Câmbio, Mercados Financeiros, Política Monetária

H-Ecec: Volatilidade da taxa de câmbio nominal

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“A alta volatilidade das taxas de câmbios surpreende muitas pessoas. Há cerca de 30 anos, os economistas geralmente acreditavam que as taxas de câmbio formadas pelo mercado não estariam sujeitas a altas flutuações nos seus valores. Todavia, experiências recentes provaram o contrário. É possível observar dados que comprovam que as taxas de câmbio durante a década de 90 do século passado e início desse século têm sido muito voláteis.”

A abordagem do mercado de ativos para a determinação da taxa de câmbio, esboçada no capítulo 17 do Mishkin, nos dá uma explicação da volatilidade das taxas de câmbio. Como a apreciação esperada da moeda doméstica afeta o retorno esperado dos ativos domésticos, as expectativas sobre o nível de preço, inflação, barreiras comerciais, produtividade, importação, exportação e a oferta de moeda desempenham funções importantes na determinação da taxa de câmbio.

Quando as expectativas sobre qualquer uma dessas variáveis mudam, e elas mudam com frequência, o modelo apresentado por Mishkin indica que o retorno esperado dos ativos domésticos e, por consequência, a taxa de câmbio, será imediatamente afetada.

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A volatilidade da taxa de câmbio também se vincula com a volatilidade de outras variáveis. Um viés é atribuído em relação à instabilidade da taxa de juros de economias emergentes, uma vez que esses países incorrem em escolher se devem manter grande a variabilidade na taxa de câmbio ou na política monetária por meio da taxa de juros. Nesta perspectiva, embora se permita certo grau de variação em ambas, os governos preferem manter a taxa de câmbio mais estável, o que culmina na permissão da variabilidade da taxa de juros para que isso seja garantido (CALVO; REINHART, 2000).

No caso dos BRICS, embora seja possível delinear semelhanças nos países, inclusive enquadra-los como economias emergentes, os regimes cambiais adotados por eles são diferentes. A China administra o câmbio de forma a manter quase fixa sua moeda frente a uma cesta internacional de moedas. O Brasil, Rússia, Índia e África do Sul, por sua vez, são caracterizados por operarem regimes de câmbio flutuante.

A figura abaixo evidencia a evolução da taxa de câmbio nos BRICS à luz da recente crise financeira mundial, permitindo destacar sinais de diferentes graus de intervenção nas taxas de câmbio destes países.

 

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Dos países que adotam o regime de câmbio flutuante, observa-se valorização da moeda doméstica em relação ao dólar até meados de 2008, quando um movimento de desvalorização tomou forma e manteve-se até o início de 2009. Posteriormente, as taxas de câmbio destes países voltaram a registrar valorização, ao passo que na China, onde o regime cambial é administrado, houve tendência de lenta valorização do câmbio até julho de 2008. Destaca-se no caso da moeda chinesa que houve pouca alteração significativa, o que pode ser justificado pela política de compra de dólares.

Após o final de 2008, percebe-se que as moedas de cada país do grupo sofreram desvalorização, enquanto a China sofre baixa valorização, destoando do padrão dos demais BRICS. A moeda brasileira registrou grande impacto da crise, considerando o movimento súbito mais intenso entre os BRICS, seguido pela África do Sul e a Rússia. Desta forma, destaca-se menor “turbulência” no caso da China e da Índia, em que se registram movimentos mais suaves na resposta da taxa de câmbio. Por um lado, a baixa volatilidade da taxa de câmbio da China não surpreende devido ao regime de câmbio administrado, mas, por outro lado, o fato da Índia conduzir uma taxa de câmbio flutuante e ainda registrar estabilidade similar ao da China, embora em sentido de valorização opostas, ganha destaque.

A administração da taxa de câmbio na China tem sido possível, portanto, tanto pelo enorme volume de reservas internacionais, quanto da existência de controles na entrada e saída na conta de capitais, sobretudo através de proibições e limites quantitativos (PAULA, 2005).

REFERÊNCIAS:

  1. MISHKIN, Frederic. The Economics of Money, Banking and Financial Markets – 10th edition. Boston: AddisonWesley, 2009.
  2. ESTUDO PÓS-KEYNESIANO DO COMPORTAMENTO RECENTE DA TAXA DE CÂMBIO NOS BRICS Leandro Vieira Lima Araújo Lívia Carolina Machado Melo Luana Naves Ferreira Silva.(https://s3.amazonaws.com/acadex.articles/Articles/56dc40a45c68c1e60f634dfe-fileIdentified.pdf)
  3. Calvo, Guillermo A. and Reinhart, Carmen M. Fear of Floating. NATIONAL BUREAU OF ECONOMIC RESEARCH, 2000. (http://www.nber.org/papers/w7993.pdf)”

31 comentários em “H-Ecec: Volatilidade da taxa de câmbio nominal”

  1. Desde o ano de 1999, o Brasil utiliza o sistema de câmbio flutuante. Porém, ocorrem constantes intervenções do Banco Central do Brasil no mercado de câmbio. Estas intervenções são feitas através de operações de compra e venda de dólares (mercado a vista ou futuro) e tem por objetivo evitar a desvalorização ou valorização excessivas desta moeda estrangeira. Logo, podemos dizer que o Brasil adota um sistema de câmbio flutuante, porém com certo controle governamental.
    O BC possui algumas ferramentas para intervenção no câmbio:
    a) Swap Cambial: Por meio dos contratos de “swap cambial”, o BC realiza uma operação que equivale à uma venda de moeda no mercado futuro (derivativos), o que reduz a pressão sobre a alta da moeda.
    b) Venda Direta: A vendas diretas de dólar são feitas no mercado à vista – ou seja, é dinheiro entrando no mercado.
    c) Leilões de Linha: Os leilões de linha também são feitos por meio da venda de moeda norte-americana no mercado à vista, com recursos das reservas internacionais brasileiras. No entanto, há o retorno dos dólares ao Banco Central nos meses seguintes. Como retornam às reservas cambiais, o BC considera que essas operações não impactam as reservas cambiais. Os leilões de linha tendem a reduzir a pressão pela alta da moeda. Isso porque, com mais dólares no mercado, seu preço tende a ficar menor.

    1. Além dos instrumentos listados pelo colega Gabriel, existe uma outra intervenção do Banco Central Brasileiro que é chamada de “Swap cambial reverso”, na qual o objetivo é conter a queda da cotação do dólar relativa à moeda nacional. Essa ferramenta é usada para conter, dentre outros motivos, desvalorizações cambiais bruscas e proteger os agentes que tem na exportação sua fonte de renda principal.

      Isto é, quando um quando um investidor pretende realizar uma operação de swap cambial reverso, ele troca a o retorno do CDI pela variação cambial. Isto é, em linguagens mais correntes, o BC fica “comprado” no dólar, ganhando com a variação cambial, e “vendido” na taxa Selic.

      Informações mais detalhadas sobre essa operação podem ser encontradas nos seguintes links:

      http://www.infomoney.com.br/mercados/cambio/noticia/4870659/que-leilao-swap-reverso-qual-seu-impacto-preco-dolar

      https://www.bcb.gov.br/glossario.asp?Definicao=1680&idioma=P&idpai=GLOSSARIO

  2. Em relação ao caso brasileiro, podemos afirmar a utilização das metas de inflação como âncora nominal, assim o comprometimento da economia e do Banco Central para a estabilidade da inflação, via uma estabilidade e controle das taxas de juros, ainda sobre o caso brasileiro afirmamos que o principal instrumento monetário é o Open Market, quando o banco central realiza uma operação para intervir a controlar à taxa nominal de câmbio, um efeito irá ocorrer no mercado de monetário gerando uma talvez futura necessidade de realização de uma política monetária, e assim um desgaste para o controle das taxas de juros da economia. Como exemplo: uma política de redução da taxa de câmbio nominal, para favorecer as importações, irá causar um redução nas reservas internacionais e desta forma uma redução na base monetária, o efeito da redução da base monetária pode ser exemplificada por um aumento nas taxas de juros nominais e em consequência um aumento na oferta de títulos e um aumento nas reservas não emprestáveis da economia, em conclusão gostaria de destacar a fuga do compromisso inicial de estabilidade das políticas monetárias via uma variável cambial.

  3. Como apresentado no artigo, a primeira impressão em relação ao regime cambial da China, transmite a impressão que o regime de câmbio fixo é a melhor escolha para qualquer país quando se tem um enorme volume de reservas internacionais. Que esse regime cambial têm o poder de controlar a inflação, é indiscutível. Mas, em contrapartida, há uma hora em que os países não conseguem mais ter controle sobre o câmbio e a realidade vem à tona em situações críticas, revelando os países em situação caótica. Já o câmbio flutuante, embora haja o lado inflacionário, ele não deixa espaço para a má condução do Governo de política monetária, pois a má condução reflete em um câmbio alto. No Brasil, o principal benefício do cambio flutuante é atenuar os efeitos de crises externas. O câmbio fixo traz a obrigação de defesa da moeda doméstica através de juros.
    Hoje, defendem-se as flutuações sujas, que significa que o dólar continua a flutuar mas dentro de patamares estreitos. O efeito disso seria perdas de reservas no primeiro tempo e flutuações ainda maiores no segundo, quando o BC está enfraquecido.
    No entanto, não há um regime de câmbio ideal para cada país, primeiramente deve-se saber o que se quer de um regime cambial, se deseja-se estabilidade, no curto prazo, o câmbio fixo é indiscutível, mas quando pensa-se no longo prazo, deve-se pensar melhor.
    http://exame.abril.com.br/revista-exame/edicoes/781/noticias/qual-deles-e-melhor-m0044412

  4. A falta de coordenação macroeconômica nos países pode ser uma das muitas causas de divergência e flutuações de preços e taxa cambial, afetando o comércio e a alocação de investimentos. A falta de harmonia nas políticas macroeconômicas afeta o comércio internacional e suas transações. Um aumento na volatilidade da taxa de câmbio leva exportadores e importadores avessos ao risco a reduzirem sua oferta e demanda de bens comercializáveis pois se deparam com um risco adicional em relação aos lucros externos. Por exemplo, quando fazemos uma análise do câmbio como sendo unidade de moeda estrangeira por unidade de moeda doméstica, um aumento no preço doméstico irá diminuir a taxa de câmbio, já que haverá um excesso de oferta de ativos nessa economia, ocasionado pelas expectativas racionais. Podemos observar também a relação inversa existente entre câmbio e importação, pois um aumento das importações fará com que o câmbio caia, pela grande quantidade de produtos ofertados nessa economia. Ou seja, a flutuação do câmbio gera grande impacto nos mercados como um todo.

  5. A taxa de câmbio pode ser considerada um importante instrumento de política econômica, uma que, entre outras coisas, afeta toadas as operações realizadas com o exterior. Entre outras coisas, ele afeta a competitividade das mercadorias do país (o que influencia nas importações e exportações), no crescimento econômico, na rentabilidade dos títulos estrangeiros (o que influencia a taxa de juros e os fluxos financeiros), na estabilidade dos preços, entre outros, como dito no texto do grupo.
    Em muitos meios de comunicação é comum se ouvi que os movimentos da taxa de câmbio, ao longo de um dado período, geram ganhadores e perdedores (como no caso em que o dólar se torna desvalorizado em comparação a moeda estrangeira, em que se diz que o exportador “saí ganhando”, uma vez em que a rentabilidade de seus embarques aumenta) e que a cotação tem um preço fundamental de sinalização, em que direciona os incentivos para a compra ou a venda no exterior.
    Contudo, a volatilidade exacerbada da taxa de câmbio pode fazer com que todos “saíam perdendo”, uma vez que diminui a capacidade de previsão dos agentes de, por exemplo, de realizar previsões adequadas de seu futuro ou de calcular custos esperados, causando perda de eficiência.
    Algumas causas possíveis da atual instabilidade podem ser a incerteza envolvendo o momento considerado adequado pelo Banco Central americano, para começar a aumentar a taxa de juros dos Estados Unidos e o atual quadro doméstico, com baixo crescimento.
    http://econforreal.blogspot.com.br/2015/10/impactos-da-volatilidade-da-taxa-de.html
    http://www.gazetadopovo.com.br/opiniao/artigos/cambio-flutuante-estabilidade-e-crescimento-c0ycxlx1j0qte2c4ysyrwsnri

  6. Como já fora mencionado anteriormente, a estabilidade da China na questão do câmbio nominal em relação aos outros países apresentados se deu devido ao grande volume de reservas internacionais.
    A explicação para o acúmulo de reservas não foge do estudo apresentado na teoria do livro-texto: com o rápido crescimento da produtividade e sua pequena inflação em relação aos Estados Unidos, o valor da moeda aumentou no longo prazo, levando, consequentemente, ao aumento do retorno esperado e aumento da demanda. Nesse contexto, o Banco Central Chinês se envolveu em compras em massa de ativos americanos, resultando em sua posição de maior detentor de títulos do governo americano no mundo.
    Todavia, essa atitude do Banco Central Chinês tem desvantagem, umas que tem o potencial de desenvolver altas taxas de inflação no futuro. Independente disso, a China mantém o acúmulo de reservas como uma cesta que pode ser vendida para comprar moeda doméstica no caso de um ataque especulativo contra a moeda no futuro.

  7. Uma curiosidade sobre o mercado futuro de câmbio em paralelo com a relação da expectativa de produtividade e o câmbio (exposto na figura) é o Payroll americano. Este é considerado uma das peças mais importante dos dados econômicos dos EUA, pois as variações da folha de pagamentos oferece ampla visão da economia. Nos dados, valores superiores aos esperados devem ser considerados como positivos para o USD, enquanto que valores inferiores aos esperados devem ser considerados como negativos para o USD. Na última sexta feira (07 de outubro de 2016), saiu o relatório mais recente e houve um realizado menor do que a projeção, e em questão de minutos o Dólar futuro sofreu variações abruptas. Outro exemplo do tamanho do impacto dessa notícia sobre as expectativas dos agentes e, portanto, no mercado é a seguinte notícia, que o título fala por si só.
    http://www.infomoney.com.br/mercados/acoes-e-indices/noticia/5086343/minuto-payroll-destroi-mes-trabalho-fed-veja-reacao-mercado-imagens

  8. Um dos fatores principais que está por trás da inclinação acentuada observada no gráfico “Taxa de Câmbio Nominal Efetiva – Brasil” a partir de meados de 2014 é a expectativa de inflação. Observou-se, no período, uma desvalorização considerável do real (R$) frente à várias moedas, momento a partir do qual, a título de ilustração, o Brasil assistiu o preço do dólar americano (US$) subir até chegar a níveis até então nunca alcançados (os inesquecíveis R$4!). Tais expectativas de alta, como bem sabemos, foram em parte causadas pelo momento político em que o Brasil se encontrava, às vésperas de uma eleição para presidência cheia de manifestações do público contra o governo até então vigente, principalmente pela possibilidade de reeleição.

    1. É importante destacar que durante esse tempo a variação cambial foi muito impactada por efeito manada, especulação e mudanças de expectativas exageradas do cenário econômico, portanto, essas variações afetaram apenas as taxas cambiais de curto prazo, não impactando no longo prazo. Como podemos ver a taxa de câmbio se estabilizou comparativamente à época comentada.

    2. Diante da dimensão política, vimos de 2008 a 2010 uma variação positiva das reservas internacionais brasileiras, o que foi apontado nas eleições de 2014 como uma proteção contra a alta volatilidade das taxas de câmbio. Brasil e Rússia apresentam padrões semelhantes do ponto de vista de flutuação do câmbio, muito embora as reservas internacionais russas estejam sendo consumidas perante o momento crítico da economia. A expectativa de inflação tem papel preponderante no comportamento do câmbio no curto prazo e de fato, ela tem se estabilizado recentemente.

  9. No trabalho de Cerqueira (2013), ele estudou que existe uma relação entre a volatilidade da taxa de câmbio real efetiva e as flutuações da taxa de juros real e nominal no Brasil. Mais especificamente, houve evidência de que a variância da taxa de câmbio real efetiva é afetada pelos choques defasados na média e na variância da taxa de juros. Considerando que o regime de metas para a inflação no Brasil tem como principal instrumento a fixação da taxa SELIC, os resultados deste trabalho sugerem que a volatilidade cambial no Brasil possivelmente teve sua dinâmica afetada pela regra de política monetária adotada no período analisado.

    http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-80502013000300006

  10. O mercado de câmbio, como qualquer outro mercado de ativos tal como o mercado de ações, demonstra uma volatilidade de preços significativa, e as taxas de câmbio são reconhecidamente difíceis de se prever.
    Uma razão a mais para a alta volatilidade das taxas de câmbio é o overshooting de taxa de câmbio, um fenômeno no qual a taxa de câmbio cai mais no curto prazo do que no longo prazo quando aumenta a oferta de moeda. Uma outra maneira de pensar como ocorre o overshooting de taxa de câmbio é entender que, quando a taxa de juros doméstica cai no curto prazo, o equilíbrio no mercado de câmbio determina que o retorno esperado sobre os depósitos estrangeiros deva ser mais baixo. Dada a taxa de juros estrangeira, tal retorno esperado mais baixo sobre depósitos estrangeiros significa que deve haver uma valorização esperada da moeda doméstica (desvalorização da moeda estrangeira) para que o retorno esperado sobre depósitos estrangeiros decline quando a taxa de juros doméstica cair. Isso pode ocorrer somente se a taxa de câmbio atual cair abaixo do seu valor de longo prazo.

  11. Para postar o comentário dessa semana, pesquisei sobre a opinião dos economistas liberais sobre a os modelos adotados da taxa de câmbio. Como comentado em sala, os que seguem essa linha no MainStream, acredito que há menos falhas no mercado do que nos governos.
    Segundo essa linha de pensamento, o melhor modelo a ser adotado por um país em desenvolvimento e com um governo sem grande credibilidade seria a adoção de um Currency Board. Para os adeptos a essa linha de pensamento esse os países resolveriam os problemas com inflação, juros e câmbio, adotando esse tipo de modelo cambial.
    Segue o link para quem quiser entender melhor :

    http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=2196

    1. Muito bem observado!
      Seguindo essa linha dos países em desenvolvimento, a realidade vem nos mostraan que taxas de câmbio flutuante não funcionam bem para os mesmos, que possuem um longo histórico de instabilidade monetária ou política, e cujo Banco Central não é visto como confiável. Nestes países, a qualquer sinal de novas instabilidades, a taxa de câmbio não flutua; ela afunda.

      1. ainda mais no caso brasileiro, onde o país enfrentou grave crise política, e a descredibilidade das políticas do banco central, somada a alta nos juros ocasionado pela alta inflação, afeta não só a taxa de câmbio como o setoer industrial, nesse artigo mesmo ele menciona que com a desvalorização cambial, também perde a garantia da volta de investidores internacionais. Destaco a frase “Em um regime de câmbio flutuante, instabilidades políticas e econômicas são imediatamente transferidas para a taxa de câmbio, intensificando ainda mais os desarranjos da economia.”

  12. No capítulo 17 de Mishkin também é citado (numa das partes de aplicação da teoria) que para analisarmos a causa da volatilidade das taxas de juros – e seu efeito sobre o câmbio – precisamos pensar na equação de Fisher e entender se essa causa vêm de mudanças na taxa de juros real ou na expectativa de inflação, sendo que cada uma determinaria movimentos opostos na taxa de câmbio. Dado o caso brasileiro apresentado nos gráficos e a realidade de altas constantes na inflação, podemos entender o porquê da desvalorização da moeda. As expectativas de inflação vêm com a tendência de alta, isso afeta negativamente as taxas nominais de juros, fazendo com que o retorno relativo esperado dos ativos domésticos caia, assim como a demanda por eles e, por consequência, há a desvalorização da moeda, fato que explica a realidade brasileira.

    1. Esse de fato é um ponto importante a ser observado, mas não podemos restringir somente à ele, visto uma leve valorização do real frente ao dolar nos últimos tempos mesmo com um aumento da expectativa de inflação. Outro ponto a ser destacado, também expresso no livro do Mishkin, é que o impacto da taxa de juro real de fato é relativamente alto na volatilidade do cambio. Porém, a volatilidade do câmbio se torna mais difícil de prever quando a há dificuldades para distinguir a taxa de juros real da nominal.

  13. Todos sabemos que fatores como a taxa de juros doméstica e internacional, demandas de importação e exportação, produtividade esperada, entre outras, têm uma relação direta com a volatilidade da taxa de câmbio, como bem vimos no artigo. Porém, existem outras variáveis que devemos nos atentar quanto a esse tema. Duas delas, por exemplo, são o crescimento da economia de um país e sua relação com a taxa de câmbio ou então a taxa de câmbio vista nos países que são seus parceiros comerciais. Quando se têm uma grande volatilidade nos países parceiros, esta pode se refletir internamente, afetando negativamente na economia desse país.
    Um aspecto importante, também a se salientar, é que a alta volatilidade na taxa cambial pode se tornar um instrumento poderoso de arbitragem. Isso não é bom para o mercado financeiro e nem para o país. Esse processo gera instabilidade e afeta no crescimento e desenvolvimento da economia de um país. Relacionado a isso vem uma possível explicação do porquê a economia chinesa mantem estável o seu câmbio. Ela tem uma grande quantidade de reservas, advindas do grande volume de transações que faz, e isso gera estabilidade, impactando diretamente em investimento, produção, exportação e importação.
    Fontes: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-80502014000400005
    https://books.google.com.br/books?id=ueTO9KA9mTAC&pg=PA68&dq=volatilidade+da+taxa+de+cambio+na+china+comparado+com+a+do+brasil&hl=pt-BR&sa=X&ved=0ahUKEwjo6Pnn7tjPAhVEjJAKHf43B2sQ6AEIJzAA#v=onepage&q=volatilidade%20da%20taxa%20de%20cambio%20na%20china%20comparado%20com%20a%20do%20brasil&f=false

  14. Sobre o caso brasileiro, acredito ser interessante falar sobre o Crawling – Peg do câmbio, também conhecido como Minidesvalorizações cambiais, uma variação do câmbio fixo ajustável. Essa política consistia em desvalorizar a taxa de câmbio nominal em itervalos frequentes e a taxas pequena, corrigindo a taxa de câmbio pelo valor da diferença entre a inflação doméstica e a inflação internacional (critério da PPP). A ideia do crawlig-peg é administrar pequenas mudanças nas taxas de câmbio evitando mudanças abruptas no valor da moeda doméstica, preservando seu Poder de Compra e sua competitividade no comércio internacional. Exemplificando o regime de forma mais empírica, o BC estabelecia um limite de alta e a queda do câmbio. Se o valor do dólar estivesse muito alto, além do patamar estabelecido como limite, o BC injetava dólares na economia, fazendo o seu preço baixar. Para isso, eram utilizadas as reservas internacionais em dólar do país.
    http://g1.globo.com/economia/mercados/noticia/2016/06/como-funciona-o-cambio-no-brasil.html
    https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/4290/000409753.pdf?sequence=1

  15. Para explicar a volatilidade tão alta das taxas de cambio, podemos usar o fenômeno chamado de overshooting de taxas de câmbio. Este demonstra o efeito do movimento de queda da taxa de câmbio no curto prazo sendo maior do que no longo prazo, diante de um aumento de oferta de moeda. Isto, somado as expectativas (que podem mudar a qualquer momento conforme novas notícias são publicadas), que afetam a apreciação da moeda, já citadas no início deste texto, pode-se explicar as oscilações encontradas nas taxas de cambio uma vez que são relacionadas com os retornos esperados sobre depósitos estrangeiros. Dessa forma, ao não levar em conta as expectativas de mudanças como fonte dos movimentos das taxas de cambio a previsão da volatilidade seria defasada.
    No artigo inserido logo abaixo do comentário, tem-se a discussão da volatilidade cambial sobre a diversificação das exportações brasileiras. Ao longo do texto, o autor cita o efeito negativo da volatilidade sobretudo para países em desenvolvimento como o Brasil; efeitos como por exemplo, a dependência a exportação mais concentrada dada pela volatilidade do cambio, podendo aumentar consequências negativas frente a choques exógenos ou também afetar a taxa de crescimento econômico para baixo.

    Clique para acessar o i7-c0c9c3334594b36ba6c9ccb8d7e1251a.pdf

  16. Com o fim do sistema de Bretton Woods, quando o câmbio passou de fixo para flutuante, grande parte da literatura busca detectar os efeitos da volatilidade cambial sobre os fluxos comerciais, considerando a margem intensiva do comércio, ou seja, o volume monetário, e não levando em consideração à margem extensiva (número de produto). O artigo em questão de Carmo e Bittencourt apontam que o aumento na volatilidade da taxa de câmbio causa a diminuição da margem extensiva do comércio internacional, ou seja, há um efeito negativo.
    A margem extensiva do comércio internacional é definida pelo nível de produtividade das firmas e pelo custo de entrada no mercado internacional. Com um aumento da volatilidade cambial, o custo fixo também aumenta, assim como o nível de produtividade requerido. A consequência disso é que, as firmas dadas como menos produtivas, se retiram desse comércio, reduzindo o número de produtos comercializados pelos países.

    http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-41612014000400006

  17. A administração do câmbio, é uma variável extremamente importante para a gestão da política monetária (ao passo que não impeça a atuação do banco central, ditado pelo trilema de política econômica) além de ser essencial para auxiliar o esforço do crescimento econômico nos países.
    O texto do grupo deixou bem claro como cada país do BRICs admistra seu câmbio: Brasil e Rússia operam regime de flutuação administrada, dadas as frequentes intervenções no câmbio, a China opera regime de câmbio altamente administrado, ficando muito perto de câmbio fixo e a Índia é o único país dos BRICs que, mesmo com a crise, operou um regimecambial com flutuação limpa.
    Ainda sim, é importante evidenciar o nível de intervenção que cada um desses países realizou no câmbio, principalmente depois do período da crise e quais consequências essas intervenções geraram a cada uma das nações.
    Um estudo realizado pelo CNI (Centro Nacional da Indústria), entitulado de “Regimes cambiais dos BRICs revelam diferentesn graus de intervenção no câmbio” do ano de 2010, desenvolveu um índice para detectar esse grau de intervenção.
    Como resultado, as evidências foram: o yuan registou valorização gradual nos últimos anos deforma bastante lenta devido a uma política de crescimento econômico impulsionado pelas exportações, a China intervém maciçamente no
    mercado cambial deixando o yuan artificialmente desvalorizado. A forte intervenção da taxa de câmbio chinesa está se dando à custa de expressivas compras de dólares pelo Banco Central chinês, que como citado por diversas pessoas aqui nos comentários, possui a maior reserva internacional mundial. Já a Índia é o país que opera um regime cambial de forma mais livre entre os BRICs. E por fim, o Brasil e a Rússia são países que promovem flutuação administrada do câmbio, de forma a não deixarem o câmbio flutuar livremente, como na Índia, e não utilizarem câmbio fixo, como na China.
    Portanto, é interessante ver como empiricamente os resultados indicados pelo índice são verdadeiros.

  18. A tabela acima no texto mostra o que acontece com a taxa de câmbio dado as mudanças em algumas variaveis como a taxa de juros de ativos domesticos. Para ficar mais claro de como essas variaveis tem efeitos sobre a taxa de câmbio, vamos levar em consideração a formula do retorno relativo que é igual a taxa de juros dos ativos domesticos menos a taxa de juros de ativos estrangeiros mais a variação da taxa de câmbio. Dado que o maior retorno relativo irá aumentar a demanda por ativos domesticos, este consequentemente irá gerar um deslocamento da demanda para direita e assim a taxa de câmbio de equilibrio irá aumentar a taxa de câmbio. Portanto mudanças em variaveis como juros sobre ativos domesticos, irão aumentar o retorno relativo e consequentemente aumentando a taxa de juros, um outro exemplo apresentado na tabela é o aumento na demanda por importação, este irá gerar uma valorização da moeda estrangeira, diminuindo o retorno relativo e assim diminuindo a demanda por ativos domesticos, este por fim ira gerar uma taxa de cambio de equilibrio menor.

  19. Para análise do caso brasileiro, podemos ressaltar e lembrar que, no período que vai do ano de 1999 até 2006, o Bacen brasileiro utilizou diversos instrumentos para intervenção no mercado cambial: taxas de juros e intervenção no mercado spot (compra e venda de moeda estrangeira no mercado á vista), e até títulos públicos indexados ao dólar e derivativos de câmbio, como swaps cambiais. Em alguns períodos, essas intervenções adicionaram ainda mais volatilidade à taxa de câmbio, e em outras, visaram reduzir essa volatilidade.
    O que fez suas intervenções alcançarem os resultados de diminuir a volatilidade da taxa de câmbio pode ser entendido, em partes, pela adoção do regime de metas de inflação e um sistema de câmbio flutuante. Medidas tais que proporcionaram que o Bacen sinalizasse melhor sua politica monetária, aumentando a eficácia dos instrumentos de intervenção cambial.

    link: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0034-71402011000100005&script=sci_arttext

  20. A atual abordagem a respeito das taxas de câmbio sugere a importância das expectativas sobre as variáveis como níveis de preços, produtividade, barreiras comerciais, exportação e importação e como elas influenciam na volatilidade da taxa no curto prazo. Assim, quando a expectativa sobre qualquer uma dessas variáveis é afetada, o que ocorre com frequência, temos variações cambiais. Como os antigos modelos de taxa de câmbio não consideravam as expectativas a volatilidade era menor e por isso não são mais utilizados.
    O caso Chinês é interessante já que eles não tiveram os mesmo problemas que Brasil, África do Sul e Rússia justamente pela adoção do câmbio fixo. Nesse caso, o investidor não se preocupa com o risco da taxa de câmbio variar, porém surge a dependência de reservas em dólares. No capítulo 18 temos um tópico que fala justamente sobre as aquisições em massa de reservas internacionais pela China (atingiu a marca de três trilhões de dólares).

  21. Focando um pouco no caso brasileiro, sabendo que o Banco Central influi indiretamente no mercado de câmbio utilizando derivativos ligados ao preço futuro do dólar e de que a sua política é pouco intervencionista, já que ele não demonstra incursão direta na compra e venda de dólares, acredito de que um dos maiores fatores para a taxa de câmbio brasileira possuir variações maiores do que a dos outros países é a incerteza gerada nos mercados graças ao casos de corrupção que banham a imprensa estrangeira. Acredito que haja esta relação já que foi a partir de 2013 que os brasileiros começaram a participar mais ativamente da política nacional e,sendo assim os casos de corrupção ganharam muito mais foco, e é a partir deste ano que a moeda brasileira apresenta uma maior volatilidade.

  22. No início dos anos 70, com a ruptura do acordo de Bretton, vários países passaram a adotar o sistema de câmbio flutuante. Como consequência, esses países passaram a experimentar alta volatilidade na taxa de câmbio. O Brasil, por exemplo, adotou o câmbio flutuante em 1999. Desta forma, é interessante comentar como essa volatilidade cambial pode afetar o crescimento dos países. Como os países emergentes têm histórico de inflação alta ao longo de sua história, o efeito da volatilidade sobre o crescimento tende a ser maior. Com alta volatilidade cambial, a pressão inflacionária viria dos reajustes dos produtos importados. As autoridades monetárias tornam-se obrigadas a aumentar as taxas de juros para conter a inflação, comprometendo, entretanto, a performance de crescimento ao desestimular as decisões de investimento.
    http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-31572011000400002

  23. Alguns estudos como o realizado pela revista Reuters no primeiro trimestre deste ano, indica que a volatilidade do dólar deve seguir perturbando o planejamento das empresas exportadoras, pois essas oscilações tão grandes podem trazer custos de oportunidades e prejuízos financeiros insuportáveis aos que elegerem o caminho errado. O drama é semelhante aos das empresas que dependem de insumos importados, mas nesse caso, afetando os custos de produção. A administração de risco na economia, portanto, vem sendo contaminada pela predominância de incertezas que exigem uma habilidade estratégica ímpar de previsão e diligência. Soma-se ainda a indefinição do Banco Central, que até o passado recente era o farol dos navegantes, contudo sua política de swap cambial, ele vem confundindo o mercado quanto às diretrizes de sua atuação no câmbio.
    http://www.srrating.com.br/news-1/imhutnvn153/Volatilidade-da-taxa-de-c%C3%A2mbio-agita-mar-de-incertezas

  24. Encontrei um artigo interessante a respeito da eficácia das intervenções do Banco Central sobre a volatilidade da taxa de câmbio nominal no Brasiç, disponível em http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-71402011000100005: “Este artigo tem como objetivo analisar a eficácia dos instrumentos de intervenção utilizados pelo Banco Central do Brasil sobre a volatilidade condicional da taxa de câmbio nominal. Como ferramenta de intervenção, o Banco Central do Brasil utiliza instrumentos padrões da literatura, tais como taxa de juros e intervenções no mercado spot,e intervenções pouco usuais como títulos públicos indexados ao dólar e derivativos de câmbio como swaps cambiais. Modelamos a volatilidade condicional da taxa de câmbio por meio do modelo E-GARCH de Nelson e CAo (1992). Utilizamos base de dados diária da taxa de câmbio nominal e das intervenções para o período de janeiro de 1999 a setembro de 2006. Nossos resultados mostram que em todos os períodos, inclusive nos períodos com crise cambial, alguma forma de intervenção afetou a volatilidade condicional da taxa de câmbio nominal.(…) Os resultados sugerem que a política de intervenção do câmbio foi eficaz a partir da crise cambial do primeiro semestre de 1999.(…) Acreditamos que o Banco Central tenha após a crise cambial de 1999, implementado um conjunto de políticas macroeconômicas consistentes que permitiram que as intervenções no mercado cambial sinalizassem melhor para o mercado sua futura política monetária”

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