Mercados Financeiros

C-Ecec: PRINCIPAIS FONTES DE FUNDOS EXTERNOS DAS EMPRESAS BRASILEIRAS NÃO-FINANCEIRAS

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A estrutura do sistema financeiro comunica a alocação de recursos entre agentes na economia. Assim, Frederic S. Mishkin apresenta 8 fatos estilizados sobre a estrutura financeira pelo mundo que nos ajudam a responder o seguinte questionamento: “Quais são as principais fontes de fundos externos das empresas brasileiras não-financeiras?”, destacaremos 3 fatos:

  1. Ações não são a fonte mais importante de recurso externo de financiamento para empresas;
  2. A emissão de título de dívidas e valores mobiliários não é a primeira opção em que as empresas financiam suas operações;
  3. Intermediários financeiros, particularmente bancos, são as mais importantes fontes de recursos externos usados para financiar ativos.

O autor apresenta dados do artigo de Hackethal e Schmidt (2004) que exemplificam de forma empírica esses fatos, mostrando e comparando os dados – coletados junto aos Bancos Centrais dos respectivos países – da fonte de recursos externos para empresas não financeiras nos Estados Unidos, Alemanha, Japão e Canadá. O resultado do estudo pode ser verificado a seguir:

C-Ecec-Gráfico 1

Ao elaborar uma análise para empresas brasileiras foi preciso buscar outra fonte de informação, uma vez que o Banco Central disponibiliza a maioria dos dados desse gênero sob a ótica dos investidores.

Um levantamento realizado pelo Banco Mundial através da Enterprise Surveys construiu uma amostra sobre as fontes externas de financiamento de empresas do setor privado de vários países. A amostra coletada para o Brasil em 2009, apresentadas no Gráfico 2, foi feita com 1802 empresas em sua maioria de médio porte compreendendo diversos setores, como: alimentício, têxtil, vestuário, químico e produtos químicos, maquinários e equipamentos, mobília, manufatura, varejo, TI e serviços de TI e outros serviços.

C-Ecec-Gráfico 2

Verifica-se que 92% dos recursos externos no Brasil são provenientes de intermediários financeiros (bancos e fornecedores de crédito), assim nos dando algumas evidências de que o fato estilizado apontado por Mishkin, que indica que intermediários financeiros são a fonte externa mais importante usados para financiar ativos pode também ser observado no mercado brasileiro. O fato sobre o mercado de títulos não ser a primeira opção de fundos externos de financiamento não pode ser observado empiricamente uma vez que não existem dados dessa variável. De forma geral, percebe-se uma convergência dos dados do estudo em relação à teoria, porém é importante ressaltar que a amostra utilizada é bastante restrita para análises e definições.

É válido lembrar que as metodologias da Enterprise Surveys e apresentada pelo Mishikin diferem. Além disso, enquanto os dados do artigo apresentados no livro são resultado de uma média do período de 1970-2000, a pesquisa do Banco Mundial, apresenta dados apenas do ano de 2009. Outra observação importante é a falta de informação sobre a porcentagem referente a fonte de recursos provenientes do mercado de títulos. Dessa forma, dificultando a comparação entre os dados encontrados para o Brasil e os apresentados pelo livro.

Uma fonte de recursos em destaque na economia brasileira é o Banco de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES.  Ainda que as instituições financeiras tenham um papel de destaque no fornecimento de crédito para financiar os investimentos das empresas na economia, estas encontravam dificuldade para obter opções de financiamento de investimento produtivo no longo prazo. Os motivos abrangem o alto risco, baixo retorno e incertezas. Nesse cenário o papel do BNDES teve grande destaque, sendo sua principal função apoiar projetos de investimentos que contribuam para o crescimento do país, concedendo empréstimos de longo prazo com taxas de juros mais competitivas que as taxas de mercado.    Nos últimos cinco anos realizou um desembolso médio de aproximadamente 163 bilhões de reais destinados a financiamentos de pequenas, médias e grandes empresas. (COUTO e TRITIM, 2012).

 

REFERÊNCIAS

http://www.akb.org.br/upload/011020121854415026_Ana%20Cristina%20Lima%20Couto.pdf

http://papers.ssrn.com/sol3/papers.cfm?abstract_id=254463  

http://www.enterprisesurveys.org/data/exploreeconomies/2009/brazil

 

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39 comentários em “C-Ecec: PRINCIPAIS FONTES DE FUNDOS EXTERNOS DAS EMPRESAS BRASILEIRAS NÃO-FINANCEIRAS”

  1. Pessoal…é importante evidenciar que quando citamos Mishikin estamos nos referindo a

    “MISHKIN, Frederic. The Economics of Money, Banking and Financial Markets – 10th edition. Boston: AddisonWesley, 2009.”

    Qualquer dúvida estaremos a disposição! =D

  2. Um ponto interessante sobre o mercado de títulos para as empresas brasileiras é a evolução do mercado de debentures ao longo dos últimos anos. Deixarei abaixo um link no qual será possível baixar o PDF de um artigo de Pimentel, Peres e De Lima publicado em 2011 cujo título é: “O mercado de debêntures e o financiamento produtivo no Brasil: uma análise de cointegração e causalidade”. O legal desse artigo é que, além deles descreverem o mercado de debêntures e seu papel no financiamento do setor produtivo, eles compararam a relação temporal entre o mercado de debêntures e crescimento econômico. Como resultado, verificou-se que o mercado de debêntures aparenta ser mais relevante do que o próprio mercado de crédito bancário para influenciar o crescimento econômico. E os autores explicam tal evidência por alguns diferenciais do mercado de debêntures, como o menor custo de capital, os maiores prazos e a maior oferta de recursos.

    http://www.revistas.usp.br/rco/article/view/34783

  3. Embora o BNDES tenha sido citado como tendo um papel importante no acesso a crédito de longo prazo, não é novidade pra ninguém que as críticas sobre as taxas de juros praticadas pelo mesmo são intensas. Isso porque não são poucos os casos em que empresas grandes foram beneficiadas por este meio de crédito “a preço de banana”. Sendo assim, acho válido destacar uma das últimas notícias sobre tais taxas de juros (link abaixo) que, ao meu ver, é uma medida que caminha na direção de evitar tais desaforos.

    http://exame2.com.br/mobile/economia/noticias/bndes-prioriza-empresas-medias-em-novas-regras-ao-exportador

    1. Do meu ponto de vista, posso estar errado, o estímulo ao crédito para as grandes empresas foi uma medida de estímulo à diminuição do investimento produtivo, para conter a inflação. Todavia, o cenário agora implica em uma necessidade de aumento de receita do governo, então a troca de taxa de juros, da SELIC para a TJPL, vem para aumentar o interesse das empresas exportadoras em tomar recursos junto ao governo e consequentemente fornecer mais receita ao governo (através de um aumento na quantidade de empréstimos tomados pelas empresas) e aumentar os investimentos produtivos (pois agora projetos que antes eram inviáveis dadas as altas taxas de juros tornaram-se viáveis) e em decorrência disso ao aumento da renda, a questão é saber se essa troca de taxa de juros gerará mais ou menos receita ao governo, e se os empréstimos serão investidos de forma produtiva.

      1. João, você sabe dizer a que período se refere esse dado? Se puder colocar aqui o link da página (que abrange a imagem), agradeceria. Mas sim: a imagem ilustra bem o empasse entre taxas de juros praticadas pelo BNDES para diferentes empresas. Só queria dar uma olhada melhor nos dados da imagem pra ter certeza de que é esse o ponto que ela destaca.

    2. Nesse contexto de novas mudanças e períodos de incertezas, também é essencial frisarmos as novas estratégias que o BNDES está tomando.
      Além da mudança de regras para o beneficiamento de médias empresas em detrimento das grandes, acho importante olharmos para as novas ‘linhas de créditos’ que estão sendo criadas.
      Como na reportagem abaixo, observamos a criação de uma nova possibilidade:
      O financiamento para empresas saudáveis que querem comprar outras empresas em estado de recuperação judicial ou muito endividadas.
      Apesar de causar estranheza, a nova linha de financiamento é defendida pelo aspecto que proporciona uma chance de recuperação mais rápida das empresas, podendo levar no longo prazo à geração de receita e pagamento das dívidas, favorecendo o mercado de crédito.
      Outro ponto justificável que em “plena crise e com alta ociosidade nas plantas já construídas ninguém aposta em novos investimentos, logo os recursos do BNDES ficam à espera de pedidos que não vêm e a economia continua parada.”

      http://www.sul21.com.br/jornal/a-nova-linha-de-financiamento-do-bndes/

  4. Por mais que a principal fonte de financiamento das empresas Brasileiras seja através dos bancos, é importante salientar a dificuldade que os micro empresários e EPP ainda possuem para ter acesso ao crédito com estes intermediadores financeiros. De acordo com pesquisa feita pelo sebrae, tal fato ocorre principalmente pela burocracia, juros e pela falta de garantias que as empresas conseguem dar aos bancos. As dificuldades de acesso ao créditos impedem muitos estabelecimentos de conseguirem os recursos necessários em um período crucial para as empresas, seu começo.
    De acordo com a matéria do sebrae, “Quanto menor a empresa, mais distante ela está do sistema financeiro.”
    http://www.agenciasebrae.com.br/sites/asn/uf/NA/juros-altos-burocracia-e-garantias-dificultam-acesso-ao-credito,53b2da238d3d0510VgnVCM1000004c00210aRCRD

    1. Essa dificuldade de financiamento da empresas de pequeno porte também é mencionada em mencionada em uma reportagem presente no site da Exame, em que são mostradas as principais fontes de financiamento desse tipo de empresa. Essas dificuldade, ao meu ver, já ficam visíveis por dois fatos, mostrados na matéria: pelo fato de uma das cinco formas mais usadas ser o cheque especial, forma financiamento que apresenta altos juros e costuma ser o vilão de muitas contas; e pelo fato de o especialista entrevistado mencionar que, em caso de empréstimo, ser necessário sempre insistir nos financiamentos governamentais. Além do cheque especial, as outras quatro principais fontes são a conta garantida (que segundo texto, tem características parecidas com o do cheque especial, apesar de poder ter juros mais baixos), o Leasing, empréstimo e antecipação de recebíveis.
      http://exame.abril.com.br/pme/noticias/5-fontes-financiamentos-pequenas-empresas-558098

  5. De acordo com o livro-texto (Mishkin) o principal motivo da relevância dos intermediários financeiros é a redução dos custos de transação através da redução da assimetria de informação (e seus problemas de seleção adversa e risco moral).
    Quando olhamos para o caso do Brasil, existem muitos pontos diferentes do contexto internacional. De acordo com Denardin (2007), a assimetria de informações nos mercados financeiros e os problemas por ela gerados é apontada como uma das principais causas das elevadas taxas de juros reais e dos spreads cobrados nas operações de crédito bancário. Além disso, é importante ressaltar outras evidências, tais como: elevada deficiência na execução de regras legais, auto grau de incerteza com relação ao comportamento do Estado e uma elevada deficiência na estrutura informacional (falta de transparência e qualidade nos padrões de demonstrações financeiras).

    http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/13131/000639869.pdf?sequence=1

  6. Gostaria de sitar uma parte do MISHKIN, Frederic. The Economics of Money, Banking and Financial Markets – 10th edition. Boston: AddisonWesley, 2009., na qual o livro afirma que a atuação do governo de forma a criar subsídios de crédito, via redução das taxas de juros para empréstimos a determinados setores da economia, seria uma das causas da ineficiência de alocação e produção na economia, assim como o mesmo destaca ser uma das causas que gera um aumento na assimetria de informação, via seleção adversa gerando uma diminuição nos empréstimos, no investimento e como efeito uma redução na produto da economia como um todo. O livro também que tal característica de empréstimos subsidiados está presente em economia em desenvolvimento, não deixando que o mercado financeiro se desenvolva em sua totalidade de eficiência na alocação de recursos da economia, pois determinações da oferta e demanda não serão respeitadas, com adoção das políticas do BNDES.

  7. Reforçando a ideia já citada pelo Herbert, o link (http://www.bndes.gov.br/SiteBNDES/bndes/bndes_pt/Institucional/Apoio_Financeiro/Produtos/BNDES_Automatico/mpme.html) fornece informações de quais os requisitos necessários para que as micro e pequenas empresas consigam financiamento do BNDES. O ponto que mais chamou minha atenção, foi que as empresas precisam já ter o projeto concluído e os gastos realizados, o que dificulta a realização de investimentos por parte dessas empresas. Elas precisam desembolsar o dinheiro para depois conseguir um financiamento? Os que não possuem muita capacidade de conseguir taxas menores no mercado são os que mais têm dificuldade em acessar os recursos disponibilizados pelo BNDES.

  8. De acordo com os dados apresentados e as conclusões que o grupo chegou, poderíamos incluir também o quarto fato estilizado apresentado por Mishikin em seu livro, que diz: Intermediadores financeiros, particularmente os bancos, são a mais importante fonte de fundos externos, utilizadas para financiar negócios. Em que o autor ressalta que nos países em desenvolvimento, bancos apresentam um papel ainda mais importante no sistema financeiro do que apresentam em países industrializados.
    Achei interessante a inclusão da informação sobre o BNDES no post, abrindo espaço para um debate ainda maior.
    No site do BDNES podemos encontrar um Relatório de Efetividade 2007 – 2014 (http://www.bndes.gov.br/SiteBNDES/export/sites/default/bndes_pt/Galerias/Arquivos/conhecimento/efetividade/relatorio_efetividade_2007_2014.pdf) em que são elencados os esforços da instituição na operacionalização do apoio financeiro ao analisar, aprovar e desembolsar recursos até os resultados alcançados pelas intervenções apoiadas, tanto em relação a entregas quanto em relação a seus efeitos de médio e longo prazos.

  9. Como apontado por Frederic S. Mishkin, de acordo com a estrutura financeira mundial, os intermediários financeiros são as mais importantes fontes de recursos externos usados para financiar ativos. No Brasil, podemos observar o mesmo movimento, porém, com taxa de juros elevada, 14,25%, quando comparada a outros países, Estados Unidos 0,5%, Grã-Bretanha 0,25% ou Europa 0%, ou seja, a captação de recursos para investimento produtivo é muito custosa no caso brasileiro. Desta forma, a dificuldade de manter uma empresa ativa, em crescimento e com lucros, torna-se cada vez mais difícil.
    De cada cem empresas abertas no Brasil, 48 encerraram suas atividades em três anos. O dado faz parte de um estudo divulgado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), com informações de 2010.
    Segundo a pesquisa, de um total de 464.700 empresas que iniciaram suas atividades em 2007, 76,1% continuavam no mercado em 2008, 61,3% sobreviveram até 2009 e apenas 51,8% ainda estavam abertas em 2010, ou seja, quase a metade (48,2%) fechou as portas.

  10. Na linha de raciocínio de alguns, acredito que cooperativas de crédito têm maior importância do que o BNDES para o desenvolvimento de empresas pequenas que possam ter forças para competir no mercado brasileiro.
    Segundo a imagem que postei em resposta ao cometário da Letícia, fica claro que o BNDES com os juros mais caros para pequenos empresários, contribui para o fortalecimento de empresas já consolidadas impedindo que novos empreendedores surjam forçando-os a se unirem à grande empresa (acompanhamos em vários momentos a Ambev comprando microcervejarias).
    Assim, as cooperativas de crédito podem oferecer oportunidades mais vantajosas para iniciantes obterem crédito e portanto levar seu negócio adiante.
    http://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/as-vantagens-de-se-associar-a-uma-cooperativa-de-credito,e943ee9fc84f9410VgnVCM1000003b74010aRCRD

  11. Concordo com você, Herbert. Como destacado no texto e em alguns comentários acima, o BNDES é uma importante fonte de empréstimo a juros mais baixos no país, porém, é também alvo de muitas críticas a respeito da forma como é capaz de sustentar tais taxas e de sua política em relação aos empréstimos. De fato, o BNDES é uma das maiores fontes de empréstimo do país mas, como ressaltado também nessa notícia do Financial Times (https://www.ft.com/content/c510368e-968e-11e4-922f-00144feabdc0 – em inglês) e mais em alguns outros canais midiáticos, tais empréstimos em sua grande maioria são destinados a aquelas empresas já consagradas no mercado, não só no brasileiro, como também no mundial. Ou seja, são capazes de buscar empréstimos em outros meios (o que é destacado também na notícia). Assim, surge o questionamento de qual a verdadeira relevância desses empréstimos a essas grandes empresas?! Crescimento é pouco provável.

    Acho que seria interessante o grupo ter buscado também quais os principais bancos que realizam empréstimos a empresas no Brasil (isso se tal informação for possível de ser encontrada), excluindo o BNDES, dada a justificativa acima.

  12. De acordo com o sexto fato estilizado apresentado por Mishkin emThe Economics of Money, Banking and Financial Markets – 10th edition. Boston: AddisonWesley, 2009, que diz: Somente corporações grandes e bem estabelecidas tem acesso fácil ao mercados de valores mobiliários para financiar suas operações, o que também está coerente com as conclusões do grupo e com os comentários dos colegas acima.
    A principal fonte de financiamento das empresas Brasileiras é através dos bancos, apesar da dificuldade de acesso ao crédito dos pequenos empresários como já disse o Herbert, a Flávia e o Afonso. E ainda, como pode ser visto nesta nota da CEMEC de 2015 (http://ibmec.org.br/instituto/wp-content/uploads/2014/10/NOTA-CEMEC-09-COMPOSICAO-DA-DIVIDA-DAS-EMPRESAS-NAO-FINANCEIRAS-FINAL1.pdf), 84,7% é a composição das debêntures no Mercado de Capitais nas Companhias Abertas, como dito pelo Gabriel.

  13. Complementando o comentário da colega Ana Paula Santos é interessante mencionar o porque os bancos são responsáveis por cerca de 72% dos empréstimos as empresas brasileiras não-financeiras. O motivo é que os bancos são um dos responsáveis por resolver os problemas de seleção adversa (mais eficientes). Como eles fazem isso? Eles são especialistas na produção de informações sobre firmas, ou seja, eles são capazes de distinguir os riscos de créditos bons dos ruins, assim conseguindo recursos dos depositantes e empresta-los às firmas boas. E diferentemente da produção privada e venda de informações, os bancos não sofrem problemas com os free-riders pois realizam empréstimos privados sem estar abertos a negociações, isso quer dizer que, como o empréstimo é privado, outros investidores não podem obter informações que os bancos possuem sobre os seus devedores e assim consequentemente elevar o preço do empréstimo. Fonte utilizada: Mishkin ( livro dado em aula).

  14. Além do financiamento por meio do BNDES, outro tipo de financiamento que vem crescendo no mercado brasileiro é o financiamento a partir de fontes atreladas a moeda estrangeira (empréstimos e financiamentos bancários externos, emissão de bonds e financiamentos bancários domésticos mas indexados a moeda estrangeira). De acordo com a pesquisa realizada pelo IBMEC em 2014, esse tipo de financiamento foi o maior realizado em dezembro de 2013, sendo o do BNDES o segundo maior. Porém, outro fato que é importante citar, é que a Petrobrás e a Vale concentram mais da metade de seus financiamentos em moeda estrangeira, contribuindo então para o crescimento dessa forma de financiamento.

    Referência: http://ibmec.org.br/instituto/wp-content/uploads/2014/10/maio-2014-NOTA-CENTRO-DE-ESTUDOS-DE-MERCADO-DE-CAPITAIS-DO-IBMEC.pdf

  15. Em uma matéria da revista INGEPRO, é mencionada a dificuldade de captação de recursos que as pequenas e médias empresas enfrentam ao buscarem financiamentos em bancos, como já mencionado aqui em comentários de outros colegas. Segundo Pavani (2003), isso se deve também ao fato de que essas empresas possuem fraco histórico de faturamento e de baixa liquidez de ativos, os quais são dados como garantia. Uma alternativa a essas empresas seria o financiamento pelo capital de risco, o qual aposta no potencial de crescimento dessas organizações, o qual o investidor divide o risco com o empreendedor. O capital de risco pode eliminar o pagamento de juros, promover amortizações e resgates a preços já antes determinados, permitindo assim a condição de reinvestimento dos lucros em ativos. Essa alternativa, portanto, pode minimizar as dificuldades que pequenas e médias empresas têm de alavancar seus negócios e dá condições para um crescimento sustentável. No Brasil, esse tipo de financiamento ainda é recente, mas nos Estados Unidos, podemos observar o uso dessa alternativa desde a década de 50.

    fonte: site UOL – http://www.ingepro.com.br/Publ_2011/Jan/Artigo%20399%20pg%20109-118.pdf

  16. Diante do texto e dos comentários acima, a NOTA CEMEC de 02/2015, mostra como as empresas não financeiras se financiam entre os períodos de 2010 – 2014. É interesse ver como as proporções de financiamento das empresas mudam em determinado período de tempo. A pesquisa verifica que as operações de crédito bancário tiveram uma perda de participação de 5,5%, outro fato interessante é que os mercados de capitais e os títulos de dividas tem quase a mesma participação que o crédito direcionado do BNDES, sendo esta respectivamente, 22% e 24,4%. Os títulos de dívida tiveram um aumento de 5,1% durante o período em questão e o BNDES teve uma redução de 1,5%. Esses dados deixam um pouco mais explicito o aumento do financiamento por títulos de dividas já mencionado em comentários acima, e essa alternativa vem sendo procurada por empresas de médio e pequeno porque existem vantagens “como a garantia de taxas de juros menores por prazos mais longos”.
    Os dados podem ser encontrados em: http://ibmec.org.br/instituto/wp-content/uploads/2014/10/04032015-NOTA-CEMEC-02-2015.pdf
    http://www.barcelonasecuritizadora.com.br/site/index.php/noticias/11-empresas-trocam-divida-em-banco-por-emissao-de-titulos

  17. De acordo com o livro-texto (Mishkin), a principal diferença na captação de recursos externos das empresas está descrita no enigma 6, e deve-se aos bancos que são especialistas na produção de informações sobre firmas, de modo que podem distinguir os riscos de créditos bons dos ruins, e dessa forma empresta seus recursos às firmas boas. Quanto mais conhecida uma empresa, mais informações sobre suas atividades estarão disponível no mercado, o que deixa mais fácil a avaliação de qualidade dessas empresas mais conhecidas e determinar se ela é uma firma boa ou ruim. E pelo fato de os investidores terem menos preocupações sobre seleção adversa com empresas bem conhecidas no mercado, eles estarão dispostos a investir diretamente em seus títulos, permitindo que tais empresas levante quantidades maiores de fundos. Logo fica claro o motivo pelo qual o BNDES beneficia as empresas maiores, conforme vinha sendo discutido por alguns alunos aqui sobre esse beneficiamento.

  18. Em uma matéria da revista INGEPRO, é mencionada a dificuldade de captação de recursos que as pequenas e médias empresas enfrentam ao buscarem financiamentos em bancos, como já mencionado aqui em comentários de outros colegas. Segundo Pavani (2003), isso se deve também ao fato de que essas empresas possuem fraco histórico de faturamento e de baixa liquidez de ativos, os quais são dados como garantia. Uma alternativa a essas empresas seria o financiamento pelo capital de risco, o qual aposta no potencial de crescimento dessas organizações, o qual o investidor divide o risco com o empreendedor. O capital de risco pode eliminar o pagamento de juros, promover amortizações e resgates a preços já antes determinados, permitindo assim a condição de reinvestimento dos lucros em ativos. Essa alternativa, portanto, pode minimizar as dificuldades que pequenas e médias empresas têm de alavancar seus negócios e dá condições para um crescimento sustentável. No Brasil, esse tipo de financiamento ainda é recente, mas nos Estados Unidos, podemos observar o uso dessa alternativa desde a década de 50.

    1. Desculpe, fiz o meu comentário, apertei enviar e ele não estava aparecendo. Escrevi a mesma coisa depois, e apareceu uma mensagem que eu já tinha comentado aquilo.
      Fui fazer um teste copiando o comentário de outra pessoa pra ver se aparecia a mesma mensagem, pensando que talvez o meu comentário tinha sido válido mas estava demorando para aparecer, porém acabou enviando este comentário repetido, e o que eu realmente fiz não.
      Peço desculpa mais uma vez, mas não sei o motivo do meu não ter aparecido.

  19. Neste trabalho fica muita claro que os empréstimos bancários realizam função extremamente importante como fonte de recursos externos para empresas não financeiras tanto para o caso estrangeiro quanto para o caso brasileiro. A partir disso é importante entender a estrutura da teoria econômica desses agentes e sua função na economia de modo geral. Gostaria de destacar, baseado na primeira referência disponibilizada pelo grupo, que além de atuarem no processo de desenvolvimento econômico, os bancos públicos podem exercer uma função que tem sido evidenciada recentemente: a de agente anticíclico. Esta função é de grande relevância porque os bancos públicos podem atuar de forma a compensar os desequilíbrios no mercado de crédito, o qual é considerado muito volátil e prócíclico, na medida em que os empréstimos aumentam nos períodos de crescimento e se retraem em momentos de desaceleração econômica. Além disso, como salienta Mishkin, um dos benefícios dos intermediários financeiros é a redução da assimetria informacional, fator que ajuda a promover a eficiência econômica.

  20. Podemos observar claramente a importância que os bancos como intermediários financeiros representam para o Brasil, porém acredito que essa relevância se dá pela pequenez do nosso mercado de capitais e principalmente pelo de títulos que, devido a concorrência com o governo, as empresas privadas não podem emitir tantos títulos para se financiarem.
    Também vale notar que, devido a grande concentração bancárias, principalmente dos 5 maiores bancos, as taxas de empréstimos e financiamentos no país ficam muito altas, o que desestimula o crescimento do país.

    1. Juntando a concentração bancária e programas de financiamentos do governo à taxa de juros menores que a do mercado acaba-se criando uma barreira para o crescimento de instituições menores. O oligopólio bancário e financeiro no Brasil, mesmo que disponha de muitos recursos, desestimula o crescimento, como citado pelo Bruno pois inibe a concorrência nesse mercado, aumentando então a assimetria do mercado financeiro brasileiro.

  21. Acho interessante que o fato estilizado apontado por Mishkin – que indica que os intermediários financeiros são a fonte externa mais importante para financiar negócios – se repetir no Brasil, já que vejo como um reforço de como os intermediários financeiros têm o papel de reduzir as assimetrias de informação mesmo em países emergentes como no Brasil. A quantidade de empréstimos de bancos no Brasil atingiu 72% em 2009 sendo maiores do que o do Canadá (56%) no período de 1970-2000 e quase o mesmo valor percentual que o da Alemanha (76%). A respeito do fato estilizado que afirma que as ações não são a fonte mais importante de recurso externo de financiamento para empresas, acho legal trazer um link postado pela professora em que é mostrado as dimensões das transações dos mercados de ações no mundo: http://money.visualcapitalist.com/all-of-the-worlds-stock-exchanges-by-size/ .

    1. Considerando o fato estilizado de que o mercado de ações não é a fonte mais importante de recurso externo de financiamento das empresas, o Brasil é um bom exemplo para descrever tal acontecimento. Como citado em sala de aula, a Bolsa de Valores brasileira tem um foco mais especulativo do que provedor de recursos para as SAs locais e, aliado a isso, temos grande intervenção do BNDES oferecendo fundos à taxas mais competitivas do que o mercado e influenciando a escolha das empresas na hora de conseguir empréstimos, como foi falado por alguns colegas nos comentários acima.
      E, se for levado em conta o tamanho da BM&F em relação aos outros países, ou seja, volume de negócios realizados, pode-se perceber que a expressão dela nas empresas brasileiras é ainda muito menor comparada às estrangeiras.

  22. Em relação ao tema em questão, encontrei o relatório final do “Projeto BNDES/Fecamp – Padrões de financiamento das empresas não-financeiras no Brasil”. Em concordância com o exposto pelo grupo, destaco do relatório: “A concepção de que as empresas brasileiras tinham um financiamento baseado no mercado de capitais, assim como em outros países emergentes, tem sua origem em trabalhos pioneiros de Singh (1995). No Brasil, o estudo de Moreira & Puga (2000) chega a uma conclusão próxima analisando um conjunto muito grande de empresas industriais (4.312) para o período 1995/1997. Os autores apuraram uma média de autofinanciamento de 55%, 25% para o financiamento por meio de dívidas e 20% por meio de emissão de ações. Uma das conclusões do estudo foi que “os resultados sugeremum padrão de financiamento Market-based, apesar do caráter ainda incipiente do nosso mercado de capitais e do porte relativamente reduzido das nossas firmas”. “Essa característica (…) sugere um quadro de constrangimento financeiro ao crescimento, onde os limitados recursos internos das firmas dificultam investimentos mais ambiciosos em expansão da capacidade ou em desenvolvimento tecnológico” (Moreira & Puga, 2000:p.84). A presente pesquisa para o período 2004/2007 estimou em 51% a contribuição de lucros retidos (autofinanciamento) para as empresasindustriais. A participação da fonte de dívidas alcançou um percentual muito superior aos de outras pesquisas, 41%. E a fonte ações, seja pela obtenção de recursos em ofertas primárias (recursos obtidos no mercado, 2,6%), seja pela captação privada (recursos dos sócios, 5%) totalizou 8% em números redondos.” (disponível em http://www.bndes.gov.br/SiteBNDES/export/sites/default/bndes_pt/Galerias/Arquivos/empresa/pesquisa/SubprojetoI_PIF.pdf)

  23. O post, bem como os comentários, nos deixam evidências que corroboram para as conclusões dos fatos estilizados debatidos em Mishkin. No Brasil tanto estudos para período imediatamente pós-real até mais recentes sugerem que o financiamento no mercado de capitais ainda é incipiente e vão ao encontro do sexto fato estilizado, com uma tendência de somente grandes corporações terem acesso fácil ao financiamento de suas atividades por esse mercado. Isso pode se dar pelo fato de o mercado de capitais brasileiro não ser desenvolvido, mas se muito disso for verdade, esses fatos estilizados não se confirmariam para a economia dos Estados Unidos. Como já comentado por alguns colegas, os intermediários financeiros tem grande peso no padrão de financiamento das empresas e mais especialmente nos países em desenvolvimento, um agente relevante para o financiamento da atividade produtiva são os Bancos de Desenvolvimento, como o BNDES.

  24. Conforme apresentado no post, as empresas brasileiras tendem a levantarem recursos externos nos intermediários financeiros, onde a taxa de juros do Brasil toma conta do cenário, e, quando comparada com as taxas de juros de outros países, a SELIC é realmente elevada. No entanto, devido a esse fato, isso nos faz pensar nos custos de capital, tanto o próprio quanto no de terceiros, pois o que seria menos custoso para a empresa, emitir ações ou capitar recursos dos intermediários financeiros (no caso de empresas S.A.) ? O artigo do Instituto Assaf oferece ferramentas para entender melhor esses custos de capitais. E, em sua conclusão, evidencia-se a ocorrência disso no Brasil devido ao fato que o mercado acionário brasileiro ainda não é bem desenvolvido como nos demais países.

    Clique para acessar o artigo_rausp_custo_capital_no_brasil.pdf

  25. Seguindo o raciocínio do João Augusto Stoffalette Clara, encontrei um artigo que mostra os perfis e a participação de cooperativas no financiamento de micro e pequenas empresas (http://www.uniprimecentral.com.br/upload/file/pagina/anexo_16_file1_atuacao-das-cooperativas-de-credito-no-ambito-das-mpe-no-brasil.pdf), e outro que fala que as cooperativas “…oferecem diversas opções de produtos e serviços, como cartões de crédito e seguros, com taxas e juros reduzidos. Também garantem a empreendedores, de vários segmentos, acesso a recursos financeiros para empréstimo, investimento e capital de giro, em condições especiais” (http://www.sebraemercados.com.br/cooperativas-de-credito-impulsionam-micro-e-pequenas-empresas/). Reforçando o fato de que o BNDES não tem a importância que as cooperativas de crédito possuem para o desenvolvimento das micro e pequenas empresas.

  26. Uma possível explicação para o fato de que as empresas brasileiras se financiam principalmente por meio de intermediários financeiros é que o mercado de capitais é muito pouco desenvolvido no Brasil, por isso haveria pouca procura pelos papéis oferecidos. Como alternativa elas poderiam ofertar seu papéis no exterior, porém o risco cambial estaria envolvido, reduzindo o interesse por esses papéis. No caso da emissão de ações, por exemplo, se houver pouca procura pelas ações, ela poderá ter um deságio que causará um impacto negativo sobre o resultado da empresa.
    Como os financiamentos feito por intermediários financeiros possuem mais garantias, as incertezas são reduzidas facilitando captação de recursos por esse meio, que é mais amplo e desenvolvido no Brasil do que o mercado de capitais.
    Atualmente, a classificação de risco do Brasil foi rebaixada pelas agências internacionais de rating, dificultando a captação de recursos no exterior pelas empresas brasileiras.

  27. Sendo atendido o interesse da colega Flavia, e afim de complementar o trabalho do grupo com a informação de quais são os principais bancos que realizam empréstimos a empresas no Brasil. Segue a lista realizada pela revista exame em 2014 dos 15 bancos que mais emprestam nessa condição:
    1 – Itaú Unibanco 300 762,4 milhões
    2 – Banco do Brasil 243 004,9 milhões
    3 – Bradesco 160 032,8 milhões
    4 – Caixa 137 329,0 milhões
    5 – Santander 114 111,3 milhões
    6 – Safra 60 441,0 milhões
    7 – HSBC Bank 42 429,0 milhões
    8 – Votorantim 18 244,4 milhões
    9 – ABC Brasil 16 902,0 milhões
    10 – BTG Pactual 13 843,5 milhões
    11 – Banrisul 12 869,8 milhões
    12 – Banco do Nordeste 10 017,8 milhões
    13 – Pine 9 920,4 milhões
    14 – Mercedes-Benz 9 720,9 milhões
    15 – Citi Bank 4 115,3 milhões
    Vale ressaltar que se o BNDES estivesse nessa lista, ocuparia a 3ª posição com 187,8 bilhões em empréstimos subsidiados e concordando com a tese do grupo de apesar do volume significativo do BNDES em fornecer créditos de investimento produtivo no longo prazo, as demais instituições financeiras possuem um papel fundamental para emprestar recursos, mesmo com taxas menos competitivas que a do Banco do Desenvolvimento, como pode ser observado pelo resultado de 300 bi obtido apenas pelo banco Itaú Unibanco.
    Referência:
    http://exame.abril.com.br//revista-exame/noticias/quem-mais-empresta-dinheiro-para-empresas-no-brasil/lista
    http://www.gazetadopovo.com.br/economia/bndes-empresta-r-1878-bilhoes-em-2014-4u8mo93g80dcxyk8y0t1fu42t

  28. De acordo com o mencionado no artigo e até mesmo nos comentários acima o mercado brasileiro evidencia vários dos fatos estilizados abordados por Mishikin. Quero destacar aqui exatamente os três abordados no texto que marcam claramente o exposto no Brasil. Cabe ressaltar, além do já abordado pelos colegas, que esse movimento ocorre não apenas no Brasil, que mesmo tendo um volume de negociações pequeno em relação à bolsas como a americana, por exemplo, apresenta-se como a maior da América Latina com 80% do volume de negócios, como em outros países com mesmo grau de desenvolvimento ou menor. Dado isso percebemos que o crescimento das empresas, destacados pelo seu financiamento e captação de recursos, tende a ser mais fluido em países que tem um sistema financeiro mais bem equilibrado (o que fica claro nos EUA), ao passo que em países como o Brasil o crescimento se torna mais difícil e desafiador. E é o que vemos na prática.

  29. A porcentagem do financiamento que é feito por ações pelas empresas brasileiras parece seguir os outros países de acordo com o gráfico 1. Com mais dados poderíamos fazer um teste de hipótese, mas o p-valor dos 4% do Brasil não seria muito grande levando em consideração apenas essa distribuição do gráfico 1.

  30. A preocupação por acarear fundos e conseguir recursos para realizar investimentos e projetos de expansão é uma preocupação constantes das empresas e é muito interessante observar quais e como são as formas de captação de recurso realizadas por grandes empresas. Uma interessante teoria que se propõe a debater mais sobre este assunto é a Teoria de Pecking Order, inicialmente debatida por Myers (1984), no trabalho “The Capital Structure Puzzle”. Ela afirma haver uma ordem hierárquica de preferência de financiamentos de empresas norte americanas, sendo, primeiramente, financiamento por meio de reversão das reservas de lucros, ou seja, um autofinanciamento, em segundo, por meio de emissão de títulos da dívida da empresa, ou seja, por meio da utilização de recursos de terceiros e, posteriormente, por meio de emissão de ações em mercados mobiliários.
    Essa pesquisa mostra sinergia com a pesquisa realizada por Hackethal e Schmidt (2004) e aqui apresentada pelo grupo. No entanto, é interessante analisar que, se as empresas puderem recorrer aos cofres internos, e não depender de agentes terceiros, elas o irão fazer.

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