamente ligadas à economia doméstica, e também ficar sujeitos a ataques especulativos perante a moeda nacional.

    http://www.iea.sp.gov.br/out/LerTexto.php?codTexto=1363
    http://economia.estadao.com.br/noticias/geral,ancora-cambial-imp-,1151246

    Clique para acessar o roseli_da_silva.pdf

  18. Li o artigo de Leandro Roque, e diz que o processo de transição para o real, com a implementação da URV, foi bem feito. Porém, a seria melhor não ter criado uma nova moeda própria: “Se, no dia 30 de junho de 1994, todas as cédulas de Cruzeiro Real, bem como todos os depósitos em conta-corrente, fossem simplesmente convertidos em dólar, de modo que a moeda americana se tornasse a moeda corrente do Brasil, a situação teria sido bastante diferente”. Seria melhor? Por quê?
    http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=1294

  19. Em 1994, tivemos a implantação do Plano Real, que reduziu as taxas de inflação, e também tivemos a criação da moeda virtual “Unidade Real de Valor” (URV) que era atrelada ao dólar, onde o governo adotou a lógica da dolarização, usando as âncoras cambiais para estabilizar a inflação. Atualmente, o Brasil utiliza o regime de cambio flutuante, no entanto, a utilização de uma âncora cambial nos dias atuais, poderia ser um meio de ajudar no controle da inflação, mas faria com que o país perdesse a independência da política monetária, além de que o mesmo ficar vulnerável a choques externos por meio de ajustes na taxa de juros externas que estão diretamente ligadas à economia doméstica, e também ficar sujeitos a ataques especulativos perante a moeda nacional.

    http://www.iea.sp.gov.br/out/LerTexto.php?codTexto=1363

    Clique para acessar o roseli_da_silva.pdf

  20. O O principal acontecimento afetando a economia brasileira a partir dos anos 90, foi, com certeza, a implantação do Plano Real em Julho de 1994. O elemento central do Plano Real foi a criação da âncora cambial, como já havia ocorrido em outros países da América Latina em processos de estabilização, na busca do combate a processos inflacionários crônicos.
    A lei nº 9069, aprovada em 29.06.1995, que criou uma nova unidade monetária, o real, desenhava também uma política monetária para manter o crescimento da moeda alinhado à disponibilidade de reservas internacionais.

    A relação entre base monetária e os movimentos nas reservas internacionais era mais frouxa do que a institucionalizada na Argentina em abril de 1991, quando estabeleceu-se um lastro da moeda nacional em termos da moeda internacional. No caso brasileiro, a maior flexibilidade do programa decorria do fato do valor da taxa de câmbio nominal não estar explicitamente imposto por lei, permitindo ao governo atuar com um certo grau de discrição. Inicialmente foi adotada uma banda cambial limitada apenas superiormente, e depois completa, proporcionando contudo certa margem de manobra no seu interior e na alteração dos próprios limites da banda de flutuação.

    Clique para acessar o 87-1.pdf

  21. Conforme artigo de Everton Gonçalves, temos que historicamente, as estabilizações da economia nos países mostram que a taxa de câmbio é a âncora nominal mais utilizada nesses programas de estabilização. Segundo ele, a “rejeição da moeda nacional em processos com alta inflação, com fuga da riqueza para moedas estrangeiras e espécie, e da crise de confiança que se abate sobre o Estado”, são as origens intuitivas dessa utilização de âncora cambial. Assim, fixar a taxa de câmbio a uma moeda mais forte seria uma ferramenta para coordenar as expectativas dos agentes. O emparelhamento da moeda doméstica ao dólar, por exemplo, ou ao ouro, reduz-se rapidamente a taxa de inflação.
    A âncora cambial, no entanto, tem distintos desempenhos quando aplicada em processos hiperinflacionários ou em inflações crônicas, se forem analisados historicamente. No primeiro caso, a estabilização é atingida instantaneamente, e com bustos relativamente baixos, enquanto que no segundo caso, há um processo mais lento de ajuste da taxa de inflação.

    FONTE: http://bibliotecadigital.fgv.br/dspace/bitstream/handle/10438/4634/1199901946.pdf?sequence=1

  22. Sem dúvida o plano real foi de fundamental importancia para a economia brasileira, mas fazendo um paralelo com outros países também em desenvolvimento notamos que existe a possibilidade de controlar a inflação sem estabelecer ancoras cambiais em sua moeda (como exemplo, Paraguai e Republica Dominicana na decada de 80), sendo que taaxas de cambio estáveis estão na verdade muito mais correlacionadas a outros politicas economicas do que a decisão de um regime de cambio especifico. Na verdade a maioria dos países da américa latina que adotaram ancoras cambiais tiveram problemas inflacionários no médio prazo, uma vez que os desequilibrios no balanço de pagamentos se tornam insustentáveis, levando a um ciclo vicioso de mais desvalorizacao da moeda e maiores desequilibrios macroeconomico e no balanco de pagamentos. Segue um paper legal sobre o assunto: https://www.imf.org/external/pubs/ft/fandd/1996/03/pdf/quirk.pdf

  23. A âncora cambial é um mecanismo usado no qual o governo fixa as taxas de câmbio a fim de diminuir o nível geral de preços em um momento onde a economia está desestabilizada.
    Ela é possível quando consegue-se relacionar uma moeda de um determinado país com seu histórico de inflação e instabilidade à uma outra moeda, que tenha um histórico contrário, de estabilidade e baixa inflação e dessa maneira transformar em um nível de preços mais estável a economia do primeiro país. Outra questão importante em relação à esse tipo de ancora nominal é que ela gera expectativas estabelecidas.
    Além do caso brasileiro, a Argentina é outro exemplo do uso de ancora cambial (que pode ser visto em detalhes a partir da página 15 da tese que está no site: http://bibliotecadigital.fgv.br/dspace/bitstream/handle/10438/70/000065119.pdf?sequence=1 )
    Fonte:
    http://www.fontedosaber.com/administracao/ancora-cambial.html

  24. Encontrei um artigo legal sobre este tema, do autor Marcelo S. Portugal. Achei interessante de complementar ao post e à todos os comentários, que o principal elemento do Plano Real foi realmente a âncora cambial. Em termos conceituais, o Plano Real foi melhor elaborado que os planos de estabilização anteriores no Brasil. Contudo a valorização da taxa de câmbio nominal, que caiu de 1,000 R$/US$ em junho para 0,840 R$/US$ em novembro, exacerbando, assim, o processo de sobrevalorização da taxa de câmbio real, foi um “erro” importante. Essa valorização nominal da taxa de câmbio foi intencionalmente provocada pelo próprio Banco Central, que parou de comprar dólares no mercado de câmbio, em função da necessidade de cumprir as metas de expansão monetária estabelecidas pela medida provisória que criou o real.

    Com isso, havia uma dificuldade em prever-se com precisão a demanda por moeda após a a queda abrupta da inflação. Fica claro então que, teria sido melhor assumir explicitamente, desde o começo do Plano Real, que a taxa de câmbio era a única âncora relevante. A adoção de um sistema de duas âncoras – nominal e monetária -, obrigou o Bacen a limitar a compra de dólares para não expandir a oferta interna de reais, contribuindo assim, para a sobrevalorização do real.

  25. O elemento central do Plano Real foi a criação da âncora cambial, como já havia ocorrido em outros países da América Latina, em processos de estabilização, na busca do combate a processos inflacionário crônicos.A lei que a nova unidade monetária, o real, desenhava também uma política monetária para manter o crescimento da moeda alinhado a disponibilidade de reservas internacionais. No caso do experimento brasileiro, a maior flexibilidade do programa decorria do fato do valor da taxa de câmbio nominal não estar explicitamente exposto por lei, permitindo ao governo atuar com um certo grau de discrição. Inicialmente foi adotada uma ‘banda cambial’ limitada apenas superiormente, e depois completa, proporcionando, contudo, certa margem de manobra no seu interior e na alteração dos próprios limites da banda de flutuação.

  26. Segundo Gustavo Franco o Plano Real não baseou-se em uma “âncora cambial” ou em um “câmbio fixo”, pois o câmbio nunca foi fixo, sequer por um dia. Já no primeiro dia útil após a transição para o plano real(04/07/94) a taxa de câmbio passou a flutuar. A partir daí, seu valor foi sendo determinado ora pelo mercado ora pela pura intervenção do Banco Central. O BACEN se limitava a, diariamente, estabelecer um piso e um teto para a taxa de câmbio (banda cambial ) mas estes valores aumentavam diariamente. E assim permaneceu até o fim da primeira fase do Plano Real (julho de 1994 janeiro de 1999).

  27. Encontrei um texto que explicou um pouco mais sobre o que aconteceu com a escolha de âncora nominal adotada pelo governo brasileiro em 1994. Ele explica que como visto em outros países (Chile, Argentina e México), o Brasil também sofreu de déficits comerciais crescentes e redução dos níveis de poupança em decorrência da valorização do real e isso só era possível enquanto haviam disponibilidade de reservas e fluxos de capital. Como isso refletiu negativamente na produtividade do país e culminaria num explosão econômica, foi necessária a mudança da âncora nominal.

    Fonte: http://www.rep.org.br/PDF/83-8.PDF

  28. A hiperinflação que prevaleceu no Brasil e em outros países da América Latina nos anos 80 tentou ser amenizada de diversas formas e apenas conseguiu ser controlada após estabelecer o câmbio como uma âncora nominal. O tamanho da base monetária não depende mais, portanto, das decisões do Banco Central, o que inviabiliza o gerenciamento de uma política monetária. Houve, portanto, no plano real, um trade off entre regulação e possibilidade de atuação de uma política monetária, em busca de uma estabilização do valor da moeda.

    Referência: http://www.rep.org.br/pdf/87-1.pdf

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