A taxa básica de juros é o principal instrumento de política monetária usada pelos bancos centrais. No Brasil, a taxa de juros, chamada Selic, é determinada nas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (Bacen).
A Selic corresponde à taxa de juros nominal de curto prazo da economia brasileira. Ela funciona como mecanismo de controle da inflação. Atualmente, a meta de inflação fixada pelo governo é de 4,25% a.a.
Além de mecanismo de equilíbrio, a taxa de juros é importante porque serve de referência para o custo de crédito no país e influencia outras taxas, como as de empréstimo, financiamento e aplicações financeiras. Para exemplificar, a queda da taxa torna os empréstimos mais baratos, incentivando a obtenção de crédito pelos agentes econômicos. Em caso de aumento, com o crédito mais caro, os agentes tendem a poupar mais, comprando títulos.
Atualmente, a taxa brasileira é de 6,5% ao ano, o que a coloca entre as mais altas do mundo. Ao determiná-la, o Copom leva em conta os indicadores da atividade econômica e os cenários nacional e internacional, bem como as expectativas dos agentes econômicos.
Embora seja considerada elevada, a taxa brasileira encontra-se em seu menor patamar histórico. No gráfico abaixo, é possível acompanhar sua evolução desde a crise de 2007-2008:
Observa-se a oscilação da taxa brasileira no período, a qual atingiu seu pico no intervalo de julho de 2015 a agosto de 2016 (14,25%) e seu patamar mais baixo no período de março de 2018 (6,5%) até então.
Em janeiro de 2009, o Brasil reduziu sua taxa. Isso aconteceu porque a crise de 2008, ocorrida por causa da alta especulação no setor imobiliário americano e do aumento e depois queda desenfreados dos preços dos imóveis, afetou não só os EUA, mas países do mundo inteiro.
No período de 2011 a 2013 a Selic teve uma queda de 10,75% para 7,25%. Isso ocorreu devido às políticas governamentais de incentivo à produção. Já no período seguinte, 2013 a 2015, com o aumento da inflação decorrente da política de administração dos preços dos combustíveis e de energia, o “tarifaço”, o Bacen foi obrigado a elevar a taxa de juros, de 7,25% para 14,25%. No período de 2016 a 2018, com a troca do governo, a queda do consumo (crise econômica), reestruturação do Bacen e a supersafra, a inflação foi contida e viabilizou o corte da taxa de juros, que atingiu 6,5%.
Já nos países desenvolvidos, podemos notar uma tendência geral de baixa na taxa de juros após a crise. Ao contrário do Brasil, onde houve variação positiva dentro do período considerado, nesses países a taxa se manteve próxima de zero por bastante tempo.
Nos últimos anos, porém, tem-se iniciado um movimento de alta. Isso se explica pelo objetivo de conter uma eventual pressão inflacionária decorrente do aquecimento do mercado americano. Podemos observar essa evolução nos gráficos abaixo, referentes às taxas dos Estados Unidos (Fed), do Reino Unido (BoE) e da União Europeia (ECB).
Quando deseja desaquecer a economia, o governo retira dinheiro de circulação por meio da venda títulos públicos, incrementando seu rendimento com o aumento da taxa de juros. Quando pretende aquecê-la, ele faz o inverso, compra títulos, diminuindo a taxa de juros e elevando a liquidez da economia, o que pode pressionar a inflação.
Nesses países com mercados financeiros mais estruturados, as políticas monetárias com base na taxa de curto prazo afetam pouco no crescimento da economia. No gráfico 4, percebe-se que a taxa de juros na zona do Euro encontra-se em 0% desde 2016. Quando isso ocorre, o banco central não pode mais estimular a economia por meio da redução da taxa de juros. Desse modo, são utilizadas outras políticas econômicas como, por exemplo, o “afrouxamento quantitativo” que consiste na compra de outros tipos de ativos. Após a crise de 2008, esses países passaram a utilizá-la com o objetivo de recuperar suas economias.
Referências:
• BLANCHARD, Oliver. Macroeconomia. 5. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2011.
• https://www.bcb.gov.br/publicacoes/atascopom/cronologicos
• https://g1.globo.com/economia/noticia/2018/12/19/bc-dos-eua-sobe-juro-pela-quarta-vez-no-ano.ghtml
• https://g1.globo.com/economia/noticia/2019/01/30/banco-central-dos-eua-mantem-taxas-de-juros.ghtml
• https://www.nexojornal.com.br/expresso/2017/12/06/Qual-a-trajet%C3%B3ria-da-Selic-at%C3%A9-seu-ponto-mais-baixo-na-hist%C3%B3ria
Grupo I – Macro 2019